segunda-feira, 24 de junho de 2013

Eternamente, no escuro



Não é surpresa para ninguém que vivemos em um mundo completamente baseado na tecnologia. Há tempos abandonamos como precárias e ultrapassadas as formas de sobrevivência sem a energia elétrica ou as diversas formas de tecnologia. Não me entendam mal, adoro a internet tanto quanto qualquer um, banhos quentes são perfeitos e ler à luz de vela deve ser um saco. Sem falar que se eu ficasse sem o Facebook, provavelmente passaria por uma época difícil de abstinência... mas enfim.
A série é Revolution, que conta a história de um mundo pós-apocaliptico onde todas as formas de energia desapareceram misteriosamente em uma noite. Quinze anos se passam e ninguém descobriu como, onde ou por que, mas a energia se foi e não voltou. Governos caíram e as milícias - grupos armados formados por pessoas comuns que querem poder -  tomaram conta, assumindo o controle e formando novos estados, obrigando pessoas a se juntarem a seus exércitos, monopolizando as armas. É nesse mundo que começamos a acompanhar a história, seguindo a vida da jovem e irritante Charlie Matheson (Tracy Spiridakos) que um dia volta para casa e encontra o pai à beira da morte, atacado pela Milícia Monroe. Enquanto agoniza no gramado, Ben Matheson (Tim Guinee) conta à filha que a milícia queria algo dele e, como não conseguiram, levaram seu outro filho, Danny (Graham Rogers), como prisioneiro. Em busca do irmão sequestrado, Charlie parte na companhia do amigo de seu pai, Aaron (Zak Orth), e da madrasta, Maggie (Anna Lise Phillips), para a antiga cidade de Chicago para pedir ajuda ao tio ex-militar, Miles (Billy Burke). Tirando o pequeno fato de ter de atravessar metade do país à pé para buscar uma pessoa, eles chegam a Chicago com relativa facilidade e, muito embora Miles seja procurado pela milícia, o encontram facilmente. Além disso, mesmo que ele afirme não ter nada a ver com a situação e se recuse a participar da expedição, em cerca de cinco minutos é convencido, partindo para recrutar a ex-amante e rebelde especialista em explosivos, Nora (Daniella Alonso).
E isso não é tudo, no decorrer dos episódios, à medida que o grupo se aproxima do objetivo de resgatar Danny das mãos do destacamento de milicianos - liderado pelo Major Tom Neville (o incrível Giancarlo Esposito, que interpretou Gustavo 'Gus' Fring em Breaking Bad) - que o leva até o quartel general da Milícia Monroe, conhecemos outros personagens tais como a mãe de Charlie e Danny, que achávamos estar morta, Rachel (Elizabeth Mitchell, de Lost) e o próprio General Sebastian ‘Bass’ Monroe (David Lyons). O mais interessante, ou devo dizer ‘a única coisa interessante’ em Revolution são os personagens secundários. Os protagonistas Miles e Charlie são chatíssimos e bastante entediantes. Sem falar que entram na história uns certos pingentes que quando pressionados, trazem de volta a energia em uma raio de poucos metros. Não me perguntem como ou porquê.
Algo que me incomodou à medida que estava assistindo foi que os personagens insistem em manter uma moralidade que não é propícia a um mundo pós-apocalíptico. Olha, eu sinto muito, mas agir como uma boa alma que quer ir pro céu vai te matar em um mundo cheio de foras-da-lei, mercenários e pessoas morrendo de fome (que te matariam por um pedaço de pão). Manter vivo um mercenário enviado para te capturar ou matar (como a jovem Charlie convence Miles a fazer) é arriscado e imbecil, pra não dizer inocente.
Mas honestamente a série melhorou do 10º episódio em diante. E melhorou bastante. Mas não vou dar pontos por isso porque a série deveria ser boa antes. Foi difícil chegar ao 10º episódio antes de me interessar: quase abandonei inúmeras vezes. 
Conclusão? Não vou dizer para não assistir, assim como não direi para assistir. Mas fica o aviso: se planeja começar a série, prepare-se para episódios bem cansativos e irritantes e atitudes imbecilescas (se é que essa palavra existe - vale a invenção apenas para caracterizar os personagens de Revolution) dos personagens, que aparentemente não se acostumaram com os perigos desse novo mundo embora vivam nele há uns 15 anos. O aviso está dado, o resto é por sua conta e risco.
"Revolution". Título original: "Revolution - First Season". Ano: 2012. Nacionalidade: EUA. Diretor: Steve Boyum, Charles Beeson. Roteiro de: Eric Kripke, Monica Breen, Paul Grellong, Matt Pitts, David Rambo, Anne Cofell Saunders e Melissa Glenn. Produzido por: Paul Grellong, J.J. Abrams, Eric Kripke, Bryan Burk, Jon Favreau e Geoff Garrett. Estrelando: Billy Burke, Tracy Spiridakos, Graham Rogers, Zak Orth, Daniella Alonso, Elizabeth Mitchell, Giancarlo Esposito e David Lyons. Com: Tim Guinee,  Anna Lise Phillips, JD Pardo e David Meunier. Música de: Christopher Lennertz. Duração: 20 eps. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 6,5/10.