quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O primeiro e futuro rei


Não é preciso pensar muito para se lembrar dele quando o assunto é feiticeiros ou magia. De imediato  um dos primeiros nomes que vem à mente é o do mais notório feiticeiro que já existiu (aproveito o gancho para falar de sua série recentemente finalizada lá no Reino Unido), Merlin.
Aproveito também para abrir um parênteses aqui, pois acho curioso o fato de hoje o nome Merlin ser conhecido mundialmente por seus feitos quando na época todos o conheciam por seu nome druida, Emrys, isso porque quando a história se inicia, a magia é proibida e os feiticeiros, caçados. Tudo isso, é claro, segundo a releitura das lendas arthurianas feita pela produção veiculada no canal BBC.
Para quem não conhece, a série se iniciou em 2008, apresentando um camponês de nome Merlin (o ótimo ator Colin Morgan), que chega a Camelot e tem de esconder seu dom para a magia uma vez que o rei, Uther Pendragon (o brilhante Anthony Head), proibiu seu uso e tem o hobby de caçar e condenar à morte todos os feiticeiros. Não demora muito e o jovem Merlin acaba por conhecer o jovem príncipe e futuro rei, Arthur Pendragon (o sempre divertido Bradley James). Não vou dar spoilers, mas Merlin acaba se tornando servo do príncipe, sendo obrigado a lavar suas roupas, alimentar e cuidar de seu cavalo, arrumar seu quarto e preparar suas refeições, uma vez que se destino é proteger e ajudar o jovem da realeza a criar um reino livre e poderoso onde a magia é aceita.
Outros personagens que valem ser mencionados são: a (futuramente muito importante) serva Gwen (Angel Coulby) por quem Arthur se apaixona e que trabalha para a excelente e linda Morgana Pendragon (a incrível e belíssima Katie McGrath), além é claro do médico da corte, Gaius (Richard Wilson), do jovem druida Mordred (inicialmente Asa Butterfield e depois, Alexander Vlahos) e do dragão (cuja voz é feita por John Hurt). Fora eles, vale ressaltar os fiéis cavaleiros de Camelot: Sir Leon (Rupert Young), Sir Gwaine (Eoin Macken), Sir Percival (Tom Hopper), Sir Elyan (Adetomiwa Edun), Sir Lancelot (Santiago Cabrera), entre alguns outros.
No decorrer das cinco temporadas, a série evoluiu muito. Uther acaba por ser substituido pelo filho Arthur. Morgana evolui de boa moça para a grande vilã da série, mostrando que, na verdade, o papel de boazinha é uma ofensa à Katie McGrath, tamanha é a loucura que consegue colocar em seu olhar. Até mesmo Gwen evolui de serva submissa a amiga/paixonite do príncipe e, posteriormente, sua rainha. Mas a grande tranformação que vemos é na relação Arthur/Merlin. O bromance dos dois é lendário e uma das coisas mais divertidas que já vi em seriados. Enquanto Merlin mantêm Arthur vivo com sua magia, usando-a em segredo, a amizade dos dois se torna um laço forte de companheirismo e isso apenas nos preocupa quanto ao momento em que o rei descobrirá sobre a magia do servo.
Depois de cinco anos acompanhando a série, o final chegou. E os espetaculares Colin Morgan e Bradley James me obrigaram a jurar comprar os DVDs desta série assim que possível. A fotografia das séries britânicas sempre é um espetáculo à parte e Merlin até mesmo supera esta marca em alguns momentos. Ponto também para a trilha sonora e para os efeitos visuais, quase sempre à altura de grandes produções hollywoodianas. Vale comentar ainda da maquiagem simplesmente extraordinária que transformou Colin Morgan em um velho centenário de barbas e cabelos brancos, que assume o alter-ego Emrys (os melhores episódios contam com sua presença envelhecido: é simplesmente espetacular e hilário). Divertidíssimo!
O series finale foi visto mundialmente no feriado de natal (dia 25/12/2012, se não me engano) e logo vi comentários criticando a conclusão dada à série. Admito que não me satisfez totalmente também, mas achei um final digno para uma boa série. Isso porque é uma adaptação de uma das mais variadas lendas da história humana. Uma lenda que conta a história de dragões falantes, espadas mágicas, espíritos de mulheres vivendo em lagos, magia, feitiços e muito mais, apenas para contar sobre o nascimento de um dos mais poderosos reinos e, posteriormente, países da história da humanidade.
Essa é a história do nascimento do Reino Unido, o que nos leva a crer que ao menos tangencia a verdade dos acontecimentos sobre o primeiro e futuro rei da Bretanha. Por isso é que os produtores podiam ter apressado a trama para que tudo de importante não ficasse nos últimos dois episódios da série. Foi um bom final? Foi, mas ficou muito denso, pesado, corrido e cansativo, com as coisas acontecendo de forma extremamente rápida. Achei um desperdício pra uma série tão legal e, embora tenha fechado bem, poderia ser melhor. Com mais tempo, o final poderia ter sido espetacular, ao invés de apenas uma boa ou uma ótima conclusão. Foi um final digno, sim, mas apenas não o suficiente.

sábado, 24 de novembro de 2012

Contos de Mestre





Acho extremamente complicado resenhar coletâneas de contos, no entanto, cá estou eu. A parte mais dificil, creio eu, é a própria dificuldade que encontro ao ler um livro feito de contos: quando a história finalmente engrena, ela acaba; e voltamos àquela sensação de frio no estômago/preguiça de começar uma história nova por talvez não ser tão boa quanto a anterior. Isso também gera um certo cansaço mental de ter que se acomodar a toda uma nova gama de personagens, situações, universos. Mas quando temos a agradável surpresa de ler um conto melhor do que o outro, tudo isso meio que cai por terra, para de importar, é esquecido.
A coletânea a que me refiro foi montada com contos do Joe Hill (o filho do Stephen King e autor de A Estrada da Noite) e se chama Fantasmas do Século XX. Segundo o Wikipédia, essa mesma coletânea ganhou grandes prêmios como Prêmio Bram Stoker de Melhor Coleção de Ficção, o Prêmio Britânico de Fantasia (British Fantasy Award) por Melhor Coleção e o Prêmio do Guia Internacional de Horror (International Horror Guild Award) na categoria Melhor Coleção. E devo dizer: cada prêmio é muito merecido! Se tem algo que eu - como fã incondicional do Stephen King - posso dizer, é o seguinte: talento para a escrita deve ser hereditário.
Mas ao contrário do rumo que seu pai tende a dar à suas histórias, Hill não se prende unicamente no terror, no bizarro, no sobrenatural ou nos banhos de sangue e inúmeros cadáveres. Não. Hill sabe fazer tudo isso, mas também sabe ser sensível, leve, divertido, tocante.
Reunindo 15 ótimos contos, que variam da fantasia ao terror homicida, Hill mostrou a que veio e não decepcionou. Óbvio que não vou comentar todos os contos, então optei por alguns que mais me marcaram durante a leitura para comentar brevemente, tentando não dar spoilers. And here we go: um dos contos iniciais do livro é o Pop Art - um conto de fantasia delicioso de ser lido. Caracterizado por ser leve, delicado e sensível, o texto pode ser comparado a um dos protagonistas da história, Art, que tem uma rara doença e, por isso, é um boneco inflável. Sim, você leu certo, caro leitor, um boneco inflável vivo que simplesmente irá esvaziar até a morte caso seja furado. A sensibilidade de Pop Art é tal, que me senti observando uma obra de arte em um museu: as curvas que o texto cria, as voltas, a superficie. É quase como se nós, leitores, pudéssemos ver aquilo acontecendo, sendo criado em um universo onde muitas coisas são possíveis. A sensação que tive ao término era que acabava de acordar de um incrível sonho. Me sentia leve, como se pudesse simplesmente voar.
O conto A capa, por outro lado, mostra o quão psicótico Hill pode ser. Me provou que ele é, de fato, filho de seu pai. Conta a história de um menino que um dia descobre que a capa que usa para brincar tem o poder de fazê-lo flutuar no ar. E tem um dos finais mais surpreendentes da coletânea, tanto que meu queixo caiu ao terminar, tamanho o meu choque.
Creio, no entanto, que o conto que realmente explicita ao leitor o quão bom Hill é e o quão incrível ele ainda vai ser é o conto A máscara do meu pai. Este é o conto mais macabro, assustador, poético, bizarro, tocante e sem sentido que li em muito tempo. Conta a história de um menino de 13 anos que é levado pelos pais a um chalé no meio da floresta, pois uma corretora está indo avaliar os bens deixados pelo avô recém-falecido. Como um típico adolescente, Jack preferia estar passando um tempo com os amigos, mas não teve escolha. A mãe, para distraí-lo, o envolve em uma brincadeira sobre estarem sendo perseguidos por alguém que quer especificamente capturá-lo. Acostumado às brincadeiras da mãe, Jack não lhe dá ouvidos até que chegam ao chalé. Um chalé totalmente decorado por máscaras de todos os tipos e modelos e que, segundo a mãe, são o único jeito de protegê-los de quem os persegue. Não sei o motivo, mas este foi o conto que achei mais belo e estarrecedor no livro. Creio que seja porque, visualmente, a ideia das máscaras foi a mais bela e delineada para mim. E o final? U-A-U-!
Hill já faz um sucesso moderado lá pelos States, embora só esteja chegando ao Brasil recentemente. Mas marquem minhas palavras: este autor (nem-tão-novato-assim) vai ser grande. Provavelmente vai ganhar o título de Mestre de alguma coisa, assim como o pai. Ele tem o dom das palavras e sabe usá-lo para deixar a nós, leitores, de queixo caído e cara de bobos. E, muitas vezes, isso é tudo que se pode querer.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Top 5 Séries (de Livros) de Fantasia Medieval

Em homenagem ao Dia Nacional dos Livros (que foi dia 29 de outubro), venho postar o meu ranking super especial de Séries (de Livros) de Fantasia Medieval. Sim, fiz uma compilação das minhas cinco séries favoritas desse gênero (com o mínimo de spoilers possível - geralmente apenas do 1º livro) que tem se tornado a cada dia um sucesso maior, não só no Brasil como ao redor do mundo. Então sem mais enrolação, vamos ao Top 5 de Fantasia Medieval:


TOP 1: As Crônicas do Gelo e Fogo de George R. R. Martin

Resuminho: A história se inicia com a chegada do Rei Robert Baratheon à Winterfell, cidade mais importante do Norte, governada pelo seu grande amigo e defensor do Norte, Eddard Stark. A Casa Stark descende dos antigos reis do Norte e como uma das mais respeitáveis e antigas casas de Westeros (o país onde se passa grande parte da história, também conhecido como os Sete Reinos) tem o dever de proteger o Norte, que inclui a Muralha - litaralmente um muro de gelo de mais de 200 metros de altura que protege Westeros de misteriosas criaturas que vivem no congelado e desconhecido Norte. Rei Robert pede ao velho amigo Ned Stark para ir para a capital Porto Real para servir na corte como seu braço direito - a Mão do Rei. Depois de relutar, Stark aceita e é aí que começa todo o conflito, pois Robert acaba morrendo e uma enorme guerra eclode na tentativa de decidir que assumirá o Trono de Ferro.

É desnecessário dizer o quão divertida é a série de livros criada por George Martin, visto que é uma das séries de fantasia de maior sucesso que já vi, e mais ainda nos últimos anos. Para quem não sabe, isso aconteceu basicamente com o lançamento da série de TV do canal americano HBO, chamada Game of Thrones. Para se ter noção do alcance da série (de livros), o crítico literário Damien Walter, do jornal inglês The Guardian, a comparou às obras de Homero, Sófocles e William Shakespeare.

Segundo a sempre confiável Wikipédia (-not), a série começou a ser escrita em 1991, começando a ser publicada lá nos EUA em 1996. Até o momento, cinco dos sete livros já foram escritos e publicados e o sexto tem previsão do autor de ficar pronto lá pra meados de 2014 ou 2015. Então temos algum tempo para aproveitar e discutir sobre o assunto. São dezenas de personagens contando a história de sua perspectiva única e pessoal, o que imediatamente humaniza todo e qualquer vilão ou herói tornando-os não mais do que humanos. Não há personagens exclusivamente bons ou maus, há personagens mais ou menos honrados ou egoístas. A parte da fantasia é bastante definida em certos momentos, mas não em outros. Da mesma forma que há dragões, magia, profeciais e cadáveres que se levantam, há todo um contexto político de diversas Casas e clãs em uma batalha pelo cobiçado Trono de Ferro. Algo que é bastante original na série de Martin é a sua forma de contar a história por meio de PdV (pontos de vista), sendo que cada capítulo consiste na narração em primeira pessoa de um personagem diferente, em estilo de revezamento. É uma série excelente e, embora seja gigantesca, dúvido muito que alguém se arrependa de mergulhar em sua história.

Pontos fortes: George Martin é um psicopata sanguinário que não têm limites no que se refere a matar e trucidar os próprios personagens. Isso é lindo. É uma história sobre a guerra e ninguém está seguro, nem mesmo as crianças, nem mesmo os protagonistas, nunca se sabe quem é o próximo a morrer. A história é extremamente envolvente e as tramas políticas são tão bem trançadas que também nunca sabemos em quem podemos confiar na corte. Depois de um tempo, o leitor acaba ficando tão paranóico quanto os personagens, vendo sombas com adagas atrás de cada esquina e isso é simplesmente espetacular.

Pontos fracos: Na minha opinião é o uso indiscriminado da tática acima. Sim, matar protagonistas é o ponto forte E fraco. Chega a um ponto em que você torce, reza, chora e implora para que aquele personagem não morra. E é claro que não adianta nada. Outro ponto fraco é a mudança brusca de PdV's, pois quando a história daquele personagem está realmente engrenando e ficando empolgante, mudamos para outra pessoa. É claro que isso é uma tática esperta para manter o leitor preso, e funciona, mas ao mesmo tempo é cansativa. Em outras palavras, os pontos fracos não são tão fracos assim, nada que desmereça a obra.


TOP 2: A Crônica do Matador do Rei de Patrick Rothfuss

Resuminho: Essa série conta a história de Kvothe, um arcanista (o termo usado na história para quem usa simpatias, ou magia) bastante conhecido por seus atos. A história se passa em dois tempos: o primeiro é quando Kvothe conta a história de sua vida ao Cronista (história essa que levará três dias para ser contada - um livro para cada dia) e o segundo é a narrativa em si, em primeira pessoa. Depois de se tornar extremamente conhecido por seus atos, Kvothe desapareceu no mundo até ser rastreado pelo Cronista até uma pousada que abriu para levar uma vida tranquila. Lá o escritor o convence a contar sua história: ele é o último integrante de uma antiga tribo de artistas itinerantes conhecidos como os Eduna Ruh - vistos pelas pessoas como bandidos e mendigos -, isso porque sua tribo foi exterminada em um ataque, sendo ele o último sobrevivente. Os responsáveis são um misterioso e temido grupo chamado de O Chandriano (um grupo de guerreiros demoníacos), os quais as pessoas evitam até mesmo pensar ou pronunciar o nome, tamanho o medo que inspiram. Obcecado pelo grupo, Kvothe decide descobrir mais sobre o assunto além de se aprofundar no estudo de simpatias, então vai à Universidade - a grande escola de arcanistas. É claro que até conseguir chegar lá, passa fome, mendiga, rouba e vive nas ruas, tentando ao máximo encontrar em jeito de alcançar seu sonho. Depois de muitos problemas, ele chega à Universidade para encontrar um mundo de desafios ainda a serem vencidos.

Essa trilogia é sem dúvida alguma uma das mais incríveis histórias que já tive o prazer de ler. Apesar de apenas dois dos livros já terem sido lançados (o terceiro ainda está sendo escrito), estou obcecado pela forma como Rothfuss descreve tão detalhadamente a história de Kvothe que não há outra palavra para descrevê-la: épica. O fato é queé fácil e simples se apaixonar pela construção universal que Rothfuss criou. O (maldito do) autor é bastante talentoso e criativo, criando toda uma nova visão dos nomes dos objetos (tal qual no Ciclo A Herança), na forma como conhecer tais nomes influencia as simpatias e na utilização de alquimia, runas e simpatias em si como forma de encarar o mundo.
Ha todo um universo de lendas, religião e histórias de fogueira por trás das histórias de Kvothe. Um universo tão amplo que é uma pena que o autor não queira aprofundar em outras vertentes e desenvolver ainda mais a história para além de apenas três livros.

Pontos fortes: Rothfuss é extremamente descritivo e detalhista, quase criando uma pintura mental da história. Mesmo assim, em nenhum momento a leitura se torna lenta ou truncada, muito pelo contrário: a leitura flui com uma beleza quase poética. É apaixonante! Essa trilogia é ainda mais rica em termos de contrução do que a série de George Martin, na minha opinião. Portanto, está empatada em primeiro lugar no ranking, juntamente com a série de livros anterior (a coloquei como segunda favorita apenas por motivos de organização e por ter menos livros, o que é uma pena). Os personagens que convivem com Kvothe (e ele próprio) são muito interessantes e divertidos de se acompanhar, é inevitável o leitor acabar gostando deles e virando um fã. Aprovo as cenas de conteúdo sexual/erótico no segundo livro (O Temor do Sábio), pois por mais leves que sejam, são necessárias para a formação do personagem. E cá entre nós, não são nada explícitas.

Pontos fracos: Inicialmente, por serem apenas três livros e não uns 20: ponto muito negativo (;D). Falando sério agora, me incomoda, às vezes, os rumos que a história toma. Claro que isso não é um defeito, faz parte da história, mas é que tenho a impressão que Kvothe é tão poderoso e impressionante que me decepciono com algumas atitudes humanas dele (isso seria algo bom, não?). Tô confuso se isso é algo bom ou não, fica a anotação, de qualquer forma. Embora não seja condescendente com seus personagens, creio que falte ao autor um pouquinho do sangue frio de George Martin na hora de escrever a história, pois a violência é sutil e bela, sim, mas faz falta algo mais tangível em um livro adulto como este.
"I have stolen princesses back from sleeping barrow kings. I burned down the town of Trebon. I have spent the night with Felurian and left with both my sanity and my life. I was expelled from the University at a younger age than most people are allowed in. I tread paths by moonlight that others fear to speak of during day. I have talked to Gods, loved women, and written songs to make the minstrels weep. You may have heard of me." – Kvothe.

 

TOP 3: Ciclo A Herança de Christopher Paolini

Resuminho: Dragões! Hahahaha, isso basicamente resume a “trilogia de quatro livros” de Christopher Paolini. A história começa no livro Eragon, com um jovem fazendeiro chamado Eragon (dã), de 15 anos, encontrando uma grande pedra na floresta durante uma caçada (na verdade, a "pedra" é mandada magicamente para ele). Inicialmente pensando que é algum tipo de pedra preciosa, logo o jovem descobre que é um ovo de dragão quando este choca para ele, nascendo uma fêmea de dragão que é nomeada de Saphira. À medida que o dragão cresce vamos descobrindo mais a respeito da Alagaësia, reino onde se passa a história. Descobrimos que os Cavaleiros de Dragão eram um antigo grupo que mantinha a ordem em todo o reino até que foram traídos por um de seus membros - o Cavaleiro Galbatorix -, quando este enlouqueceu com a morte de seu dragão. Tendo o pedido de ter outro dragão recusado, Galbatorix convence outros 13 Cavaleiros (posteriormente chamados de Os 13 Renegados) a se juntarem a ele, rouba um dragão recém-nascido e o enfeitiça para obedecê-lo (seu nome é Shruikan e ele enlouquece devido aos feitiços), mata inúmeros Cavaleiros, levando a Ordem à beira da extinção e assume o trono da Alagaësia como rei e soberano, roubando os últimos três ovos de dragão e os mantendo em cativeiro (Saphira era um desses ovos, sendo roubada e caindo nas mãos de Eragon). Devido à ligação entre Cavaleiros e Dragões, estas pessoas ganham a habilidade de fazer magia e viver centenas de anos (imunidade à idade, mas não a ataques ou doenças), além de poderem se comunicar telepaticamente com seus dragões. Assim, Eragon e Saphira se tornam a única esperança de salvar a Alagaësia do domínio psicótico do rei, uma vez que são os únicos Cavaleiro e dragão livres (e até onde se sabe, ela é o único dragão vivo além de Shruikan). Assim, com a ajuda do contador de histórias Brom, do espadachim Murtagh e da elfa Arya, vão procurar os Varden que são um grupo de rebeldes que tenta tirar o ditador do trono.

E esse é um belo de um resumo. A história é muito mais complexa do que isso, acreditem em mim, incluindo na narrativa elfos, anões e Urgals (uma raça de guerreiros temidos que lembram os orcs de Tolkien). Quando vamos lendo, é divertidíssimo descobrir sobre o território da Alagaësia junto com Eragon, que nunca saiu de sua vila, Carvahall, onde morava com o tio e o primo Roran. Os cenários são incrivelmente ricos e bem descritos e quase sempre com magnitudes impressionantes para meros humanos (isso porque sempre temos como parâmetro de comparação os dragões). Eu achei particularmente fácil entrar na história. paolini é um bom escritor e realmente te prende ao livro.

Vale lembrar ainda de personagens fortes como Nasuada (de quem virei fã), Angela (que é simplesmente tão divertida por ser completamente louca e misteriosa) e Solembum (o mais do que complexo menino-gato). Isso sem falar na belíssima rainha dos elfos, Islanzadi, no sempre companheiro Orik e nos grandes mestres Brom, Oromis e Glaedr. A forma como Roran cresce de um simples rapaz de fazenda a um guerreiro respeitado por todos os Varden é excepcional de se ver. Martelo Forte sem dúvida se destacou no livro.

Pontos fortes: Considerando que o Paolini escreveu o primeiro livro aos 15 anos (sim, você leu certo, 15 anos), Eragon é surpreendentemene bom. A série vai crescendo à medida que se avança nela. Eu, pelo menos, tive a impressão de que o protagonista amadureceu, mudou e cresceu no decorrer dos quatro livros e isso é ótimo. Gosto da forma puramente platônica pela qual Eragon demonstra estar apaixonado pela Arya: é bonito de ver, e estranhamente realista com aqueles momentos embaraçosos que nós, meros mortais, conhecemos tão bem de nosso dia a dia. A criação da Língua Antiga como forma de controlar a magia é especialmente criativa e bem construída. Gostei da forma como os nomes fazem a diferença, tanto por significar a essencial, como por invocar a magia.

Pontos fracos: À primeira vista, o final "em aberto" da série. Não sei o que eu esperava, mas embora a conclusão tenha sido satisfatória, me deixou com gostinho de quero mais e mal posso esperar para que Paolini volte a este mundo, nem que seja com outros personagens (fica a ideia: que tal acompanhar um novo Cavaleiro alguns anos após o final de Herança?). Achei uma pena certos lugares serem tão pouco explorados: como por exemplo Vroengard ou Uru'baen, que tinham muito mais a mostrar caso fossem devidamente explorados.


TOP 4: O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien  

Resuminho: Humanos, hobbits, elfos, anões, orcs, ents, etc, etc. Qual é, quem não conhece a história do mala do Frodo e seu amigo Sam? Mas vamos lá: a história começa quando o mago Gandalf, o Cinzento incumbe quatro hobbits (que para quem não sabe, são uma raça humanóide extremamente amigável com pés enormes e peludos) de participarem de uma expedição para destruir o Anel do Poder - o único Anel que pode controlar todos os demais (no universo da Terra-Média de Tolkien, todas as raças têm Anéis próprios, exceto os hobbits porque não se interessam por magia). O Anel só pode ser destruído nas Montanhas da Perdição que fica em Mordor, o território de Sauron - ex-proprietário, que forjou o Anel e o quer de volta, enviando seus expectros para buscá-lo. Assim, forma-se a Sociedade do Anel, um grupo formado por membros de todas as raças da Terra-Média que partem com o objetivo de destruir o objeto que dá poder ao senhor do mal (Sauron). Os membros que partem inicialmente na expedição são: Frodo, Sam, Merry e Pippin (os hobbits), Aragorn e Boromir (os dois humanos), Legolas (o elfo), Gimli (o anão), além de um mago - Gandalf. E é basicamente isso, depois que eles partem, acabam se separando e blá blá blá, vocês sabem o que acontece.

Como não tive tempo/paciência de ler O Hobbit ou o Silmarillion, comentarei apenas sobre a trilogia principal de Tolkien. Então vamos lá: começando a explicação pelos Anéis:

"Três Anéis para os Reis - Elfos sob manto celeste,
Sete para os Senhores - Anões em seus corredores rupestres,
Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu sombrio trono
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam." - poema sobre os Anéis.

Por causa deste poema, muitas vezes os Anéis são referidos apenas como os Três, os Sete ou os Nove, assim como o Anel de Sauron é chamado de o Um. Isso é importante porque o propósito de Sauron era dominar todos os outros Anéis, usando o Um para abrir para sua visão e controle o pensamento e as vontades daqueles que usavam os outros Anéis. Mas isso não aconteceu, porque logo que Sauron colocou seu Anel, os elfos imediatamente perceberam sua presença em suas mentes e qual era a sua intenção e esconderam os Três. Vou me limitar a essa explicação breve, porque um detalhe da história de Tolkien: é extremamente extensa e detalhada. Ele criou e recriou secúlos de história ficcional, sendo que a narrativa da qual Frodo participa ocorre na Terceira Era. Recomendo fortemente que, se você tem interesse por narrativa de fantasia medieval, passe algumas horas no Wikipédia, pulando de um artigo para outro e descobrindo os nomes de reis anões que morreram séculos antes de Gandalf e seus conpanheiros surgirem.

Moving on, não vou me dar ao trabalho de perguntar porque diabos a Sociedade do Anel inteira não foi voando até Mordor numa das águias do Gandalf e jogou a porcaria do Um Anel no fogo, de uma vez, ao invés de mandarem dois hobbits atravessarem a porcaria do continente à pé (tem um video no Youtube disso - creio que seja final alternativos para filmes. Procurem.), mas sério Tolkien? Sério?

Enfim, claro que isso é só uma piada (então, talvez nem tanto), porque gosto muito da trilogia formada por A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei. E devemos agradecer ao Tolkien pela abertura do gênero lá em meados de 1954, sabendo que a fantasia jamais teria tanto espaço não fosse pela aventura de Frodo Bolseiro. Por isso, fica registrado o meu Muito Obrigado, Velhote! para o autor.

Pontos fortes: O declínio mental de Frodo é uma das partes mais interessantes da trilogia - apesar de ser também uma das mais lentas e, por isso, tediosas. Mas vale como ponto positivo pela construção que isso dá à personalidade da personagem. Pontinho positivo também pela extensíssima criação de universo do Tolkien. Cara, é impressionante o quão complexa é a cultura, lendas e história passada antes da narrativa principal: palmas pro autor por isso!

Pontos fracos: Pra ser sincero, ao ler a trilogia, a sensação que tive era que estava lendo por obrigação: como fã de fantasia, é quase obrigatório ler O Senhor dos Anéis, certo? Pois é, mas algumas partes são tão massantes, mas tanto, que quase abandonei a leitura. Outro detalhe que me incomodou é a inserção de poemas e música pra tuuuuudo. Calma, Tolkien, eu sei que sua história é rica e poética e linda, não precisa mostrar isso a cada duas páginas com um poema élfico de oito parágrafos. Quer um exemplo? Na parte dos Ents (acontece n’As Duas Torres), o Ent Barbarvore vai beber água, ele canta. Ele vai andar, ele canta. Ele para de andar pra pensar, ELE CANTA! Haja paciência, juro (por outro lado, caso você tenha mesmo paciência para ler, são poemas e música muito bonitas, admito).


TOP 5: Rangers: Ordem dos Arqueiros de John Flanagan

Resuminho: A história gira ao redor de Will, um garoto órfão pequeno e frágil, que sempre sonhou em ser um guerreiro, assim como seu pai, mas não consegue devido ao corpo magro e não tão forte. Com 15 anos, Will é recusado para a escola de guerra e, sem habilitades específicas para as outras escolas do feudo, acaba chamando a atenção do Arqueiro Halt, que o aceita como aprendiz. A partir de então, vemos o treinamento de Will com Halt, um dos mais experientes e renomados Arqueiros do reino de Araluen. Nesta história, a Ordem dos Arqueiros é um grupo de elite que treina membros escolhidos a dedo na arte do arco e flecha, além de facas de atirar e camuflagem. Na história também temos o amigo de infância de Will, Horace, que entra na escola de guerra e se destaca por sua habilidade com a espada. Enquanto o treinamento de Will começa, Morgarath - Senhor das Montanhas da Chuva e da Noite - está decidido a tomar o trono de Araluen, não importa o que tenha de fazer. É assim que Halt recebe a missão de evitar o assassinato do Rei Duncan, levando Will com ele. Há muitos outros personagens e histórias, mas para não soltar spoilers, vou me limitar a essa sinopse e parar por aqui.

Para fechar o Top 5 de Fantasia Medieval, venho comentar sobre esta última série de fantasia, escrita pelo australiano John Flanagan. E embora seja para um público mais infanto-juvenil (tô passando da idade, mas ainda dá pro gasto), ainda me diverte mais do que muitos livros que se levam à sério demais. É muito legal notar que os Arqueiros do reino são misteriosos, visto pela população comum os vê como feiticeiros, principalmente por andarem sem serem notados. Além disso, o trabalho de um arqueiro é espionar e levar mensagens de um feudo a outro, aconselhando os nobres e auxiliando as tropas com estratégias de guerra. É por isso que os Arqueiros de Flanagan me parecem uma espécie de espiões medievais misturados com estrategistas de guerra, e por isso são tão interessantes de se acompanhar.

John Flanagan, o autor, contou em entrevistas que originalmente escreveu a história em formato de 20 curtos contos endereçados ao filho Michael. Isso porque o garoto tinha complexo de ser magro e pequeno demais para a idade, então criou-se um personagem com estas características que consegue ser o herói mesmo assim. Devo dizer que sou grato ao Michael e ao pai, pois Rangers é uma história ótima para iniciar alguém à fantasia. Isso porque não há dragões ou elfos. É uma história medieval sobre um grupo de guerreiros bem treinados que se destacam na arte de se camuflar. Oi? Pois é. É quase uma história de espionagem que se passa na Idade Média.

Já são nove livros publicados no Brasil, nove dos contos de Flanagan. E mal posso esperar pelos próximos. E por melhores que sejam, são desapontantemente curtos, alcançando no máximo 200, 250 páginas. Dá até raiva porque tem tanta coisa a ser contada e ele não conta. Pena.

Pontos fortes: Will e Horace são personagens extremamente adoráveis. É impossível não perceber a química entre eles, como amigos de infância que realmente se entendem, se provocam, mas ainda assim, se gostam. Halt é um homem extremamente capaz e único e embora esteja sempre mal-humorado, é divertidíssimo ver o quanto ele se preocupa e gosta do aprendiz.

Pontos fracos: Embora a história em si seja relativamente longa, o autor escolheu contá-la em contos relativamente independentes, o que significa que el não aprofunda realmente em nenhuma das histórias, com excessão, talvez, da primeira, As Ruínas de Gorlan, que nos introduz ao universo. Outro ponto negativo é o fato de os livros serem tãããão curtos. Cara, eu gosto tanto, mas me dá uma dor no coração ler apenas 250 páginas e acabar mais uma história.


Enfim, bitches, este é o meu Top 5 de Fantasia Medieval. Espero que vocês tenham gostado. Me digam o que acharam abaixo, ok? Se concordam comigo, digam como onde e porque; e se não concordam, também. Aceito sugestões de novas séries de fantasia. Estou sempre à procura de coisas novas.

Fui...
 o/

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Quickly update!

Sim, estamos vivos. Desculpem o sumiço, minha gente tão bonita, mas eu e Roberto andamos sobrecarregados ultimamente. Final de ano, entrega de trabalhos sem fim para a faculdade, estágios, projetos, livros. Muita coisa acontecendo e pouco tempo para fazer tudo o que devemos. E olha a boa notícia aí: eu (Guilherme, ah vá) e aquela praga que nunca dá as caras aqui (a.k.a. Roberto) estamos nos embrenhando em um novo projeto que promete ser muito interessante. Fomos convidados para ser colunistas de um portal de cultura nerd. Não é lindo, gente?
O portal é o Who's Geek, que é novíssimo e vai ser muito legal. Deem uma olhada, stalkeiem a gente e whatever. Seremos em cinco pessoas de diferentes idades, falando de assuntos variados sobre essa cultura tão diversificada que é a cultura geek. Não deixem de dar uma checadinha, ok?
Mas não se preocupem, (pelo menos) eu continuarei a postar aqui neste blog. O sumido do Roberto que se manifeste depois sobre o assunto. =)

É isso, gente. Obrigado por checarem. Deem opiniões de assuntos (livros, filmes, séries) que gostariam que eu resenhasse. Tenho algumas idéias, mas vamos ver.

Até. o/

Batalha em novas frentes


Em um mundo que encara a guerra como um passatempo (vide os adorados filmes e jogos de videogame do gênero), ou como uma realidade muito, muito distante, é assustador notar que ela está bem ali, a um pulo do Brasil, do outro lado do oceano Atlântico. Na verdade, não é surpresa que a África é um continente sempre marcado por guerras. Todos sabem que as disputas por riquezas ou territórios devastam a planície africana há mais tempo do que podemos lembrar, mas essa sempre foi uma história que permanecia não contada.

O livro Muito Longe de Casa: Memórias de um Menino-Soldado, escrito por Ishmael Beah, conta esta história em vívidos detalhes. Em alguns momentos, mais detalhes do que podemos suportar. Vale ressaltar que este é um livro autobiográfico e não um livro-reportagem, pois toda a história é contada pelo próprio Ishmael, de seu ponto de vista, e relata fatos ocorridos com ele durante sua adolescência em Serra Leoa. E é necessário dizer: esse livro é simplesmente brilhante.

A história começa com o autor-protagonista aos 12 anos, indo viajar com o irmão e alguns amigos para se apresentar em um show de talentos. Fascinado pelo estilo hip hop americano, os garotos se aventuravam a cantar rap em inglês em concursos e festivais. Estavam em uma dessas viagens quando descobrem que seu vilarejo foi invadido pelos rebeldes. O ano era 1991. Sem poder voltar para casa, começa a buscar a sua família e a de seus companheiros, sem sucesso, viajando incansavelmente e passando por uma quantidade sem fim de dificuldades na estrada.

Em uma terra assolada pela guerra civil e em que jovens rapazes lutam tanto pelo exército quanto pelos rebeldes, alguns adolescentes viajando sozinhos não conseguem evitar a desconfiança que surge por parte da população. É inevitável ser perseguido ou expulso de vilas que surgem pelo caminho, sempre se escondendo da sombra criada pela RUF (Revolutionary United Front, ou Frente Unida Revolucionária). Esta organização é conhecida tanto por sua violência, que não diferencia soldados de civis, quanto por  recrutar jovens garotos para marcá-los com fogo e obrigá-los a integrar suas fileiras de combatentes.

Após se perder do irmão e dos amigos, o autor fica perdido na floresta por semanas antes de encontrar um novo grupo de jovens e se juntar a eles. E então, aos 13 anos, Ishmael é recrutado para fazer parte do exército de Serra Leoa. Por uma questão de sobrevivência acaba indo para a linha de frente, onde chegou a cargo de subtenente e ganhou o apelido de Cobra Verde devido a suas qualidades como soldado - se disfarçar e passar despercebido na selva e por, no caso de ser subestimado, ser letal. Permaneceu no exército até meados de 1996, quando foi retirado de suas funções militares por uma coalizão da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com ONGs, que objetivava afastar meninos-soldados do front.

Nos meses em que passa se reabilitando e tentando voltar a se acostumar à vida em sociedade, Ishmael também tem de enfrentar a abstinência das drogas a que se viciou no seu tempo no exército: maconha, brow-brow (uma mistura de cocaína com pólvora) e anfetaminas que forneciam energia durante o combate. Nessa fase de sua vida, a música volta a exercer imensa influência em sua recuperação, em especial o reggae de Bob Marley.

Após golpe de Estado que depôs o governo legalmente eleito, Ishmael fugiu de Serra Leoa, sendo adotado por Laura Simms que conheceu quando freqüentou o evento chamado Escola Nacional das Nações Unidas para discutir como acabar com a participação infanto-juvenil nas guerras. Hoje, Beah é formado em Ciência Política pela Oberlin College e atua em prol do fim dos meninos-soldados da África e do mundo. Abandonou os campos de batalha e a violência, mas nunca se esqueceu daqueles que lutaram ao seu lado. Agora luta por eles, em uma outra frente de batalha, para mostrar ao mundo tudo o que viveu, objetivando que outra não tenham de passar pelo inferno que ele próprio vivenciou.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Heróis sem nomes e sem rostos

Como já disse anteriormente (aqui), tenho o maior respeito por agentes de inteligência, também conhecidos como espiões. Este é um ramo extremamente arriscado, que quase sempre cobra um alto preço em troca dos resultados obtidos, resultados estes que quase sempre significam a diferença entre a vida e a morte de dezenas ou centenas de civis inocentes. Neste caso novamente, venho provar que minha opinião tão positiva a favor dos agentes da inteligência militar se mostra correta: o livro da vez é o livro-reportagem Os Últimos Soldados da Guerra Fria, escrito pelo renomado jornalista Fernando Morais.

Embasado por 38 entrevistas feitas entre Cuba, Estados Unidos e México entre os anos de 2008 e 2011, o romance de não-ficção conta a história real, e recente, de uma rede de espiões cubanos agindo em Miami, infiltrados em organizações extremistas de direita que causavam atentados terroristas de grande porte e repercussão em território cubano. O objetivo destes extremistas antirrevolucionários era acabar com o regime de Fidel Castro por meio do corte de recursos proporcionado pela atividade turística, que é claramente o que sustenta a ilha, então seus alvos eram especificamente as áreas turísticas e hotéis espalhados por todo o paraíso turístico.

A Rede Vespa, como foi apelidada pelo Departamento de Segurança do Estado (DSE) cubano – a CIA de Fidel Castro -, chegou a contar com 14 agentes agindo sob disfarce em território norte-americano. Os relatórios enviados pelos agentes à Vila Marista – cidade onde se encontra a sede da agência cubana, e que por isso se tornou sinônimo da agência, tal qual Langley para a CIA – ajudaram as autoridades castristas a frustrarem inúmeros atentados à hotéis e pontos turísticos na ilha e poupando inúmeras vidas de turistas inocentes.

Agindo nos Estados Unidos desde 1990, a Rede Vespa agiu incólume até 1998, quando foi desbaratada pelo FBI, mesmo tendo sido descoberta pelo Estado americano em meados de 1995. Dos dez agentes presos em 98, cinco dos agentes que ocupavam a base da hierarquia da equipe fizeram acordos de delação premiada, sendo posteriormente libertados e colocados no Programa de Proteção à Testemunha. Os cinco que lideravam a equipe, e se recusaram a fazer acordos, são eles: Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hernández e Ramón Labañino. O quinto integrante preso, René González foi condenado a 15 anos de reclusão, mas conseguiu liberdade condicional após a publicação do livro. Os outros prisioneiros continuam reclusos até este presente momento, com penas que variam de 15 anos a prisão perpétua.

O livro-reportagem é muito claro ao desmistificar o mundo da espionagem, principalmente ao mostrar que a vida de James Bond não passa de ficção: os verdadeiros espiões cubanos batalhavam por moedas, fazendo bicos e se submetendo a empregos braçais, mesmo tendo diplomas em universidades conceituadas em Cuba ou em capitais da ex-URSS – diplomas desvalorizados em uma época pós-queda do muro de Berlim. Os espiões tinham de se esforçar para alcançar uma parca renda que lhes permitisse continuar sua vida dupla, visto que entraram nos EUA como exilados e fugitivos do regime comunista de Castro.

Desse disfarce surge também o conflito, visto que vários dos agentes foram obrigados a abandonar esposas e famílias na Ilha, todos fiéis e leais apoiadores do regime revolucionário que lidera o país. Vistos como traidores por aqueles a quem amam, os agentes se infiltraram entre os inimigos no intuito de deixar a todos seguros, tanto suas famílias quando o seu governo.

Para que se tenha uma ideia do tipo de terrorismo praticado por essas várias organizações pretensamente pacíficas, darei alguns exemplos de casos ocorridos: era bastante comum aviões civis (do tipo Cessnas) invadirem o espaço aéreo cubano e, mesmo recebendo avisos de que por lei poderiam ser derrubados, despejarem sobre Havana – a capital cubana – panfletos contra Fidel. Isso ocorreu até o episódio em que dois Cessnas foram de fato derrubados pela força aérea de Cuba. Entretanto este é apenas o mais simples e pacífico exemplo do terror a que submetiam o povo cubano: no intuito de espantar os turistas, exilados se aproximavam das praias em lanchas, se aproveitando da curta distância entre o litoral cubano e a Flórida, e disparavam metralhadoras antiaéreas calibre .50 contra hotéis, fugindo para águas internacionais antes que a guarda costeira pudesse chegar. Não bastando, em mais de cinco oportunidades, mercenários da América Central foram contratados para instalar bombas em hotéis, explodindo fachadas e até mesmo ferindo e matando turistas e empregados. E estes são apenas alguns dos muitos exemplos de ações hostis que tentavam ser evitados.

Um fato que merece muito destaque na história contada por Morais é a posição do governo dos EUA com relação às atividades, bastante conhecidas, ao que parece, das organizações anticastristas que operavam na Flórida. Embora não ostentasse apoio claro às atividades terroristas contra Cuba, o governo americano tampouco se impunha frente às ações dos extremistas contrarrevolucionários. Ao invés disso, perseguiram a processaram os agentes que se infiltraram no país visando assegurar o bem-estar de seu próprio povo e nação. Quando presos, os agentes foram acusados de espionar o governo dos Estados Unidos, o que acabou por não se provar na corte, visto que a intenção do grupo era conhecer as estratégias e planos de ataque de entidades extremistas contra Cuba e não informações secretas do governo americano. Vale destacar aqui que o líder da unidade também foi acusado de planejar para matar cidadãos americanos, neste caso os pilotos mortos quando os dois Cessnas foram abatidos em espaço aéreo cubano. Nada foi provado no tribunal, mas é interessante analisar a lógica por trás disso: o agente infiltrado é acusado da morte de quatro pilotos que invadiram espaço aéreo, foram avisados, ignoraram avisos e foram abatidos. Não sei a vocês, mas não me parece ter muito sentido.

Em nenhum momento é segredo a oposição do governo americano ao regime dos irmãos Castro. Embora desde o fim da Guerra Fria – quando Cuba começou a receber apoio da URSS – esse conflito de interesses tenha existido, de forma velada ou não a depender de quem se sentava no Salão Oval da Casa Branca, e isso pode ser notado nas políticas de imigração estabelecida entre os países, a falta de ação da Casa Branca com relação à invasão do espaço aéreo cubano por aeronaves que partiam de Miami, ostentando a bandeira norte-americana na fuselagem foi o que definiu a postura do DSE e a decisão de infiltração em território americano. A posição impassível e quase acolhedora para com as organizações terroristas anticastristas na Flórida foi o ponto sem retorno que levou à queda dos agentes da inteligência cubana.

Embora tenham sido presos e condenados, ficou claro ao final das páginas de Morais que a posição dos agentes era única e, da mesma forma, imprescindível para o bem nacional. Sem sombras de dúvida os resultados obtidos por seu trabalho, as vidas salvas, o sucesso conquistado para Havana valeram o preço de sua liberdade. Foram pegos, é verdade, mas o trabalho foi feito. E, muito bem feito, diga-se de passagem. Por coincidência a informação chegou à mídia e daí, para o mundo. Palmas para estes homens que tanto lutaram por seus ideais e pelo seu povo. E palmas para todos os outros homens e mulheres que fizeram e fazem o mesmo sem que o reconhecimento devido lhes seja demonstrado. São verdadeiros heróis: heróis sem nomes e sem rostos.

domingo, 15 de julho de 2012

Alguns dias


O que você fez no dia 15 de julho deste ano? Quem você encontrou? Você acha que as suas ações ou as pessoas que viu neste irão mudar a sua vida de alguma forma? Nunca pensou nisso? Bem, então você deveria mesmo ler o livro Um Dia, escrito pelo roteirista e escritor britânico David Nicolls. Publicado pela primeira vez em 2009 (na Inglaterra), Um Dia conta a história de Dexter e Emma, um casal que passa uma noite juntos após se embebedarem na formatura em 1988. A história acompanha ambos os personagens nos 20 anos seguinte, sempre no dia 15 de julho e como aquele primeiro dia influenciou suas vidas.
É interessante notar as personagens tentando manter relações cordiais mesmo quando não se veem há meses ou mesmo mais tempo do que isso. É bastante verossímil a forma como ambos tentam manter a amizade em um tempo sem internet ou celulares e as dificuldades que derivam desse contato contínuo por cartas e cartões postais. 
David Nicolls escreve bem sobre a humanidade. Sabe aprofundar na mente das personagens, mostrando-nos o típico garotão popular, que nunca precisou se esforçar para alcançar seus objetivos, apenas por ser carismático e ter uma boa aparência. E vemos que essas características só o ajudam a chegar até certo ponto na vida. Vemos que mesmo que Dex pareça não se importar, ele se importa e por isso recorre constantemente às drogas e ao álcool, fugindo da realidade que o torna humano. Já Emma é a típica garota que se considera intelectual e politizada e que almeja grandes objetivos e sonhos. Sempre se opondo a alguma coisa, desde guerras ao apartheid, notamos que Em está tão sem direção quanto qualquer um. Tem tantos sonhos que não sabe a qual deles se dedicar e qual objetivo deve perseguir. Novamente, sua humanidade é marcante como uma das principais características da obra.
Com capítulos descrevendo a situação de "Dex e Em, Em e Dex" em cada 15 de julho desde 1988 até 2007, Um Dia mostra bem claramente o quão complexas são as relações humanas. Vemos o interesse das personagens pelo outro crescerem com o passar dos anos, evoluindo de um caso de uma noite, para um interesse romântico utópico, para uma grande amizade (com direitos a confissões amorosas e semi-pornográficas por parte de Dexter), para um distanciamento e esfriamento da amizade, para uma re-aproximação, para enfim, um namoro-noivado-casamento.
À medida que os anos passam, passamos a conhecer Dex e Em profundamente, gostando dela e sentindo certa vergonha dele, mas de qualquer forma, encarando a riqueza com que Nicholls aprofunda a maturidade em suas vidas. Por fim, chegamos a um ponto em que sabemos que algo vai dar errado e, para falar a verdade, não é nenhum surpresa quando de fato a tragédia acontece.
O dia é 15 de julho. Férias, tanto aqui no Brasil quanto na Inglaterra. E esse é um típico livro de férias. Tranquilo, leve e rápido, depois que se consegue engrenar a segunda marcha. Não leva a grandes reflexões, de fato, mas diverte pela simplicidade e pelo lado humano. Uma leve distração para uma época de calmaria. Um livro para ser lido, apreciado e esquecido: algo que não dura mais do que alguns dias.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Decepção Bíblica


Após a Terceira Guerra Mundial matar milhões e milhões de pessoas e levar países inteiros à completa destruição, há um consenso mundial para evitar que tais acontecimentos se repitam: todas as religiões são banidas por suas visões extremistas que acabam por levar a conflitos religiosos. Esse é o plot que origina o livro O Agente de Jerry Jenkins. Muito interessante, hein? O personagem principal deste romance pós-apocalíptico e futurista é o agente Paul Stepola. Um agente que trabalha para a ONP - Organização Nacional da Paz, uma mistura de FBI com CIA -, trabalhando na repressão de extremistas religiosos que atuam como terroristas em um país chamado Sete Estados Unidos da América. Parece um enredo bom, não é? Pois eu concordava, até ler, de fato, o livro.
Para quem gosta de romances de aventura futuristas, este livro promete e eu mesmo estava bastante empolgado com ele. Ledo engano. No decorrer da história, Paul Stepola é transferido para uma força-tarefa liderada por seu sogro (que não gosta nada dele) e acaba tendo de se infiltrar em algumas destas células terroristas religiosas que atuam pelo país, ameaçando a paz e prosperidade oferecida pela falta de religião. Acontece que os atentados terroristas que Paul testemunha acabam despertando nele uma estranha curiosidade obsessiva pelo cristianismo. Não demora muito e acaba por se envolver com fiéis, se interessando por uma delas (apesar de ser casado) e fazendo um grande amigo, bastante religioso.
Comecei a me preocupar quando vi, meio que por acidente, que a editora que publicou a obra no Brasil se chama Editora Mundo Cristão. Até aí tudo bem, a história estava levemente interessante, mas me despertou certo receio. Isso porque comecei a notar pequenos detalhes que forçavam religião em praticamente toda e qualquer situação. Não tenho nada contra religiões e pessoas religiosas, só não gosto que tentem me fazer engolir suas práticas e costumes como se fosse minha obrigação. Dito isso, continuei a ler o livro, ignorando a má percepção que me causou a descoberta da editora. Pra ser sincero, a impressão que tive foi que era um livro feito para forçar a religiosidade à vida das pessoas, mas continuei lendo por uma questão de princípios: não queria abandonar um livro por um preconceito automático como esse (mais tarde notei que era um pouco mais do que apenas um preconceito).
Mas comentários à parte, prossigamos com a história do livro: Paul descobre várias situações que parecem ser atentados terroristas, embora os religiosos afirmem que são milagres. Até que, por fim, descobrimos a verdade: são mesmo milagres! Paul acaba se tornando um religioso devoto, completamente crente nos poderes de Deus e aqueles que não acreditam são punidos ao final da história.
Agora, não sei vocês, mas esse não era o final que eu esperava. Por ser o primeiro livro de uma trilogia, esperava a construção básica de uma conspiração futurista que apenas culpava os extremistas religiosos (ou talvez eles mesmo atuassem na conspiração), mas para todos os efeitos, atentados terroristas e pessoas atuando e não poderes divinos. Triste. Pareceu-me, ao fim, que eu fui tolo de esperar algo a mais. O autor dá dicas o tempo inteiro de um plano superior agindo por trás das cortinas, eu é que não quis ver. Só achava a história boa original o suficiente para se manter sem precisar de óbvias esculhambações e tão forçoso final. Porque, digam-me vocês, jogar a culpa de tudo em Deus é ou não é fácil demais? Não precisa de explicação, não precisa de base, não precisa de nada. É o que é, e ponto final.
Admito que esperava muito mais. O livro não é de todo ruim, claro. Jerry Jenkins escreveu outra série de sucesso (Deixados para trás), que por algum motivo me inspira a mesma confiança que senti ao descobrir sobre a editora cristã. Não me entendam mal, não julgo a editora ou nada assim, apenas achei que o livro ganhou um ar de panfleto religioso. Perdeu todo o brilho da escrita envolvente e rápida e ganhando ares de panfletagem para me convencer a ir mais à igreja. Não sei se esse era o objetivo, mas foi o que senti. Uma pena, pois a história tinha tudo para ser incrível e não apenas uma decepção de nível bíblico.

sábado, 12 de maio de 2012

O Hulk e seus amigos

D irigido pelo renomado Joss Whedon – indicado ao Oscar pelo roteiro de Toy Story em 1996 -, o filme Os Vingadores (The Avengers, EUA, 2012), atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, quebrou inúmeros recordes de público em seu final de semana de estreia, alcançando U$ 207,4 milhões apenas nos Estados Unidos e Canadá. No Brasil, arrecadou R$ 21,7 milhões nos primeiros três dias, tornando-se a estreia mais rentável da história do cinema brasileiro. Em outras palavras, a megaprodução com orçamento estimado em torno dos U$ 220 milhões se pagou com sua arrecadação mundial de estreia.
O longa-metragem que reúne grandes heróis da Marvel em um único filme cumpre aquilo à que se propõe: fazer o público se divertir. Mas há problemas. Quando se juntam grandes nomes do cinema contemporâneo em um único roteiro, obviamente tem que se dar mais atenção a uns do que a outros. Isso é esperado e não surpreende. No entanto, o espectador pode ter a impressão de que a atenção é forçada para o chamativo personagem de Tony Stark / Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) que se destaca por suas piadas prontas e insistência em ser o principal. Isso se torna um incômodo a partir do momento que outros personagens tão interessantes quanto ele, ou mais, ganham menos espaço, como o Incrível Hulk (o ótimo Mark Ruffalo) ou o Capitão América (Chris Evans). O restante do grupo é formado por Thor (Chris Hemsworth), pela Viúva Negra (Scarlett Johansson), e pelo Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), liderados pelo chefe da S.H.I.E.L.D., Nick Fury (Samuel L. Jackson) e sua assistente, a agente Maria Hill (Cobie Smulders). O grupo é reunido quando a ameaça de uma invasão alienígena é descoberta, orquestrada pelo já conhecido vilão Loki (o excepcional Tom Hiddleston), irmão de Thor.
O grupo se reúne para evitar que Loki e seu exército extraterrestre dominem Nova York e, posteriormente, o planeta inteiro. É claro que reunir grandes heróis solitários para trabalhar em conjunto não é fácil e daí surgem os atritos (e piadas) que tanto divertem o público. Downey Jr. cansa com suas palavras e frases de efeito em toda e qualquer situação. Em compensação, Tom Hiddleston se mostra excelente como Loki, o vilão de Asgard, com um sorriso que irrita e arrepia ao mesmo tempo. Sua atuação se destaca em meio a um roteiro cheio de astros e estrelas.
Outro que obrigatoriamente deve ser citado é Mark Ruffalo como o Hulk. O fato é que, de todos os atores consagrados que participam da megaprodução, Ruffalo é o único que nunca viveu aquele personagem antes. E surpreende muito com uma atuação magnífica que mistura emoção e comedida comédia, levando o Hulk ao patamar de grande estrela do filme, tanto quando está verde e grande e quando está normal. De fato, quando muda para o gigante e interage com os outros personagens é que o público explode em gargalhadas.
O longa-metragem de 142 minutos recebeu investimento pesado em termos de efeitos especiais e não decepciona. Explosões e destruição de encher os olhos. Tiros que não acabam mais. E claro, o Hulk destruindo tudo e todos que entram em seu caminho. O exército alienígena de Loki também impressiona, com suas serpentes gigantescas e planadores.
O filme é ótimo enquanto passatempo e vale o preço do ingresso. É inevitável sair do cinema mais leve de tanto rir. E é impossível não perceber a ponta solta que deixa um gancho para uma continuação. E haverá uma segunda aventura, sem dúvida. Só resta saber se será tão divertida quanto esta primeira.
"Os Vingadores". Título original: "The Avengers". Ano: 2012. Nacionalidade: EUA. Diretor: Joss Whedon. Roteiro de: Joss Whedon, Zak Penn, Stan Lee, Jack Kirby. Produzido por: Victoria Alonso, Stan Lee, Avi Arad, Alan Fine. Estrelando: Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Tom Hiddleston, com Clark Gregg, Cobie Smulders, Stellan Skarsgärd, Samul L. Jackson e Gwyneth Paltrow. Música de: Alan Silvestri. Duração: 143 min. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 8,0/10.