segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma Sociedade de um Assassino

O autor de Assassin's Creed - Renascença parecia apressado em terminar o livro para receber o lucro, é tudo que posso dizer


Embora nunca tenha jogado nenhum outro jogo da franquia Assassin's Creed além do primeiro (que ainda estou tentando zerar), me senti tentadíssimo a comprar este livro assim que soube ser baseado na história do segundo volume do jogo. E me decepcionei. Vamos lá: a história gira em torno de Ezio Auditore, um rapaz inconsequente e briguento que pode se dar ao luxo de fazer alguns serviços eventuais para seu pai, um banqueiro "novo rico" de Florença, mas nada além disso. Passa os dias brigando por aí e se pegando com uma moça da cidade. É assim que começa a história de Assassin's Creed - Renascença. Nota-se desde o princípio da história que o autor (que usa o pseudônimo de Oliver Bowden) escreve se baseando no roteiro do jogo e não o contrário. Isso é notável pelo simples fato de que a história é muito rápida, partindo de uma coisa para a outra sem explicações como se aquelas situações já tivessem ocorrido àqueles personagens inúmeras vezes, tornando tudo muito inverossímil.
Outra coisa que me incomodou muito é a falta de detalhamento da história. Isso só ressalta que a história é baseada no jogo o que pressupõe que o leitor conheça o visual do game, coisa que enfraquece o título, na minha opinião. Nada é descrito na história: nem os personagens ou seus vestuários, nem os cenários, nada. Eu que só conheço o primeiro jogo fiquei realmente perdido embora tivesse uma ideia geral. Ponto bastante negativo, a meu ver.
Como já comentei antes, a história é rápida demais, isso irrita (pra vocês terem uma idéia, em pouco mais de 300 páginas de livro se passam mais de 20 anos. Com o perdão da palavra, mas PORRA!). Nada incomoda os personagens, que parecem habituados à violência, como se fosse a coisa mais comum do mundo. Ezio de repente descobre que não é apenas o filho de um banqueiro, mas o herdeiro de uma família que pertence a um grupo chamado de Assassinos, que têm de impedir a ascensão de um grupo denominado Templários para que não dominem o mundo. Quando seu pai e irmãos são executados em praça pública, Ezio jura vingança contra aqueles homens (membros dos Templários) que os incriminaram e começa a caçá-los e matá-los. Fácil assim. Aparentemente aceitar que você vem de uma linhagem de assassinos e que faz isso por "uma boa causa" impede que você questione o certo e errado e que tenha problemas de consciência. Maravilha. Não há profundidade psicológica no personagem principal. Ele é raso e vago e mesmo que o livro seja em primeira pessoa, ele quase nunca expressa os pensamentos de Ezio. Sem falar que nos 20 anos que a historia dura, a mentalidade do personagem não muda nem um pouco. Fraco, fraco, fraco.
Mas nenhum dos pontos negativos já citados foi aquela gota-d'água que me fez desgostar quase completamente do livro. Um dos maiores problemas, na minha opinião é que não há dificuldade. De repente ele vai pra uma cidade chamada de impenetrável e não sei o que mais e na meia hora em que ele vai até um lugar a porra da cidade é invadida. Novamente com o perdão da palavra, mas PORRA! É impenetrável ou não é?
Algumas missões dele são simplesmente despropositadas, não há dificuldade, ele simplesmente vai lá, entra no lugar, mata o cara, acha uma página do Códex, sai, volta pra casa e pronto. Cacete! Qual a graça? mas o que mais me revoltou, mais do que tudo isso, é que os Assassinos são uma sociedade. Eles sobreviveram centenas ou milhares de anos na luta contra os templários, então supõe-se que eles saibam se virar, certo? NÃO! Eles simplesmente deixam um moleque de 20 anos que mal matou o primeiro cara assumir todas, deixa eu repetir, TODAS as missões. Em um dia Ezio nunca ouviu falar dos Assassinos, no outro dia, ele é quem mata todos os malditos templários que aparecem no livro. Mas que merda é essa? Não é uma sociedade de Assassinos? Uma Irmandade cheia de gente? Então me digam porque só ele mata todo mundo? E o resto do povo fica de braços cruzados, pernas pra cima, tomando um vinho, é isso? É revoltante! O autor subestima demais a inteligência do leitor, é brutal. *respira fundo*
Para finalizar, algo que me incomodou bastante também foi o fato de durante todo o livro, estarmos centrados em uma história quase totalmente física, praticamente nada de paranormal acontece (tirando o fato de Ezio ter "herdado" as habilidade de um Assassino, por isso tudo é tão natural e fácil para ele) até o final. O final da história é totalmente metafísico. Maquemerda! Do nada o desfecho envolve deuses antigos e poder divino e vida eterna e sei lá o que mais. Francamente, depois de tudo que já escrevi acima, nem vou perder meu tempo aconselhando você a não ler este livro. Se depois de ler este texto, você quiser se arriscar, boa sorte. Talvez seja um pouco minha culpa por esperar demais de uma adaptação de um jogo, mas a história tinha tudo para ser boa, e não um dos piores livros que li no ano, quiçá, na década.