domingo, 6 de outubro de 2013

Goodbye, Bitch!






Como dito na recente resenha de Dexter (que você pode ver aqui), a moda dos seriados protagonizados por anti-heróis vêm marcando a presença na TV à cabo já tem uns bons anos. Para a vantagem dos telespectadores, claro. Isso porque personagens que não se prendem a limites morais e que traçam suas próprias regras se mostram protagonistas muito mais interessantes, na minha opinião.
Portanto não é surpreendente que um seriado como Breaking Bad faça tanto sucesso. Hoje, domingo 06/10, fez exatamente uma semana que foi finalizada a série criada por Vince Gilligan que conta a história de um professor de química de colegial que se descobre morrendo e, na tentativa de deixar algum dinheiro para sua família se manter após sua morte, acaba se tornando um dos maiores traficantes de metanfetamina dos EUA.
Com o decorrer das 5 temporadas que a série dura (de 2008 a 2013), acompanhamos o crescimento, ou talvez seja a decadência, do ingênuo e inofensivo professor de ensino médio Walter White (o inacreditavelmente bom Bryan Cranston) no seu alter-ego oposto, violento, frio, manipulador e calculista: Heisenberg. Não vou entrar em detalhes sobre como a série termina. Mr. White tem um câncer de pulmão incurável que o levará à morte, então é de se supor que ele não sairá do último episódio vivo. Mas ver a decadência física da personagem enquanto sua reputação apenas cresce é um prêmio à parte.

Aliás, vale ressaltar, que elenco estelar vemos em Breaking Bad. Quando Mr. White (ou Walt) recruta um ex-aluno seu, Jesse Pinkman (o incrível Aaron Paul, bitch!), você não sabe o que esperar. Isso simplesmente porque Jesse é tão obviamente um idiota no começo da história que é cômico. E ele é tão obviamente culpado de traficar drogas menores (e usá-las) que é surpreendente que não tenha ido pra cadeia. E seu costume de colocar o bordão ‘bitch!’ no fim de cada sentença é simplesmente divertidíssimo, bitch!

Outras personagens importantes (e um pouco irritantes) são a esposa de Walt, Skyler (Anna Gunn, que é ótima atriz encarnando uma personagem pra lá de chata) e sua irmã, Marie (Betsy Brandt). Embora Sky melhore no decorrer da série, ficando muito mais bad ass, Marie continua e mesma mala sem alça até o último episódio.

Depois também conhecemos o agente especial Hank Schrader (cansativo dizer que Dean Norris também é incrível?) do DEA - Agência de Combate às Drogas, em tradução livre - e que, por acaso também é cunhado de Walt. E mais pro fim do seriado, conhecemos o advogado porta-de-cadeia Saul ‘You better call Saul!’ Goodman (Bob Odenkirk, que de tão bom acabou ganhando um spin off próprio), que passa a ajudar Walter e Jesse a lavar o dinheiro conseguido com a venda de metanfetamina.

Pra quem não sabe, a metanfetamina é uma droga completamente produzida quimicamente e por isso é a opção mais viável para um genial professor de química que precisa de dinheiro rápido antes de morrer. Mas à medida que seu produto ganha reconhecimento pela alta qualidade, Mr. White e Jesse começam a lidar com os peixes grandes do tráfico de drogas. É nesse ponto que Walt assume o pseudônimo de Heisenberg (seu alter-ego de sangue-frio) e também é quando conhecemos personagens incríveis como Gustavo 'Gus' Fring (o assustador e magnífico Giancarlo Esposito), que é um traficante poderoso e multimilionário e que se disfarça de gerente de lanchonete; e seu braço direito (bem armado), Mike Ehrmantraut (o ainda-mais-assustador-e-com-olhos-mortos Jonathan Banks) que é quem cuida da ‘segurança’, que em outras palavras significa fazer o trabalho sujo.

Não vou entrar em mais detalhes. Quem assiste/assistiu Breaking Bad sabe o quanto a série é espetacular. E ficou marcada como uma das melhores exibidas na televisão nos últimos anos. Fica marcado os meus parabéns para o canal AMC e para o criador Vince Gilligan. Não à toa foi indicado umas 15 vezes à prêmios, só nesse ano de 2013 (segundo minha contagem ultra-rápida no IMDB), ganhando muitos deles. Agora, se você nunca acompanhou a série, mas gosta de explosões, sangue, violência e tudo o mais a que se tem direito para que você próprio não se transforme num psicopata/traficante/mercenário, eu recomendo muito que você assista. Me agradeça depois.

Sobre o último episódio de Breaking Bad, este se chama ‘Felina’ e, ao contrário de uns outros episódios finais de séries foi à altura dos fãs e de todos os episódios que o antecederam (chupa Dexter). Dei uma pesquisada e além de o título formar um anagrama para ‘finale’, ainda faz referência a uma música de 1959, que toca durante o episódio. Essa música se chama ‘El Paso’ de Marty Robbins e conta a história de um cowboy sem nome que se apaixona por uma mulher chamada Felina, é baleado por seus inimigos e morre nos braços da amada. Não vou dar spoilers, mas eu diria que a música não só encaixou perfeitamente no episódio como levou a compreensão das cenas finais a outro nível. Resumo da ópera que é a jornada de Walter ‘Heisenberg’ White: espetacular, incrível, imperdível (bitch!).

Título original: "Breaking Bad - Season 1-5". Ano: 2008-2013. Nacionalidade: EUA. Dirigido por: Michelle MacLaren, Adam Bernstein, Vince Gilligan, Colin Bucksey, Michael Slovis, Bryan Cranston, Terry McDonough, Johan Renck, Rian Johnson. Roteiro de: Vince Gilligan, Peter Gould, George Mastras, Sam Catlin, Moira Walley-Beckett, Thomas Schnauz, Gennifer Hutchison, John Shiban, J. Roberts e Patty Lin. Produzido por: Vince Gilligan, Mark Johnson, Melissa Bernstein, Stewart Lyons, Sam Catlin, Diane Mercer. Estrelando: Bryan Cranston, Anna Gunn, Aaron Paul, Dean Norris, Betsy Brandt e RJ Mitte. Com: Bob Odenkirk, Steven Michael Quezada, Jonathan Banks e Giancarlo Esposito. Música de: Dave Porter. Duração: 62 eps. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 10/10.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Morto e enterrado






Desde The Sopranos,  a moda dos seriados protagonizados por anti-heróis vêm marcando a presença na TV à cabo com grande sucesso. É o caso de seriados como Dexter e Breaking Bad, entre outros. Faz poucos dias que foi finalizada a série Dexter, que conta a história de um serial killer que opta por assassinar criminosos, baseando-se em um estrito código moral criado por seu pai policial.

Para ser sincero, me dói resenhar sobre o final de Dexter. Isso porque a série foi resenhada por mim mesmo em 2011, aqui neste mesmo blog. Tinha falado de como tinha gostado da primeira temporada da série (veja a resenha aqui) e como a série prometia ser uma das melhores da televisão. E foi. Mas infelizmente os produtores decidiram continuá-la após o seu auge, o que garantiu ao menos três ou quatro temporadas de puro declínio para o desespero e insatisfação dos fãs. Esse erro de julgamento fez com que a série desaparecesse da mídia e caísse no desgosto do público, arrastando-se pelos úlimos anos como alguém à beira de uma morte nada agradável. Dito e feito.

Após a incrível quarta temporada, com um dos melhores vilões que o seriado já viu - o Trinity Killer (o espetacular e arrepiante John Lithgow) -, e a morte de uma personagem tão i(rritante)mportante quanto Rita (Julie Benz), a série descambou para vilões e discussões mais fracas. Embora Dexter Morgan (o brilhantíssimo Michael C. Hall, que continuou com uma atuação inacreditável apesar dos altos e baixos da série e apesar de seu próprio câncer) ainda fosse o assassino que tanto amamos, começou a ter dilemas mais humanos e problemas mais corriqueiros, o que de nenhuma forma desmerecia o personagem. Apenas entediava os espectadores.

A série recuperou o fôlego, mesmo que momentaneamente, quando o segredo de Dexter foi descoberto pela sua irmã, a detetive Debra ‘Fucking’ Morgan (Jennifer Carpenter, uma das poucas qualidades da série até seu derradeiro fim), durante a sexta temporada. Ainda que o conflito gerado tenha rendido alguns momentos de aflição e desespero, os assassinos foram se tornando mais entediantes e previsíveis. Dexter não tinha real competição e, embora tentassem, os roteiros simplesmente não prendiam como antigamente. A verdade é que estava difícil acreditar que o segredo de Dexter, ou ele próprio, corriam qualquer risco.

A oitava temporada chegou com um suspiro de alívio pelo conhecimento de que seria a última e não haveria mais espaço para estragar algo que já fora bom. É com essa impressão que encerrei a série, ainda que o final-final tenha sido pra lá de desapontador, como já imaginava, mas tinha esperança de estar errado. A questão é que a série vinha definhando e não havia final que fosse de fato agradar aos fãs. Mas isso não é desculpa pra o - e desculpem a expressão - brochante desenrolar que culminou na conclusão do último episódio. A dura verdade é que se a série tivesse sido brutalmente cancelada antes, o final não teria sido mais insatisfatório.

Embora tenha sido grande e boa, a série acabou não dando certo. Antes a tivesse tido menos enrolação, seu final teria agradado um pouco mais (ou agradado um pouco que seja). Uma pena. Com o perdão dos trocadilhos, mas Dexter tinha tudo pra ter um final matador e não um final tão morto. Tanto para os fãs quanto para a mídia.

Título original: "Dexter - Season 1-8". Ano: 2006-2013. Nacionalidade: EUA. Diretores: John Dahl, Steve Shill, Keith Gordon, Marcos Siega. Roteiro de: Scott Buck, Karen Campbell, Daniel Cerone, Manny Coto, Charles H. Eglee. Produzido por: Sara Colleton, John Goldwyn, Robert Lloyd Lewis, Scott Buck, Gary Law, Tim Schlattmann, Lauren Gussis, Michael C. Hall, Wendy West. Estrelando: Michael C. Hall, Jennifer Carpenter, Lauren Vélez, David Zayas, James Remar, C. S. Lee, Erik King, Geoff Pierson. Música de: Daniel Licht. Duração: 96 eps. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 7,5/10.