Eu
não sei vocês, mas eu adoro histórias com explosões, pancadaria e
tiroteios. Sim, gosto mesmo. Mas gosto ainda mais quando essas histórias
vêm acompanhadas de um roteiro inteligente, rápido, divertido. É uma
combinação tão boa que dói quando chega ao fim. Foi assim que me senti
ao terminar de assistir à pouquíssimo conhecida série Leverage. Nome em
português? Triste dizer, mas “Acerto de Contas” (segundo o Filmow). Para
não me sentir ridículo ao escrever esse texto, usarei o nome em inglês:
Leverage (tradução literal: Vantagem).
A
série se parece com aqueles roteiros estilo Onze Homens e Um Segredo:
um ex-agente de seguros é contratado para liderar uma equipe de ladrões
em um assalto incrivelmente arriscado. A equipe é formada por: a
golpista (no inglês, grifter) Sophie Devereaux (Gina Bellman), uma
mulher com muitos pesudônimos (nunca chegamos a saber seu nome real) que
sempre quis ser atriz, mas é péssima nos palcos, só conseguindo
convencer quando interpreta personagens durante os golpes; pelo hacker
Alec Hardison (Aldis Hodge), um carismático geek que consegue invadir
qualquer sistema; a ladra (thief) Parker (Beth Riesgraf), uma bela jovem
que consegue invadir qualquer lugar e roubar qualquer coisa, adora
saltar de lugares altos e tem zero habilidade social; o ex-militar Eliot
Spencer (Christian Kane), a força bruta (hitter) da equipe, que é ótimo
batendo em pessoas, derrubando capangas e adora cozinhar; e, por fim, o
ex-agente de seguro que se demitiu após a empresa em que trabalhava não
cobrir o tratamento de seu filho doente, o que o levou à morte, o
genial Nathan Ford (Timothy Hutton), o cérebro (brains) da equipe.
Depois
de um primeiro trabalho, a equipe decide continuar unida, ajudando
pessoas simples a recuperar objetos que foram roubados ou a derrubar
grande magnatas e políticos corruptos. É a clássica situação de Robin
Hood moderno. A série é espetacular. Cada membro da equipe tem um estilo
próprio e é delicioso acompanhá-los. Todos eles têm trejeitos prórpios
puxando pra comédia e é impossível não rir das ótimas tiradas.
The rich and powerful take what they want. We steal it back for you. Sometimes bad guys make the best good guys. We provide... leverage.
Mas
nem só de comédia vivia Leverage. Em suas cinco temporadas, a última,
finalizada em meados de 2012, pouquíssimas vezes eles basearam seus
golpes em tecnologia super-avançada que de fato não existe. É tudo feito
na base da marra, na cara de pau, no trabalho mesmo. E por isso é
divertido. Não teria graça se bastasse usar um super-não-sei-o-que e
pronto, conseguem fazer o trabalho e tal. Eles se deram mal, foram
caçados, alguns presos, espancados, torturados, drogados, enterrados
vivos, roubados, explodidos, entre muitas outras divertidas cenas que
misturam ação e comédia sem fim. Hilariante, pra falar a verdade. Além
disso, temos o grande rival de Nate, Jim Sterling (interpretado
magnificamente pelo ótimo Mark Sheppard, o Crowley de Supernatural). A
participação dele, desnecessário dizer, é espetacular.
Li
em algum lugar, alguém dizendo que “cada episódio de Leverage daria um
ótimo filme!” e não poderia concordar mais. Seja ‘roubando’ um hospital,
um governo, uma igreja, um Departamento de Defesa, um congressista, um sonho, uma montanha e por aí vai, a cada
trabalho, eu ficava mais e mais impressionado com a série e a capacidade
dos personagens me conquistarem. Sem falar que as atuações são
espetaculares, embora, às vezes, o CGI não seja. A parte boa é que esta é
uma série de atuações e não de efeitos. E isso é essencial para uma
série ser boa. Ainda tento entender o porquê de ser tão pouco conhecida.
Acho que isso vai ficar sendo um mistério. E creio que a vantagem seja
minha de ser um daqueles que pôde, mesmo que tardiamente, descobrí-la.
"Acerto
de Contas". Título original: "Leverage - First to Fifth Season". Ano:
2008 - 2012. Nacionalidade: EUA. Diretores: Marc Roskin, Dean Devlin,
Jonathan Frakes e John Harrison. Roteiro de: Chris Downey, John Rogers e
M. Scott Veach. Produzido por: Rachel Olschan, Marc Roskin, Chris
Downey, John Rogers, Paul F. Bernard e James Scura. Estrelando: Gina
Bellman, Aldis Hodge, Beth Riesgraf, Christian Kane, Timothy Hutton e
Mark Sheppard. Música de: Joseph LoDuca. Duração: 77 episódios (durante 5
temporadas). Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 9,5/10.