quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O primeiro e futuro rei


Não é preciso pensar muito para se lembrar dele quando o assunto é feiticeiros ou magia. De imediato  um dos primeiros nomes que vem à mente é o do mais notório feiticeiro que já existiu (aproveito o gancho para falar de sua série recentemente finalizada lá no Reino Unido), Merlin.
Aproveito também para abrir um parênteses aqui, pois acho curioso o fato de hoje o nome Merlin ser conhecido mundialmente por seus feitos quando na época todos o conheciam por seu nome druida, Emrys, isso porque quando a história se inicia, a magia é proibida e os feiticeiros, caçados. Tudo isso, é claro, segundo a releitura das lendas arthurianas feita pela produção veiculada no canal BBC.
Para quem não conhece, a série se iniciou em 2008, apresentando um camponês de nome Merlin (o ótimo ator Colin Morgan), que chega a Camelot e tem de esconder seu dom para a magia uma vez que o rei, Uther Pendragon (o brilhante Anthony Head), proibiu seu uso e tem o hobby de caçar e condenar à morte todos os feiticeiros. Não demora muito e o jovem Merlin acaba por conhecer o jovem príncipe e futuro rei, Arthur Pendragon (o sempre divertido Bradley James). Não vou dar spoilers, mas Merlin acaba se tornando servo do príncipe, sendo obrigado a lavar suas roupas, alimentar e cuidar de seu cavalo, arrumar seu quarto e preparar suas refeições, uma vez que se destino é proteger e ajudar o jovem da realeza a criar um reino livre e poderoso onde a magia é aceita.
Outros personagens que valem ser mencionados são: a (futuramente muito importante) serva Gwen (Angel Coulby) por quem Arthur se apaixona e que trabalha para a excelente e linda Morgana Pendragon (a incrível e belíssima Katie McGrath), além é claro do médico da corte, Gaius (Richard Wilson), do jovem druida Mordred (inicialmente Asa Butterfield e depois, Alexander Vlahos) e do dragão (cuja voz é feita por John Hurt). Fora eles, vale ressaltar os fiéis cavaleiros de Camelot: Sir Leon (Rupert Young), Sir Gwaine (Eoin Macken), Sir Percival (Tom Hopper), Sir Elyan (Adetomiwa Edun), Sir Lancelot (Santiago Cabrera), entre alguns outros.
No decorrer das cinco temporadas, a série evoluiu muito. Uther acaba por ser substituido pelo filho Arthur. Morgana evolui de boa moça para a grande vilã da série, mostrando que, na verdade, o papel de boazinha é uma ofensa à Katie McGrath, tamanha é a loucura que consegue colocar em seu olhar. Até mesmo Gwen evolui de serva submissa a amiga/paixonite do príncipe e, posteriormente, sua rainha. Mas a grande tranformação que vemos é na relação Arthur/Merlin. O bromance dos dois é lendário e uma das coisas mais divertidas que já vi em seriados. Enquanto Merlin mantêm Arthur vivo com sua magia, usando-a em segredo, a amizade dos dois se torna um laço forte de companheirismo e isso apenas nos preocupa quanto ao momento em que o rei descobrirá sobre a magia do servo.
Depois de cinco anos acompanhando a série, o final chegou. E os espetaculares Colin Morgan e Bradley James me obrigaram a jurar comprar os DVDs desta série assim que possível. A fotografia das séries britânicas sempre é um espetáculo à parte e Merlin até mesmo supera esta marca em alguns momentos. Ponto também para a trilha sonora e para os efeitos visuais, quase sempre à altura de grandes produções hollywoodianas. Vale comentar ainda da maquiagem simplesmente extraordinária que transformou Colin Morgan em um velho centenário de barbas e cabelos brancos, que assume o alter-ego Emrys (os melhores episódios contam com sua presença envelhecido: é simplesmente espetacular e hilário). Divertidíssimo!
O series finale foi visto mundialmente no feriado de natal (dia 25/12/2012, se não me engano) e logo vi comentários criticando a conclusão dada à série. Admito que não me satisfez totalmente também, mas achei um final digno para uma boa série. Isso porque é uma adaptação de uma das mais variadas lendas da história humana. Uma lenda que conta a história de dragões falantes, espadas mágicas, espíritos de mulheres vivendo em lagos, magia, feitiços e muito mais, apenas para contar sobre o nascimento de um dos mais poderosos reinos e, posteriormente, países da história da humanidade.
Essa é a história do nascimento do Reino Unido, o que nos leva a crer que ao menos tangencia a verdade dos acontecimentos sobre o primeiro e futuro rei da Bretanha. Por isso é que os produtores podiam ter apressado a trama para que tudo de importante não ficasse nos últimos dois episódios da série. Foi um bom final? Foi, mas ficou muito denso, pesado, corrido e cansativo, com as coisas acontecendo de forma extremamente rápida. Achei um desperdício pra uma série tão legal e, embora tenha fechado bem, poderia ser melhor. Com mais tempo, o final poderia ter sido espetacular, ao invés de apenas uma boa ou uma ótima conclusão. Foi um final digno, sim, mas apenas não o suficiente.