quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Como qualquer ano que se passa, coisas vão, coisas ficam e coisas nos marcam, de uma maneira boa ou ruim. Com os filmes é a mesma coisa, e abaixo estão alguns filmes que marcaram, de uma forma boa ou ruim.

A Fita Branca (Das Weisse Band)



- Ainda que o filme seja de 2009 e tenha concorrido – e perdido – o OSCAR de melhor filme estrangeiro, a fábula de horror criada por Michael Haneke foi um dos filmes mais impactantes do ano. Tenso, frio, silencioso, manipulativo e perturbador, a história narra estranhos acontecimentos que ocorreram em uma pequena vila alemã no ano predecessor à Primeira Guerra Mundial. Mais do que um conto sobre a maldade, é uma história que explica o por quê de muitos acontecimentos que marcaram com sangue a trajetória humana.


 

Inhale (Inhale)


- Sem lançamento no Brasil (e em muitos outros lugares do mundo), o primeiro longa de Baltasár Kormakur filmado nos EUA, narra a história de um homem que vai a fronteiras perigosas para conseguir um órgão para sua filha. Diante das atrocidades cometidas em regiões subdesenvolvidas do México, ele enfrenta um dilema moral que o mundo enfrenta todos os dias, tomando a decisão errada. O filme é tenso, violento, explícito e cruel. E é dessa forma que seu verdadeiro impacto acontece. Contudo, tal força só se mostra em real tamanho, muito depois que assistida.


 

Toy Story 3 (Toy Story 3)


- São raros os filmes que ao mesmo tempo são inteligentes, agradáveis e emocionantes. A magia da Pixar se sobressaiu mais uma vez este ano, com o final da trilogia Toy Story, que marca a partida de Andy para a faculdade e o destino dos brinquedos que encantaram milhões de pessoas (adultos e crianças) ao redor do mundo. Extremamente emocionante, é um filme sobre partida, amor e a necessidade de se desapegar de certas coisas, como acontece na vida de qualquer pessoa. Um final digno de uma série marcante, grande candidato aos prêmios deste ano.


 

O Escritor Fantasma (The Ghost Writer)


- Ainda que seja um indivíduo de ética duvidosa, Roman Polanski mostrou mais uma vez que é um diretor de visão e capacidade incrível de mergulhar o espectador numa história envolvente e inteligente. Um jovem escritor é contratado para realizar a biografia de um congressista americano, mas conforme vai cavando segredos descobre mais sujeiras do que deveria encontrar. Ainda que o futuro da carreira de Polanski seja uma incógnita, este filme foi uma grande realização, consolidando Ewan McCregor como um dos grandes atores desta geração.


 

Salt (Salt)


- Em mais uma das tentativas de transformar Angelina Jolie numa heroína de ação, Salt narra a frenética perseguição de Evelyn Salt que foi "confundida" com uma espiã russa e precisa provar sua inocência. À parte de algumas boas atuações e uma trilha sonora convincente, o filme é sem sal, implausível e em alguns momentos beira o absurdo. É uma obra interessante para quem curte ação sem conteúdo. Agora, para quem espera um roteiro inteligente como o da trilogia Bourne (no qual o filme claramente se baseia), ficará decepcionado.


 

Atração Perigosa (The Town)


- Sob o título americano de "A Cidade", Ben Affleck comprovou sua atuação limitada, aliada com uma direção segura e sólida. Ou seja, é um diretor muito melhor do que ator. Neste filme, ele interpreta um ladrão de bancos em Boston que se apaixona por uma gerente que é sequestrada pelo seu grupo. Aliando uma história de romance pouco original, com diálogos excelentes, um elenco ótimo que apresenta boas atuações, Atração Perigosa foi uma das boas surpresas do ano, e quem sabe, receberá uma indicação ao OSCAR de melhor filme. Ele merece.


 

O Fim da Escuridão (Edge of Darkness)


- Depois de muito tempo sem trabalhar na frente das câmeras, Mel Gibson reuniu-se com Martin Campbell, interpretando um pai que procura desvendar o assassinato de sua filha, mergulhando numa rede de intrigas políticas. Com ótimos diálogos, um elenco espetacular com um roteiro bem feito, uma ótima trilha sonora e uma atuação surpreendente de Gibson, o filme pega pela surpresa, sendo capaz de emocionar tanto quanto perturba. E nesse quesito, provavelmente só A Fita Branca consegue ser mais perturbador.


 

Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar (Ponyo on the Cliff by the sea)


- Quando Hayao Myiasaki anunciou a sua aposentadoria ao término deste filme, a indústria do cinema como um todo perdeu um de seus maiores diretores. Ponyo é um peixinho dourado que se apaixona por um menino chamado Sosuke, e assim, desequilibrando o já desequilibrado ambiente. Ambos então partem numa aventura para salvar o mundo. Visualmente espetacular, emocionante e inteligente, Ponyo é mais uma das grandes realizações de Myiasaki que aparentemente não irá mais se aposentar. Ainda bem. Mas se de fato se aposentasse, esse seria um bom final de carreira.


 

Como Treinar o seu Dragão (How to train your dragon)


- Em um ano repleto de grandes animações, a produção da Dreamworks pegou muitos de surpresa, ao narrar a história de um jovem viking que se torna amigo de um dragão, criatura arque-inimiga de seu povo. Inteligente, divertido e emocionante, ele lembra os bons momentos (ou seja, todos) de Hayao Myiasaki, ainda que não no mesmo nível. Visualmente espetacular, é uma pena que tenha saído na mesma temporada de Toy Story, pois é um sopro de renovação numa categoria dominada pela Pixar e seria bom ver outro filme ganhar o OSCAR de melhor animação. Um filme como este.


 

Percy Jackson e o ladrão de raios (Percy Jackson & The Olympics – The lightning thief)


- Bom diretor de filmes infantis, como os dois primeiros da série Harry Potter, Chris Columbus escorregou na maionese e feio com este filme. Percy Jackson acha que é um garoto normal, quando na verdade é filho de deuses olímpicos e precisa encontrar um suposto ladrão de raios. O filme é incrivelmente ruim, ainda que fosse difícil esperar algo mais. Sem um pingo de inteligência, aliou originalidade com péssimos diálogos, péssimos atores (ou bons atores em péssimas atuações) com um roteiro bobo num dos piores filmes do ano e o pior da carreira de Columbus.


 

O Último Mestre do ar (The Last Airbender)


- Massacrado pela crítica e público nos EUA, a fábula de M.Night Shyamalan é um dos filmes mais injustiçados do ano. Nele, o jovem Aang é o único capaz de controlar os quatro elementos, e precisa derrotar a Nação do Fogo que quer escravizar os outros povos. Incrivelmente belo artisticamente, o filme tem seus problemas, mas alia mais qualidades do que falhas. É um filme espiritual, bonito e por muitas vezes emocionante, comprovando – mais uma vez – que Shyamalan ainda é um dos poucos diretores de visão da atualidade. É uma pena que caia sempre na incompreensão.


 

Tron – O Legado (Tron: Legacy)


- Dirigido por um arquiteto chamado Joseph Kosinski, a Disney encheu o projeto da sequencia de Tron – Uma Odisséia Eletrônica de dinheiro e efeitos visuais, para narrar a tentativa de Sam de encontrar seu pai, Kevin Flynn, astro do filme anterior, dentro de um programa de computador. O resultado é uma das maiores decepções do ano, que à parte dos efeitos visuais e uma boa trilha sonora, esbanja um roteiro burro, diálogos e situações horríveis, com um elenco mal aproveitado. Definitivamente um espetáculo visual, mas com um Q.I. de uma ostra.


 

A Origem (Inception)


- Dirigido pelo inglês Christopher Nolan, o filme esbanjou originalidade, acompanhando a trajetória de um ladrão especializado em adentrar as profundezas dos sonhos das pessoas, para, desta vez, implantar uma ideia. Com um elenco de primeira, um roteiro extremamente inteligente, cheio de ação e ótimos efeitos visuais, A Origem podia ter sido o melhor filme do ano se Nolan tivesse tido coragem de explorar mais as fronteiras de sua própria criação. O resultado é não experimentar a sensação de estar sonhando, mas o filme é, ainda assim, um dos melhores do ano.


 

A Rede Social (The Social Network)


- Com uma direção espetacular de David Fincher, um roteiro afiado de Aaron Sorkin e um elenco jovem mais do que competente, a história dos fundadores do facebook tornou-se, facilmente, o melhor filme do ano, pegando MUITA gente de surpresa. E no fim é um filme de atores, com a ação ocorrendo somente em diálogos, mas tão bem feito e tão bem conduzido, com uma ajuda da música poderosa de Trent Reznor, que é com certeza uma das obras mais interessantes da década. E ao mesmo tempo em que é um clássico moderno, é um filme que define a geração da cibercultura. E isso não é pouco.


 

2010 terminou e 2011 está para começar. Com ele, virão novos filmes de novos diretores, com elencos bons, ruins e desconhecidos. Virão trilhas sonoras marcantes, histórias diferentes – algumas boas e outras ruins – e histórias não tão diferentes assim. Este ano, tivemos histórias de agentes secretos, ladrões de sonhos, assaltantes de bancos, peixes dourados, caçadores de dragões e visionários. Tivemos histórias contadas por grandes diretores e outras contadas por diretores ruins. Tivemos surpresas boas e outras bem desagradáveis, decepções, ofensas, sentimos medo, rimos e choramos com as produções que encheram as telas dos cinemas do Brasil e do mundo este ano. E ano que vem tem mais, muito mais e nós estaremos aqui, sempre cobrindo, analisando, e, quem sabe, trazendo algo que os cinéfilos ainda não viram ou não sabem. Queremos agradecer por todos aqueles que entraram neste blog para ler as resenhas, análises, trailers e opiniões dos nossos moderadores. E queremos desejar um feliz 2011, repleto de alegrias, sonhos, paz, saúde e claro, muitos filmes.


 

Atenciosamente,

Guilherme Aleixo e Roberto Fideli


 

"Você nunca está terminado, não enquanto tiver uma boa história e alguém para quem contar".

- A Lenda do Pianista do Mar

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