sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Vantagem de quem assistiu


Eu não sei vocês, mas eu adoro histórias com explosões, pancadaria e tiroteios. Sim, gosto mesmo. Mas gosto ainda mais quando essas histórias vêm acompanhadas de um roteiro inteligente, rápido, divertido. É uma combinação tão boa que dói quando chega ao fim. Foi assim que me senti ao terminar de assistir à pouquíssimo conhecida série Leverage. Nome em português? Triste dizer, mas “Acerto de Contas” (segundo o Filmow). Para não me sentir ridículo ao escrever esse texto, usarei o nome em inglês: Leverage (tradução literal: Vantagem).
A série se parece com aqueles roteiros estilo Onze Homens e Um Segredo: um ex-agente de seguros é contratado para liderar uma equipe de ladrões em um assalto incrivelmente arriscado. A equipe é formada por: a golpista (no inglês, grifter) Sophie Devereaux (Gina Bellman), uma mulher com muitos pesudônimos (nunca chegamos a saber seu nome real) que sempre quis ser atriz, mas é péssima nos palcos, só conseguindo convencer quando interpreta personagens durante os golpes; pelo hacker Alec Hardison (Aldis Hodge), um carismático geek que consegue invadir qualquer sistema; a ladra (thief) Parker (Beth Riesgraf), uma bela jovem que consegue invadir qualquer lugar e roubar qualquer coisa, adora saltar de lugares altos e tem zero habilidade social; o ex-militar Eliot Spencer (Christian Kane), a força bruta (hitter) da equipe, que é ótimo batendo em pessoas, derrubando capangas e adora cozinhar; e, por fim, o ex-agente de seguro que se demitiu após a empresa em que trabalhava não cobrir o tratamento de seu filho doente, o que o levou à morte, o genial Nathan Ford (Timothy Hutton), o cérebro (brains) da equipe.
Depois de um primeiro trabalho, a equipe decide continuar unida, ajudando pessoas simples a recuperar objetos que foram roubados ou a derrubar grande magnatas e políticos corruptos. É a clássica situação de Robin Hood moderno. A série é espetacular. Cada membro da equipe tem um estilo próprio e é delicioso acompanhá-los. Todos eles têm trejeitos prórpios puxando pra comédia e é impossível não rir das ótimas tiradas.


The rich and powerful take what they want. We steal it back for you. Sometimes bad guys make the best good guys. We provide... leverage.


Mas nem só de comédia vivia Leverage. Em suas cinco temporadas, a última, finalizada em meados de 2012, pouquíssimas vezes eles basearam seus golpes em tecnologia super-avançada que de fato não existe. É tudo feito na base da marra, na cara de pau, no trabalho mesmo. E por isso é divertido. Não teria graça se bastasse usar um super-não-sei-o-que e pronto, conseguem fazer o trabalho e tal. Eles se deram mal, foram caçados, alguns presos, espancados, torturados, drogados, enterrados vivos, roubados, explodidos, entre muitas outras divertidas cenas que misturam ação e comédia sem fim. Hilariante, pra falar a verdade. Além disso, temos o grande rival de Nate, Jim Sterling (interpretado magnificamente pelo ótimo Mark Sheppard, o Crowley de Supernatural). A participação dele, desnecessário dizer, é espetacular.
Li em algum lugar, alguém dizendo que “cada episódio de Leverage daria um ótimo filme!” e não poderia concordar mais. Seja ‘roubando’ um hospital, um governo, uma igreja, um Departamento de Defesa, um congressista, um sonho, uma montanha e por aí vai, a cada trabalho, eu ficava mais e mais impressionado com a série e a capacidade dos personagens me conquistarem. Sem falar que as atuações são espetaculares, embora, às vezes, o CGI não seja. A parte boa é que esta é uma série de atuações e não de efeitos. E isso é essencial para uma série ser boa. Ainda tento entender o porquê de ser tão pouco conhecida. Acho que isso vai ficar sendo um mistério. E creio que a vantagem seja minha de ser um daqueles que pôde, mesmo que tardiamente, descobrí-la.
"Acerto de Contas". Título original: "Leverage - First to Fifth Season". Ano: 2008 - 2012. Nacionalidade: EUA. Diretores: Marc Roskin, Dean Devlin, Jonathan Frakes e John Harrison. Roteiro de: Chris Downey, John Rogers e M. Scott Veach. Produzido por: Rachel Olschan, Marc Roskin, Chris Downey, John Rogers, Paul F. Bernard e James Scura. Estrelando: Gina Bellman, Aldis Hodge, Beth Riesgraf, Christian Kane, Timothy Hutton e Mark Sheppard. Música de: Joseph LoDuca. Duração: 77 episódios (durante 5 temporadas). Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 9,5/10.