sábado, 24 de novembro de 2012

Contos de Mestre





Acho extremamente complicado resenhar coletâneas de contos, no entanto, cá estou eu. A parte mais dificil, creio eu, é a própria dificuldade que encontro ao ler um livro feito de contos: quando a história finalmente engrena, ela acaba; e voltamos àquela sensação de frio no estômago/preguiça de começar uma história nova por talvez não ser tão boa quanto a anterior. Isso também gera um certo cansaço mental de ter que se acomodar a toda uma nova gama de personagens, situações, universos. Mas quando temos a agradável surpresa de ler um conto melhor do que o outro, tudo isso meio que cai por terra, para de importar, é esquecido.
A coletânea a que me refiro foi montada com contos do Joe Hill (o filho do Stephen King e autor de A Estrada da Noite) e se chama Fantasmas do Século XX. Segundo o Wikipédia, essa mesma coletânea ganhou grandes prêmios como Prêmio Bram Stoker de Melhor Coleção de Ficção, o Prêmio Britânico de Fantasia (British Fantasy Award) por Melhor Coleção e o Prêmio do Guia Internacional de Horror (International Horror Guild Award) na categoria Melhor Coleção. E devo dizer: cada prêmio é muito merecido! Se tem algo que eu - como fã incondicional do Stephen King - posso dizer, é o seguinte: talento para a escrita deve ser hereditário.
Mas ao contrário do rumo que seu pai tende a dar à suas histórias, Hill não se prende unicamente no terror, no bizarro, no sobrenatural ou nos banhos de sangue e inúmeros cadáveres. Não. Hill sabe fazer tudo isso, mas também sabe ser sensível, leve, divertido, tocante.
Reunindo 15 ótimos contos, que variam da fantasia ao terror homicida, Hill mostrou a que veio e não decepcionou. Óbvio que não vou comentar todos os contos, então optei por alguns que mais me marcaram durante a leitura para comentar brevemente, tentando não dar spoilers. And here we go: um dos contos iniciais do livro é o Pop Art - um conto de fantasia delicioso de ser lido. Caracterizado por ser leve, delicado e sensível, o texto pode ser comparado a um dos protagonistas da história, Art, que tem uma rara doença e, por isso, é um boneco inflável. Sim, você leu certo, caro leitor, um boneco inflável vivo que simplesmente irá esvaziar até a morte caso seja furado. A sensibilidade de Pop Art é tal, que me senti observando uma obra de arte em um museu: as curvas que o texto cria, as voltas, a superficie. É quase como se nós, leitores, pudéssemos ver aquilo acontecendo, sendo criado em um universo onde muitas coisas são possíveis. A sensação que tive ao término era que acabava de acordar de um incrível sonho. Me sentia leve, como se pudesse simplesmente voar.
O conto A capa, por outro lado, mostra o quão psicótico Hill pode ser. Me provou que ele é, de fato, filho de seu pai. Conta a história de um menino que um dia descobre que a capa que usa para brincar tem o poder de fazê-lo flutuar no ar. E tem um dos finais mais surpreendentes da coletânea, tanto que meu queixo caiu ao terminar, tamanho o meu choque.
Creio, no entanto, que o conto que realmente explicita ao leitor o quão bom Hill é e o quão incrível ele ainda vai ser é o conto A máscara do meu pai. Este é o conto mais macabro, assustador, poético, bizarro, tocante e sem sentido que li em muito tempo. Conta a história de um menino de 13 anos que é levado pelos pais a um chalé no meio da floresta, pois uma corretora está indo avaliar os bens deixados pelo avô recém-falecido. Como um típico adolescente, Jack preferia estar passando um tempo com os amigos, mas não teve escolha. A mãe, para distraí-lo, o envolve em uma brincadeira sobre estarem sendo perseguidos por alguém que quer especificamente capturá-lo. Acostumado às brincadeiras da mãe, Jack não lhe dá ouvidos até que chegam ao chalé. Um chalé totalmente decorado por máscaras de todos os tipos e modelos e que, segundo a mãe, são o único jeito de protegê-los de quem os persegue. Não sei o motivo, mas este foi o conto que achei mais belo e estarrecedor no livro. Creio que seja porque, visualmente, a ideia das máscaras foi a mais bela e delineada para mim. E o final? U-A-U-!
Hill já faz um sucesso moderado lá pelos States, embora só esteja chegando ao Brasil recentemente. Mas marquem minhas palavras: este autor (nem-tão-novato-assim) vai ser grande. Provavelmente vai ganhar o título de Mestre de alguma coisa, assim como o pai. Ele tem o dom das palavras e sabe usá-lo para deixar a nós, leitores, de queixo caído e cara de bobos. E, muitas vezes, isso é tudo que se pode querer.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Top 5 Séries (de Livros) de Fantasia Medieval

Em homenagem ao Dia Nacional dos Livros (que foi dia 29 de outubro), venho postar o meu ranking super especial de Séries (de Livros) de Fantasia Medieval. Sim, fiz uma compilação das minhas cinco séries favoritas desse gênero (com o mínimo de spoilers possível - geralmente apenas do 1º livro) que tem se tornado a cada dia um sucesso maior, não só no Brasil como ao redor do mundo. Então sem mais enrolação, vamos ao Top 5 de Fantasia Medieval:


TOP 1: As Crônicas do Gelo e Fogo de George R. R. Martin

Resuminho: A história se inicia com a chegada do Rei Robert Baratheon à Winterfell, cidade mais importante do Norte, governada pelo seu grande amigo e defensor do Norte, Eddard Stark. A Casa Stark descende dos antigos reis do Norte e como uma das mais respeitáveis e antigas casas de Westeros (o país onde se passa grande parte da história, também conhecido como os Sete Reinos) tem o dever de proteger o Norte, que inclui a Muralha - litaralmente um muro de gelo de mais de 200 metros de altura que protege Westeros de misteriosas criaturas que vivem no congelado e desconhecido Norte. Rei Robert pede ao velho amigo Ned Stark para ir para a capital Porto Real para servir na corte como seu braço direito - a Mão do Rei. Depois de relutar, Stark aceita e é aí que começa todo o conflito, pois Robert acaba morrendo e uma enorme guerra eclode na tentativa de decidir que assumirá o Trono de Ferro.

É desnecessário dizer o quão divertida é a série de livros criada por George Martin, visto que é uma das séries de fantasia de maior sucesso que já vi, e mais ainda nos últimos anos. Para quem não sabe, isso aconteceu basicamente com o lançamento da série de TV do canal americano HBO, chamada Game of Thrones. Para se ter noção do alcance da série (de livros), o crítico literário Damien Walter, do jornal inglês The Guardian, a comparou às obras de Homero, Sófocles e William Shakespeare.

Segundo a sempre confiável Wikipédia (-not), a série começou a ser escrita em 1991, começando a ser publicada lá nos EUA em 1996. Até o momento, cinco dos sete livros já foram escritos e publicados e o sexto tem previsão do autor de ficar pronto lá pra meados de 2014 ou 2015. Então temos algum tempo para aproveitar e discutir sobre o assunto. São dezenas de personagens contando a história de sua perspectiva única e pessoal, o que imediatamente humaniza todo e qualquer vilão ou herói tornando-os não mais do que humanos. Não há personagens exclusivamente bons ou maus, há personagens mais ou menos honrados ou egoístas. A parte da fantasia é bastante definida em certos momentos, mas não em outros. Da mesma forma que há dragões, magia, profeciais e cadáveres que se levantam, há todo um contexto político de diversas Casas e clãs em uma batalha pelo cobiçado Trono de Ferro. Algo que é bastante original na série de Martin é a sua forma de contar a história por meio de PdV (pontos de vista), sendo que cada capítulo consiste na narração em primeira pessoa de um personagem diferente, em estilo de revezamento. É uma série excelente e, embora seja gigantesca, dúvido muito que alguém se arrependa de mergulhar em sua história.

Pontos fortes: George Martin é um psicopata sanguinário que não têm limites no que se refere a matar e trucidar os próprios personagens. Isso é lindo. É uma história sobre a guerra e ninguém está seguro, nem mesmo as crianças, nem mesmo os protagonistas, nunca se sabe quem é o próximo a morrer. A história é extremamente envolvente e as tramas políticas são tão bem trançadas que também nunca sabemos em quem podemos confiar na corte. Depois de um tempo, o leitor acaba ficando tão paranóico quanto os personagens, vendo sombas com adagas atrás de cada esquina e isso é simplesmente espetacular.

Pontos fracos: Na minha opinião é o uso indiscriminado da tática acima. Sim, matar protagonistas é o ponto forte E fraco. Chega a um ponto em que você torce, reza, chora e implora para que aquele personagem não morra. E é claro que não adianta nada. Outro ponto fraco é a mudança brusca de PdV's, pois quando a história daquele personagem está realmente engrenando e ficando empolgante, mudamos para outra pessoa. É claro que isso é uma tática esperta para manter o leitor preso, e funciona, mas ao mesmo tempo é cansativa. Em outras palavras, os pontos fracos não são tão fracos assim, nada que desmereça a obra.


TOP 2: A Crônica do Matador do Rei de Patrick Rothfuss

Resuminho: Essa série conta a história de Kvothe, um arcanista (o termo usado na história para quem usa simpatias, ou magia) bastante conhecido por seus atos. A história se passa em dois tempos: o primeiro é quando Kvothe conta a história de sua vida ao Cronista (história essa que levará três dias para ser contada - um livro para cada dia) e o segundo é a narrativa em si, em primeira pessoa. Depois de se tornar extremamente conhecido por seus atos, Kvothe desapareceu no mundo até ser rastreado pelo Cronista até uma pousada que abriu para levar uma vida tranquila. Lá o escritor o convence a contar sua história: ele é o último integrante de uma antiga tribo de artistas itinerantes conhecidos como os Eduna Ruh - vistos pelas pessoas como bandidos e mendigos -, isso porque sua tribo foi exterminada em um ataque, sendo ele o último sobrevivente. Os responsáveis são um misterioso e temido grupo chamado de O Chandriano (um grupo de guerreiros demoníacos), os quais as pessoas evitam até mesmo pensar ou pronunciar o nome, tamanho o medo que inspiram. Obcecado pelo grupo, Kvothe decide descobrir mais sobre o assunto além de se aprofundar no estudo de simpatias, então vai à Universidade - a grande escola de arcanistas. É claro que até conseguir chegar lá, passa fome, mendiga, rouba e vive nas ruas, tentando ao máximo encontrar em jeito de alcançar seu sonho. Depois de muitos problemas, ele chega à Universidade para encontrar um mundo de desafios ainda a serem vencidos.

Essa trilogia é sem dúvida alguma uma das mais incríveis histórias que já tive o prazer de ler. Apesar de apenas dois dos livros já terem sido lançados (o terceiro ainda está sendo escrito), estou obcecado pela forma como Rothfuss descreve tão detalhadamente a história de Kvothe que não há outra palavra para descrevê-la: épica. O fato é queé fácil e simples se apaixonar pela construção universal que Rothfuss criou. O (maldito do) autor é bastante talentoso e criativo, criando toda uma nova visão dos nomes dos objetos (tal qual no Ciclo A Herança), na forma como conhecer tais nomes influencia as simpatias e na utilização de alquimia, runas e simpatias em si como forma de encarar o mundo.
Ha todo um universo de lendas, religião e histórias de fogueira por trás das histórias de Kvothe. Um universo tão amplo que é uma pena que o autor não queira aprofundar em outras vertentes e desenvolver ainda mais a história para além de apenas três livros.

Pontos fortes: Rothfuss é extremamente descritivo e detalhista, quase criando uma pintura mental da história. Mesmo assim, em nenhum momento a leitura se torna lenta ou truncada, muito pelo contrário: a leitura flui com uma beleza quase poética. É apaixonante! Essa trilogia é ainda mais rica em termos de contrução do que a série de George Martin, na minha opinião. Portanto, está empatada em primeiro lugar no ranking, juntamente com a série de livros anterior (a coloquei como segunda favorita apenas por motivos de organização e por ter menos livros, o que é uma pena). Os personagens que convivem com Kvothe (e ele próprio) são muito interessantes e divertidos de se acompanhar, é inevitável o leitor acabar gostando deles e virando um fã. Aprovo as cenas de conteúdo sexual/erótico no segundo livro (O Temor do Sábio), pois por mais leves que sejam, são necessárias para a formação do personagem. E cá entre nós, não são nada explícitas.

Pontos fracos: Inicialmente, por serem apenas três livros e não uns 20: ponto muito negativo (;D). Falando sério agora, me incomoda, às vezes, os rumos que a história toma. Claro que isso não é um defeito, faz parte da história, mas é que tenho a impressão que Kvothe é tão poderoso e impressionante que me decepciono com algumas atitudes humanas dele (isso seria algo bom, não?). Tô confuso se isso é algo bom ou não, fica a anotação, de qualquer forma. Embora não seja condescendente com seus personagens, creio que falte ao autor um pouquinho do sangue frio de George Martin na hora de escrever a história, pois a violência é sutil e bela, sim, mas faz falta algo mais tangível em um livro adulto como este.
"I have stolen princesses back from sleeping barrow kings. I burned down the town of Trebon. I have spent the night with Felurian and left with both my sanity and my life. I was expelled from the University at a younger age than most people are allowed in. I tread paths by moonlight that others fear to speak of during day. I have talked to Gods, loved women, and written songs to make the minstrels weep. You may have heard of me." – Kvothe.

 

TOP 3: Ciclo A Herança de Christopher Paolini

Resuminho: Dragões! Hahahaha, isso basicamente resume a “trilogia de quatro livros” de Christopher Paolini. A história começa no livro Eragon, com um jovem fazendeiro chamado Eragon (dã), de 15 anos, encontrando uma grande pedra na floresta durante uma caçada (na verdade, a "pedra" é mandada magicamente para ele). Inicialmente pensando que é algum tipo de pedra preciosa, logo o jovem descobre que é um ovo de dragão quando este choca para ele, nascendo uma fêmea de dragão que é nomeada de Saphira. À medida que o dragão cresce vamos descobrindo mais a respeito da Alagaësia, reino onde se passa a história. Descobrimos que os Cavaleiros de Dragão eram um antigo grupo que mantinha a ordem em todo o reino até que foram traídos por um de seus membros - o Cavaleiro Galbatorix -, quando este enlouqueceu com a morte de seu dragão. Tendo o pedido de ter outro dragão recusado, Galbatorix convence outros 13 Cavaleiros (posteriormente chamados de Os 13 Renegados) a se juntarem a ele, rouba um dragão recém-nascido e o enfeitiça para obedecê-lo (seu nome é Shruikan e ele enlouquece devido aos feitiços), mata inúmeros Cavaleiros, levando a Ordem à beira da extinção e assume o trono da Alagaësia como rei e soberano, roubando os últimos três ovos de dragão e os mantendo em cativeiro (Saphira era um desses ovos, sendo roubada e caindo nas mãos de Eragon). Devido à ligação entre Cavaleiros e Dragões, estas pessoas ganham a habilidade de fazer magia e viver centenas de anos (imunidade à idade, mas não a ataques ou doenças), além de poderem se comunicar telepaticamente com seus dragões. Assim, Eragon e Saphira se tornam a única esperança de salvar a Alagaësia do domínio psicótico do rei, uma vez que são os únicos Cavaleiro e dragão livres (e até onde se sabe, ela é o único dragão vivo além de Shruikan). Assim, com a ajuda do contador de histórias Brom, do espadachim Murtagh e da elfa Arya, vão procurar os Varden que são um grupo de rebeldes que tenta tirar o ditador do trono.

E esse é um belo de um resumo. A história é muito mais complexa do que isso, acreditem em mim, incluindo na narrativa elfos, anões e Urgals (uma raça de guerreiros temidos que lembram os orcs de Tolkien). Quando vamos lendo, é divertidíssimo descobrir sobre o território da Alagaësia junto com Eragon, que nunca saiu de sua vila, Carvahall, onde morava com o tio e o primo Roran. Os cenários são incrivelmente ricos e bem descritos e quase sempre com magnitudes impressionantes para meros humanos (isso porque sempre temos como parâmetro de comparação os dragões). Eu achei particularmente fácil entrar na história. paolini é um bom escritor e realmente te prende ao livro.

Vale lembrar ainda de personagens fortes como Nasuada (de quem virei fã), Angela (que é simplesmente tão divertida por ser completamente louca e misteriosa) e Solembum (o mais do que complexo menino-gato). Isso sem falar na belíssima rainha dos elfos, Islanzadi, no sempre companheiro Orik e nos grandes mestres Brom, Oromis e Glaedr. A forma como Roran cresce de um simples rapaz de fazenda a um guerreiro respeitado por todos os Varden é excepcional de se ver. Martelo Forte sem dúvida se destacou no livro.

Pontos fortes: Considerando que o Paolini escreveu o primeiro livro aos 15 anos (sim, você leu certo, 15 anos), Eragon é surpreendentemene bom. A série vai crescendo à medida que se avança nela. Eu, pelo menos, tive a impressão de que o protagonista amadureceu, mudou e cresceu no decorrer dos quatro livros e isso é ótimo. Gosto da forma puramente platônica pela qual Eragon demonstra estar apaixonado pela Arya: é bonito de ver, e estranhamente realista com aqueles momentos embaraçosos que nós, meros mortais, conhecemos tão bem de nosso dia a dia. A criação da Língua Antiga como forma de controlar a magia é especialmente criativa e bem construída. Gostei da forma como os nomes fazem a diferença, tanto por significar a essencial, como por invocar a magia.

Pontos fracos: À primeira vista, o final "em aberto" da série. Não sei o que eu esperava, mas embora a conclusão tenha sido satisfatória, me deixou com gostinho de quero mais e mal posso esperar para que Paolini volte a este mundo, nem que seja com outros personagens (fica a ideia: que tal acompanhar um novo Cavaleiro alguns anos após o final de Herança?). Achei uma pena certos lugares serem tão pouco explorados: como por exemplo Vroengard ou Uru'baen, que tinham muito mais a mostrar caso fossem devidamente explorados.


TOP 4: O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien  

Resuminho: Humanos, hobbits, elfos, anões, orcs, ents, etc, etc. Qual é, quem não conhece a história do mala do Frodo e seu amigo Sam? Mas vamos lá: a história começa quando o mago Gandalf, o Cinzento incumbe quatro hobbits (que para quem não sabe, são uma raça humanóide extremamente amigável com pés enormes e peludos) de participarem de uma expedição para destruir o Anel do Poder - o único Anel que pode controlar todos os demais (no universo da Terra-Média de Tolkien, todas as raças têm Anéis próprios, exceto os hobbits porque não se interessam por magia). O Anel só pode ser destruído nas Montanhas da Perdição que fica em Mordor, o território de Sauron - ex-proprietário, que forjou o Anel e o quer de volta, enviando seus expectros para buscá-lo. Assim, forma-se a Sociedade do Anel, um grupo formado por membros de todas as raças da Terra-Média que partem com o objetivo de destruir o objeto que dá poder ao senhor do mal (Sauron). Os membros que partem inicialmente na expedição são: Frodo, Sam, Merry e Pippin (os hobbits), Aragorn e Boromir (os dois humanos), Legolas (o elfo), Gimli (o anão), além de um mago - Gandalf. E é basicamente isso, depois que eles partem, acabam se separando e blá blá blá, vocês sabem o que acontece.

Como não tive tempo/paciência de ler O Hobbit ou o Silmarillion, comentarei apenas sobre a trilogia principal de Tolkien. Então vamos lá: começando a explicação pelos Anéis:

"Três Anéis para os Reis - Elfos sob manto celeste,
Sete para os Senhores - Anões em seus corredores rupestres,
Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu sombrio trono
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam." - poema sobre os Anéis.

Por causa deste poema, muitas vezes os Anéis são referidos apenas como os Três, os Sete ou os Nove, assim como o Anel de Sauron é chamado de o Um. Isso é importante porque o propósito de Sauron era dominar todos os outros Anéis, usando o Um para abrir para sua visão e controle o pensamento e as vontades daqueles que usavam os outros Anéis. Mas isso não aconteceu, porque logo que Sauron colocou seu Anel, os elfos imediatamente perceberam sua presença em suas mentes e qual era a sua intenção e esconderam os Três. Vou me limitar a essa explicação breve, porque um detalhe da história de Tolkien: é extremamente extensa e detalhada. Ele criou e recriou secúlos de história ficcional, sendo que a narrativa da qual Frodo participa ocorre na Terceira Era. Recomendo fortemente que, se você tem interesse por narrativa de fantasia medieval, passe algumas horas no Wikipédia, pulando de um artigo para outro e descobrindo os nomes de reis anões que morreram séculos antes de Gandalf e seus conpanheiros surgirem.

Moving on, não vou me dar ao trabalho de perguntar porque diabos a Sociedade do Anel inteira não foi voando até Mordor numa das águias do Gandalf e jogou a porcaria do Um Anel no fogo, de uma vez, ao invés de mandarem dois hobbits atravessarem a porcaria do continente à pé (tem um video no Youtube disso - creio que seja final alternativos para filmes. Procurem.), mas sério Tolkien? Sério?

Enfim, claro que isso é só uma piada (então, talvez nem tanto), porque gosto muito da trilogia formada por A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei. E devemos agradecer ao Tolkien pela abertura do gênero lá em meados de 1954, sabendo que a fantasia jamais teria tanto espaço não fosse pela aventura de Frodo Bolseiro. Por isso, fica registrado o meu Muito Obrigado, Velhote! para o autor.

Pontos fortes: O declínio mental de Frodo é uma das partes mais interessantes da trilogia - apesar de ser também uma das mais lentas e, por isso, tediosas. Mas vale como ponto positivo pela construção que isso dá à personalidade da personagem. Pontinho positivo também pela extensíssima criação de universo do Tolkien. Cara, é impressionante o quão complexa é a cultura, lendas e história passada antes da narrativa principal: palmas pro autor por isso!

Pontos fracos: Pra ser sincero, ao ler a trilogia, a sensação que tive era que estava lendo por obrigação: como fã de fantasia, é quase obrigatório ler O Senhor dos Anéis, certo? Pois é, mas algumas partes são tão massantes, mas tanto, que quase abandonei a leitura. Outro detalhe que me incomodou é a inserção de poemas e música pra tuuuuudo. Calma, Tolkien, eu sei que sua história é rica e poética e linda, não precisa mostrar isso a cada duas páginas com um poema élfico de oito parágrafos. Quer um exemplo? Na parte dos Ents (acontece n’As Duas Torres), o Ent Barbarvore vai beber água, ele canta. Ele vai andar, ele canta. Ele para de andar pra pensar, ELE CANTA! Haja paciência, juro (por outro lado, caso você tenha mesmo paciência para ler, são poemas e música muito bonitas, admito).


TOP 5: Rangers: Ordem dos Arqueiros de John Flanagan

Resuminho: A história gira ao redor de Will, um garoto órfão pequeno e frágil, que sempre sonhou em ser um guerreiro, assim como seu pai, mas não consegue devido ao corpo magro e não tão forte. Com 15 anos, Will é recusado para a escola de guerra e, sem habilitades específicas para as outras escolas do feudo, acaba chamando a atenção do Arqueiro Halt, que o aceita como aprendiz. A partir de então, vemos o treinamento de Will com Halt, um dos mais experientes e renomados Arqueiros do reino de Araluen. Nesta história, a Ordem dos Arqueiros é um grupo de elite que treina membros escolhidos a dedo na arte do arco e flecha, além de facas de atirar e camuflagem. Na história também temos o amigo de infância de Will, Horace, que entra na escola de guerra e se destaca por sua habilidade com a espada. Enquanto o treinamento de Will começa, Morgarath - Senhor das Montanhas da Chuva e da Noite - está decidido a tomar o trono de Araluen, não importa o que tenha de fazer. É assim que Halt recebe a missão de evitar o assassinato do Rei Duncan, levando Will com ele. Há muitos outros personagens e histórias, mas para não soltar spoilers, vou me limitar a essa sinopse e parar por aqui.

Para fechar o Top 5 de Fantasia Medieval, venho comentar sobre esta última série de fantasia, escrita pelo australiano John Flanagan. E embora seja para um público mais infanto-juvenil (tô passando da idade, mas ainda dá pro gasto), ainda me diverte mais do que muitos livros que se levam à sério demais. É muito legal notar que os Arqueiros do reino são misteriosos, visto pela população comum os vê como feiticeiros, principalmente por andarem sem serem notados. Além disso, o trabalho de um arqueiro é espionar e levar mensagens de um feudo a outro, aconselhando os nobres e auxiliando as tropas com estratégias de guerra. É por isso que os Arqueiros de Flanagan me parecem uma espécie de espiões medievais misturados com estrategistas de guerra, e por isso são tão interessantes de se acompanhar.

John Flanagan, o autor, contou em entrevistas que originalmente escreveu a história em formato de 20 curtos contos endereçados ao filho Michael. Isso porque o garoto tinha complexo de ser magro e pequeno demais para a idade, então criou-se um personagem com estas características que consegue ser o herói mesmo assim. Devo dizer que sou grato ao Michael e ao pai, pois Rangers é uma história ótima para iniciar alguém à fantasia. Isso porque não há dragões ou elfos. É uma história medieval sobre um grupo de guerreiros bem treinados que se destacam na arte de se camuflar. Oi? Pois é. É quase uma história de espionagem que se passa na Idade Média.

Já são nove livros publicados no Brasil, nove dos contos de Flanagan. E mal posso esperar pelos próximos. E por melhores que sejam, são desapontantemente curtos, alcançando no máximo 200, 250 páginas. Dá até raiva porque tem tanta coisa a ser contada e ele não conta. Pena.

Pontos fortes: Will e Horace são personagens extremamente adoráveis. É impossível não perceber a química entre eles, como amigos de infância que realmente se entendem, se provocam, mas ainda assim, se gostam. Halt é um homem extremamente capaz e único e embora esteja sempre mal-humorado, é divertidíssimo ver o quanto ele se preocupa e gosta do aprendiz.

Pontos fracos: Embora a história em si seja relativamente longa, o autor escolheu contá-la em contos relativamente independentes, o que significa que el não aprofunda realmente em nenhuma das histórias, com excessão, talvez, da primeira, As Ruínas de Gorlan, que nos introduz ao universo. Outro ponto negativo é o fato de os livros serem tãããão curtos. Cara, eu gosto tanto, mas me dá uma dor no coração ler apenas 250 páginas e acabar mais uma história.


Enfim, bitches, este é o meu Top 5 de Fantasia Medieval. Espero que vocês tenham gostado. Me digam o que acharam abaixo, ok? Se concordam comigo, digam como onde e porque; e se não concordam, também. Aceito sugestões de novas séries de fantasia. Estou sempre à procura de coisas novas.

Fui...
 o/