quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Começo do Fim

É inevitável resenhar sobre isto. Como fã da série (dos livros, acima de tudo, apesar de gostar dos filmes), me sinto na obrigação de fazer uma resenha sobre Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1, EUA, 2010). Mas acima de tudo, quero deixar registrado que minha visão e opiniões a respeito deste filme podem ser consideradas ligeiramente parciais. A história criada por J.K. Rowling fez parte da minha infância e adolescência e não tenho a pretensão de me considerar totalmente imparcial a respeito do assunto. Vale ressaltar que o texto a seguir irá conter informações específicas sobre a trama do filme (spoilers). Se pretende ver o filme e quer se surpreender, não leia.
É de se esperar que um filme que começa com a cena de uma garota apagando-se da vida e memórias de seus próprios pais para protegê-los de uma guerra, e termina com uma cena de morte, seja um bom filme, no mínimo. E é. Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, dirigido pelo experiente David Yates, pode ser considerado o melhor filme da série Harry Potter até o presente momento, ainda mais após o desastre que foi seu predecessor, Harry Potter e o Enigma do Príncipe.
Por meio de atuações excepcionais de todo o elenco, incluindo os jovens que cresceram frente às câmeras para tornar a série de filmes uma realidade, um roteiro rápido e dinâmico com cenas de ação, drama e comédia e uma direção focada em seus pontos fortes, além de uma boa trilha sonora e efeitos especiais bem construídos, o filme mostra o potencial de toda uma equipe de artistas de ponta, jovens atores inclusos, assim como seus mestres.
A trama se desenvolve ao redor de Harry Potter (dã). Após a morte de seu mentor, Dumbledore, no filme anterior, o mundo mágico finalmente é obrigado a aceitar a verdade: o poderoso Lorde Voldemort retornou. E trouxe com ele uma guerra que ameaça a todos, bruxos e trouxas (pessoas sem poderes mágicos). A cena inicial é dividida na visão dos personagens principais: Harry, Rony e Hermione - Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson, respectivamente - e logo em seguida indo para uma cena em que Voldemort - o inacreditavelmente bom Ralph Fiennes que mostra todo o seu talento na pele do psicótico bruxo sem nariz - se reúne com seus seguidores. De início vale destacar o bom trabalho de Emma Watson em toda a produção: está mais linda do que nunca e mostra a que veio já na primeira cena de que participa. Vale também destacar as participações pequenas, mas extraordinárias de Alan Rickman como Severo Snape e de Jason Isaacs como Lúcio Malfoy. Estes grandes atores são quase figurantes, mas ainda assim deliciam o espectador despertando os sentimentos certos por seus personagens.
A história se desenvolve na busca de Harry e seus amigos pelas chamadas Horcruxes (pedaços da alma de Voldemort que têm que ser destruídos para que o mesmo possa ser derrotado); na fuga contínua dos três amigos, visto que estão sendo caçados por todo mundo agora que Voldemort assumiu o Ministério da Magia; e na busca do próprio Voldemort por um objeto que só é revelado e obtido ao final do longa-metragem. À medida que ataques são realizados e personagens começam a tombar em batalha, percebe-se logo que o clima deste filme é diferente: mais sombrio, rápido, sentimental. Diferencia-se dos anteriores que mostravam uma história de aventura pueril do início da adolescência e passa a mostrar os perigos da maturidade. Harry e seus amigos já não são mais crianças e isso fica totalmente explícito.
Apesar de haver ação em boa parte do filme, assim como romance e comédia (muitas e muitas cenas engraçadas), a cena que se destaca mesmo é a invasão de Harry, Rony e Hermione ao Ministério da Magia com a aparência de outras pessoas (vale conferir a atuação dos três atores mais velhos durante esta cena), em busca de uma das Horcruxes. A cena que ocorre em seguida é tensa e rápida e o espectador quase se sente sendo perseguido junto a eles.
Ao final, torna-se claro o motivo de a história de um livro ter sido dividida em dois filmes. É claro que a história já é rápida e corrida, o que agrava o sentimento de perseguição constante, mas ao se propor a fazer apenas um filme, David Yates iria apenas desagradar aos fãs e estragar o desfecho da história. Não havia solução: teriam mesmo que ser dois filmes. E tal decisão se provou certa. Sobrou tempo nas mais de duas horas da produção para inserir piadas e ótimos efeitos visuais que se encaixaram com perfeição à trama, incluindo a belíssima história das Relíquias da Morte, feita com maestria inteiramente em efeitos gráficos.
Apesar de ter lido todos os livros da série (mais de uma vez), não gostei do livro final. Não achei o desfecho de J. K. Rowling digno de uma série tão boa e, talvez por isso fui ao cinema sem esperar nada. Foi uma surpresa agradável. É dificíl criar um filme incrível de um livro ruim, mas Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 chega perto. Bem perto. Vale pelas ótimas atuações, cenários, boas cenas de ação, diálogos afiados, roteiro bem conduzido e pela boa trilha sonora. Este é o sétimo filme feito a partir dos livros de Harry Potter e é, até agora, o melhor. Vale a pena conferir, principalmente porque, como diz o cartaz de estréia, é o começo do fim.
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1". Título original: "Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1". Ano: 2010. Nacionalidade: EUA. Diretor: David Yates. Roteiro de: Steve Kloves. Produzido por: David Barron, David Heyman. Estrelando: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Bonnie Wright, Tom Felton, Helena Bonham Carter, Jason Isaacs. Música de: Alexandre Desplat. Duração: 146 min. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 9,5/10.

2 comentários:

  1. Aew cara, gostei mto da resenha, mto foda. Mas já que pode ser imparcial, aí vai: li uma crítica da Veja, daquela mulher a Isabella Boscov, que detestou o filme. Apesar de discordar dela bastante, admito que, conforme ela disse, dividir o livro em duas partes, tira um pouco do impacto geral do término da maior saga da literatura juvenil da história. Contudo, das duas uma: ou seria feito um filme com mais de 3 horas, com significativos cortes na trama, ou que ele fizeram. Prefiro o que eles fizeram. Agora, ainda acho difícil fazer um filme bom de um livro ruim. E é na segunda parte que a coisa desanda. De qualquer maneira, vale a pena conferir ;D.

    Ah, pra qm nos segue, ou que está visitando pela primeira vez, confiram em breve, minha resenha do filme A Rede Social, a avaliação dos indicados ao Globo de Ouro 2010 e minha seleção das 10 melhores trilhas sonoras do ano!!! ;D

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  2. Bom, como eu disse na resenha era inevitável fazerem dois filmes, considerando que é o desfecho da história e respostas tem de ser dadas. É claro que positivamente, isso permitiu que Yates "despediçasse" cenas com momentos divertidos e bonitos (ainda acho que a história das Relíquias da Morte, feita totalmente com efeitos gráficos está muitíssimo boa). Veremos se a continuação consegue alcanças as expectativas dos fãs (e as minhas).

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