sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Baboseira Sofisticada
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Tinker quem?: O Melhor e o PIOR do OSCAR...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Belo e Vazio
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Reencontro dos Tolos
O cenário é Budapeste. Um homem chamado Jim Prideaux (Mark Strong) está sentado num café com outro homem. Ambos esperam a chegada de um terceiro que possui informações sobre um possível agente duplo dentro do mais alto escalão do MI6. O garçom se aproxima se aproxima, tremendo e suando. É o primeiro sinal de que alguma coisa está errada. Jim percebe, se levanta, mas já é tarde demais. O garçom entra em pânico e dispara duas vezes: o primeiro acerta uma moça sentada numa cadeira em frente com uma criança no colo. O segundo acerta Jim nas costas que cai, sangrando no chão da calçada.
É com Jim que a história se inicia, se desenrola e termina, pois é Jim o estopim para os acontecimentos que virão em seguida, no filme O Espião que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, ING, 2011), em cartaz no cinemas de todo o Brasil.
A suspeita é simples. De acordo com o líder do MI6, Control (John Hurt) há um espião, bem no topo do "Circo". Ele está lá por anos e é um de cinco homens: Bill Haydon (Colin Firth), Percy Alleline (Toby Jones), Roy Bland (Ciarán Hinds), Toby Esterhase (David Dencik) ou George Smiley (Gary Oldman). Mas como descobrir um inimigo que está escondido bem diante de seus olhos? E pior: depois o que fazer com ele? Entretanto quando Control morre do coração, a missão de descobrir o espião dentro do MI6 cai nas mãos do semi-aposentado Smiley.
Baseado no romance homônimo de John Le Carré, O Espião que Sabia Demais de 1974 é considerado por muitos, sua obra prima. E isso vindo do autor de obras clássicas da espionagem contemporânea como O Espião que Veio do Frio, O Jardineiro Fiel e A Casa da Rússia, é muito. Difícil dizer se de fato o é, mas com certeza é um dos mais complexos. São dezenas de personagens, reviravoltas, flashbacks, informações e outros tantos nomes, que são capazes de deixar o mais atento dos leitores confuso.
Não é o caso da adaptação dirigida pelo sueco Tomas Alfredson. Vindo do sucesso do drama de terror, Deixe ela Entrar, Alfredson teve a dura tarefa de fazer um trabalho melhor do que o realizado na minissérie de 1979 e mais: de tornar uma obra complicadíssima, num filme assistível.
Com um elenco do mais alto calibre britânico, o papel de George Smiley - que aparece em várias obras de Le Carré - caiu nas mãos de Gary Oldman, que esperou uma vida inteira pela oportunidade de mostrar todo o seu potencial em um papel que merece todo o seu potencial. O resultado é mais que primoroso.
Trata-se de um personagem de grande frieza, e que não demonstra seus sentimentos em momento algum, mas que no fundo é atormentado por uma série de questões morais e pessoais. Smiley acabou de perder o emprego, sua mulher o traiu e o tirou e agora ele tem que espionar seus próprios companheiros para descobrir um traidor que esteve escondido durante anos bem na frente de seus olhos.
Aliás, este é um filme onde não há um ator sequer fora do papel. Estão todos perfeitos e isso somado à interessante fotografia de Hoyte Van Hoytema e à trilha sonora de Alberto Iglesias, tornam esta uma das mais interessantes obras da espionagem do cinema contemporâneo de todos os tempos.
É também um anti-filme de espionagem. Não há perseguições ou tiroteios em O Espião que Sabia Demais e a sexualidade sedutora do agente James Bond aqui é substituída por momentos de homoeroticidade bem palpáveis - o que vindo de uma sociedade conservadora da Inglaterra dos anos 70 é algo bem delicado.
Ao contrário do livro, o filme foi capaz de condensar absolutamente o essencial, também proporcionando mais lineariedade à narrativa de Le Carré. Isso não diminui em nenhum momento a intelectualidade da obra original, ou os dilemas morais que ela apresenta. Afinal, qual é o valor da lealdade em uma sociedade que já não acredita mais nos seus ideais do pós-guerra, em seus líderes, ou nos líderes das nações vizinhas. São todos tolos, na verdade - os integrantes do "Circo". Seja por que eles acreditam em seus ideais, ou não.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Estrada para a perdição
The Red Star: a Estrela Vermelha une magia e ficção científica em um universo épico no qual é narrada a queda de um império.
The Red Star: A Estrela Vermelha é uma história em quadrinhos criada por Christian Gossett em 1999 e que foi publicada no Brasil em 2001 pela editora Image, ao preço de R$ 5,50 e dividia em duas partes, cada uma contendo dois capítulos do formato original.
Em um universo paralelo, a União Soviética é chamada de U.R.E.V. (União das Repúblicas da Estrela Vermelha) e possui a força armada mais temida do mundo. Imensas naves, cada uma com três quilômetros de comprimento e vinte mil tripulantes, são chamadas de Fornalhas Celestes. Nesse universo, fantasia e ficção científica se misturam. Ao mesmo tempo em que existem naves, tanques e outros tipos de armamentos, feiticeiras também são usadas como uma espécie de canhões, de dentro das Fornalhas Celestes.
Maya Antares era uma dessas feiticeiras. É através dela que são narrados os acontecimentos da grande batalha do portal de Kar Dathra, uma invasão que ocorreu nove anos na nação conhecida como Al'istão (também uma analogia à invasão realizada pela União Soviética ao Afeganistão em 1978). A invasão - na tentativa de derrotar um supremo sacerdote - falhou miseravelmente e resultou na morte de Marcus Antares, seu marido e de milhares de outros soldados, na maior derrota da história da nação.
É Marcus quem Maya visita, através de monotrilhos que percorrem campos e mais campos repletos de túmulos cobertos de neve. No trem, ela encontra um veterano soldado chamado Vanya, com quem ela conversa e conta a história da grande batalha que foi o estopim para a derrocada de sua nação, que ela tanto defendeu.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
O Império do Besteirol
A ideia de uma franquia é de que cada novo episódio traga ao público mais do que o episódio anterior. Isso significa mais ação, mais perseguições e explosões, mais comédia, mais moças bonitas e por aí vai. Missão Impossível: Protocolo Fantasma segue exatamente essa noção de que quanto mais melhor.
A franquia de Missão Impossível, baseada na série de televisão de 1966, já teve quatro diretores diferentes. Brian de Palma dirigiu o primeiro filme, que teria sido memorável se a última sequência de ação não fosse tão absurda; John Woo (a resposta do oriente a Ed Wood) dirigiu o segundo que ainda é o pior de todos; J.J. Abrams debutou nos cinemas com o terceiro e agora Brad Bird, conhecido diretor da Pixar, assumiu as rédias do quarto e último filme da franquia - até agora.
Não funcionou muito bem. O que parece absurdo, visto que até agora foi o filme mais bem criticado tanto pela crítica quanto pelo público, e que vem somando horrores de bilheteria, deixando para trás até mesmo Sherlock Homes, War Horse (de Steven Spielberg) e Os Homens que não Amavam as Mulheres de David Fincher.
O filme é dividido em uma série interminável de blocos, cada um com uma sequência de ação mais espalhafatosa do que outra. Tanto que para que o filme começe, sã necessários três blocos: um agente da IMF (Impossible Mission Force), que carrega códigos de misseis nucleares e é assassinado; a fuga de Tom Cruise de uma prisão na Sérvia e finalmente uma invasão do mesmo Tom Cruise e seus colegas ao Kremlin.
Essa divisão, ao invés de promover um envolvimento maior do público para com a trama, cria uma certa ambivalência com o começo do filme, que deveria ser algo impactante o bastante para prender a atenção do espectador durante duas horas e quinze de filme. O que é o oposto feito por J.J. Abrams no filme anterior, com um começo mais do que impactante.
Aliás, Abrams que atua como produtor da obra, é quem deveria ter dirigido tudo. Discípulo de Spielberg, Abrams é quem tem a inteligência e a energia suficientes para catapultar o filme.
Durante uma missão mal resolvida no Kremlin, que resulta na destruição do histórico edifícil, Ethan Hunt e seus colegas serão vistos como inimigos públicos número um - responsáveis por um ato não declarado de guerra contra a Rússia - e deverão agir sem o apoio da IMF para reaver os códigos de misseis nucleares antes que tudo resulte numa guerra nuclear.
Uma possível nostalgia com a época da Guerra Fria, que rendeu filmes memoráveis sobre ação e espionagem? Difícil dizer. Mas Missão Impossível não foi o primeiro a voltar com essa temática, apesar das boas relações entre a Rússia e os EUA. O outro foi Salt, com Angelina Jolie.
Enfim... A coisa vai desandando a medida em que o filme avança. Com sequências de ação cada vez mais inverossímeis, aparelhagens tecnológicas que transcendem para a ficção científica e que deixariam James Bond de queixo caído e um humor cretino, Missão Impossível ao invés de progredir ao avançar da história, vai regredindo até se tornar uma das maiores decepções do ano em matéria de filmes de ação.
Na obra, os problemas vão se acumulando, como o absurdo das cenas de ação. Em uma sequência em Dubai, Ethan Hunt pula de um carro a cem quilômetros no meio de uma tempestade de areia feita por uma Computação Gráfica que não engana ninguém, não se machuca, vê seu carro se chocar com um outro veículo de frente, e vê esse veículo ser propulcionado no ar e não acertar seu corpo de um metrô e setenta por poucos centímetros.
A coisa não melhora muito. À parte dos efeitos especiais que não são tão bons assim, não há sequer um personagem interessante no filme, com exceção talvez, de Josh Holloway (o Sawyer da série Lost - também de J.J. Abrams), que interpreta o agente da IMF que morre no começo do filme.
O pior de todos é o vilão Kurt Hendricks, interpretado pelo sueco Michael Nyqvist, o mesmo que interpretou o jornalista Mikael Blomkvist na trilogia Millenium original, feito na Suécia. Nyqvist não tem um pingo de personalidade, ou nuances ou nada que sequer o compare com o vilão do filme anterior, interpretado pelo espetacular Phillip Seymor Hoffman.
Cruise, em seu retorno aos filmes de grande orçamento, nem cheira nem fede e também não acrecenta muita coisa ao personagem que já se esgotou faz um tempo.
A direção de Brad Bird é frenética, e o uso de CGI excessivo. Isso faz sentido, pois é o que ele conhece, mas a plasticidade digital não ajuda na construção das cenas mais complexas do filme, como a tempestade de areia em Dubai ou a explosão do Kremlin. A trilha sonora de Michael Giacchino (um dos melhores compositores da atualidade), sustenta o filme, mas não se destaca.
Pior ainda, é a ausência de um roteiro que consiga se reinventar, o que é muito importante em um filme desse tipo. A construção das cenas de ação é sempre a mesma: a equipe da IMF precisa entrar em algum lugar, pegar alguma coisa e fugir - o que sempre resulta numa perseguição absurda.
Uma pena, de fato. Ainda que nenhum dos filmes da franquia seja lá uma obra prima, é triste saber que do terceiro para o quarto filme não houve uma evoulção, mas sim uma regressão. Se Abrams filmou sequências de ação implausíveis, ao menos ele o fez com um realismo que não existe no último episódio. E ao explorar os recursos da narrativa, ele fez o que Bird não conseguiu: transformou o império do besteirol, no espetáculo da inverossimilhança.
Ausência de Sentido
A Saga Crepúsculo é um fenômeno recente da cultura pop adolescente que se iniciou através da literatura, quando o primeiro livro, justamente chamado Crepúsculo publicado em 2005. Desde então, a série já rendeu mais três livros e cinco filmes (o último ainda não estreou nem nos EUA, nem no Brasil), rendendo sabe-se lá quantos milhões de dólares em livros vendidos, camisetas, bonecos, cd's e ingressos.
Tamanho sucesso reergueu os vampiros ao status dos personagens mais interessantes (ou pelo menos mais comerciais e demandados), tanto na literatura quanto no cinema. São centenas de títulos, que vão desde Diários de um Vampiro e True Blood. O apelo ao personagem faz sentido. A procura por um indivíduo obscuro, à margem da sociedade é no mínimo intrigante.
Entretanto, o que intriga ainda mais - e não faz nenhum sentido - é a qualidade GROTESCA da maioria desses títulos, seja de acordo com os padrões literários, quanto cinematográficos. Personagens absurdamente artificais e situações incrivelmente absurdas, principalmente no caso de Crepúsculo, colocam os vampiros como os mais interessantes - e burros, personagens da literatura e do cinema contemporâneo.
A progressão do personagem do vampiro de monstro, para romântico e posteriormente boiola, foi uma coisa gradativa. Primeiramente, na obra de Bram Stoker, o vampiro em um monstro semelhante a um demônio, e depois tornou-se romântico com Entrevista com o Vampiro de Ann Rice. E agora, a obra de Stephanie Meyer aniquilou de todas as maneiras possíveis, o personagem, apresentando-o como um indivíduo que brilha no sol, tem mais de cem anos mas é virgem e com mentalidade adolescente, e por aí vai.
É nesse contexto de total degradação dos padrões de inteligência da cultura pop adolescente, que surgem as paródias. As paródias são o gênero cinematográfico mais porcaria, absurdo e desrespeitoso do cinema norte-americano. O que não impede seu sucesso, claro. Depois de uma espera agonizante, finalmente foi lançada uma paródia de Crepúsculo - e seus companheiros de jornada. Os Vampiros que se Mordam (Vampires Suck, EUA, 2010), decidiu por um fim à baboseira, com mais baboseira.
É a técnica de apagar o fogo com gasolina, mas nesse caso funciona. Não apenas o filme procura satirizar os livros e filmes da Stephanie Meyer e companhia, como qualquer outro elemento da cultura adolescente que faz tanto sucesso, explorando títulos que vão desde Os Diários de um Vampiro até Querido John.
Esse tipo de desconstrução de discurso requer inteligência. Se bem que nesse caso, inteligência não é muito necessária, já que a desconstrução já está presente no próprio discurso. O que não faz sentido. Como qualquer paródia, a melhor parte de Os Vampiros que se Mordam está no começo. Aquela parte onde é feita a introdução dos personagens e do universo, com uma precisão incrível. Mas conforme as piadas vão se acumulando, ao invés de complementarem umas as outras, elas acabam se sobrepondo e se esgotando.
É lógico que a obra dirigida por Jason Friedberg e Aaron Seltzer, não tem pé nem cabeça, e o humor vem do absurdo e da comédia estilo pastelão. Mas isso não impede a apreciação do filme como um todo, nem momentos de intensa gargalhada.
A melhor parte no entanto, reside nos atores. Especialmente em Jenn Proske, que interpreta Bella Swam. Observa-se desde o princípio, que a atriz canadense fez um estudo detalhado dos maneirismos de Kristen Stewart (com aquela expressão de perpétua enfastiada) com precisão hilariante.
Os Vampiros que se Mordam chega a ser inacreditavelmente absurdo. Mas talvez o absurdo esteja em como essa franquia conseguiu fazer tanto sucesso, com suas limitações tão evidentes de conteúdo ou inteligência. Isso sim não faz o menor sentido...