quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Quickly update!

Sim, estamos vivos. Desculpem o sumiço, minha gente tão bonita, mas eu e Roberto andamos sobrecarregados ultimamente. Final de ano, entrega de trabalhos sem fim para a faculdade, estágios, projetos, livros. Muita coisa acontecendo e pouco tempo para fazer tudo o que devemos. E olha a boa notícia aí: eu (Guilherme, ah vá) e aquela praga que nunca dá as caras aqui (a.k.a. Roberto) estamos nos embrenhando em um novo projeto que promete ser muito interessante. Fomos convidados para ser colunistas de um portal de cultura nerd. Não é lindo, gente?
O portal é o Who's Geek, que é novíssimo e vai ser muito legal. Deem uma olhada, stalkeiem a gente e whatever. Seremos em cinco pessoas de diferentes idades, falando de assuntos variados sobre essa cultura tão diversificada que é a cultura geek. Não deixem de dar uma checadinha, ok?
Mas não se preocupem, (pelo menos) eu continuarei a postar aqui neste blog. O sumido do Roberto que se manifeste depois sobre o assunto. =)

É isso, gente. Obrigado por checarem. Deem opiniões de assuntos (livros, filmes, séries) que gostariam que eu resenhasse. Tenho algumas idéias, mas vamos ver.

Até. o/

Batalha em novas frentes


Em um mundo que encara a guerra como um passatempo (vide os adorados filmes e jogos de videogame do gênero), ou como uma realidade muito, muito distante, é assustador notar que ela está bem ali, a um pulo do Brasil, do outro lado do oceano Atlântico. Na verdade, não é surpresa que a África é um continente sempre marcado por guerras. Todos sabem que as disputas por riquezas ou territórios devastam a planície africana há mais tempo do que podemos lembrar, mas essa sempre foi uma história que permanecia não contada.

O livro Muito Longe de Casa: Memórias de um Menino-Soldado, escrito por Ishmael Beah, conta esta história em vívidos detalhes. Em alguns momentos, mais detalhes do que podemos suportar. Vale ressaltar que este é um livro autobiográfico e não um livro-reportagem, pois toda a história é contada pelo próprio Ishmael, de seu ponto de vista, e relata fatos ocorridos com ele durante sua adolescência em Serra Leoa. E é necessário dizer: esse livro é simplesmente brilhante.

A história começa com o autor-protagonista aos 12 anos, indo viajar com o irmão e alguns amigos para se apresentar em um show de talentos. Fascinado pelo estilo hip hop americano, os garotos se aventuravam a cantar rap em inglês em concursos e festivais. Estavam em uma dessas viagens quando descobrem que seu vilarejo foi invadido pelos rebeldes. O ano era 1991. Sem poder voltar para casa, começa a buscar a sua família e a de seus companheiros, sem sucesso, viajando incansavelmente e passando por uma quantidade sem fim de dificuldades na estrada.

Em uma terra assolada pela guerra civil e em que jovens rapazes lutam tanto pelo exército quanto pelos rebeldes, alguns adolescentes viajando sozinhos não conseguem evitar a desconfiança que surge por parte da população. É inevitável ser perseguido ou expulso de vilas que surgem pelo caminho, sempre se escondendo da sombra criada pela RUF (Revolutionary United Front, ou Frente Unida Revolucionária). Esta organização é conhecida tanto por sua violência, que não diferencia soldados de civis, quanto por  recrutar jovens garotos para marcá-los com fogo e obrigá-los a integrar suas fileiras de combatentes.

Após se perder do irmão e dos amigos, o autor fica perdido na floresta por semanas antes de encontrar um novo grupo de jovens e se juntar a eles. E então, aos 13 anos, Ishmael é recrutado para fazer parte do exército de Serra Leoa. Por uma questão de sobrevivência acaba indo para a linha de frente, onde chegou a cargo de subtenente e ganhou o apelido de Cobra Verde devido a suas qualidades como soldado - se disfarçar e passar despercebido na selva e por, no caso de ser subestimado, ser letal. Permaneceu no exército até meados de 1996, quando foi retirado de suas funções militares por uma coalizão da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com ONGs, que objetivava afastar meninos-soldados do front.

Nos meses em que passa se reabilitando e tentando voltar a se acostumar à vida em sociedade, Ishmael também tem de enfrentar a abstinência das drogas a que se viciou no seu tempo no exército: maconha, brow-brow (uma mistura de cocaína com pólvora) e anfetaminas que forneciam energia durante o combate. Nessa fase de sua vida, a música volta a exercer imensa influência em sua recuperação, em especial o reggae de Bob Marley.

Após golpe de Estado que depôs o governo legalmente eleito, Ishmael fugiu de Serra Leoa, sendo adotado por Laura Simms que conheceu quando freqüentou o evento chamado Escola Nacional das Nações Unidas para discutir como acabar com a participação infanto-juvenil nas guerras. Hoje, Beah é formado em Ciência Política pela Oberlin College e atua em prol do fim dos meninos-soldados da África e do mundo. Abandonou os campos de batalha e a violência, mas nunca se esqueceu daqueles que lutaram ao seu lado. Agora luta por eles, em uma outra frente de batalha, para mostrar ao mundo tudo o que viveu, objetivando que outra não tenham de passar pelo inferno que ele próprio vivenciou.