terça-feira, 20 de agosto de 2013

Coisas de Hollywood


Quem lê a sinopse pode até se perguntar: mas e daí? Eles eram só alguns adolescentes invadindo a casa de celebridades e roubando uma coisa ou outra. Quão dano eles podem ter causado? E eu vou lá e te conto que a Gangue de Hollywood, chamada pela imprensa norte-americana de Bling Ring, roubou cerca de 3 milhões em roupas e acessórios de marcas e grifes famosas. Sim, você não leu errado: são três MILHÕES de dólares.

Para quem não sabe do que estou falando, me refiro é claro à história contada no longa-metragem Bling Ring: a Gangue de Hollywood (The Bling Ring, EUA, 2013), atualmente em exibição nos cinemas. A trama contada no filme é baseada em um artigo da revista Vanity Fair, escrito sob o título de “Os Suspeitos Usavam Louboutins”, contando a história real ocorrida em Los Angeles entre outubro de 2008 e agosto de 2009.

A história se passa com um tímido garoto chamado Marc (Israel Broussard) que, ao se mudar para uma nova escola, acaba fazendo amizade com a popular Rebecca (Katie Chang). No desenrolar da história, percebe que a moça tem uma inclinação para o furto, em especial de objetos de grifes famosas. É numa dessas que, vendo pela internet que a celebridade está fora da cidade, decidem invadir a casa de Paris Hilton, apostando que ela guarda a chave embaixo do tapete de entrada. Quando de fato encontram a chave no lugar imaginado (sem necessidade, pois, por incrível que pareça, a porta estava destrancada), começa a história de invasões a casas de celebridades. Suas vítimas incluíam não apenas a ‘pobre’ Paris Hilton (visitaram a casa da moça ao menos quatro ou cinco vezes), como também Audrina Patridge, Rachel Bilson, Orlando Bloom, Megan Fox e Lindsay Lohan, entre outros.

Após a primeira invasão à casa de Paris Hilton, não demorou para que outraos membros fossem agregados ao grupo (não que Marc e Rebecca tenham sido discretos a respeito de onde e como estavam conseguindo as peças caras). Sempre com a ajuda do milagroso Google Earth e da toda abençoada internet, a Gangue de Hollywood encontrava facilmente o endereço de seus alvos e, descobrindo que estavam fora da cidade em eventos de cinema ou gravações, furtavam rapidamente o máximo de produtos que conseguiam.

O longa-metragem foi dirigido por Sofia Coppola, que não propriamente faz filmes bons ou ruins. A moça tem um estilo próprio que agrada a alguns e a outros, não. Eu? Acho seus filmes, na falta de palavra melhor, peculiares. E Bling Ring certamente é um filme divertido de se assistir, quiçá um dos melhores da diretora (o que não o torna necessariamente bom, vejam bem). Mas eu certamente ri ‘às pencas’, como dizia minha avózinha. Mas isso é tudo. Não há realmente um final para a história e o roteiro não traz nada de muito novo, nada de grandes revelações. Diverte e é só. Então não vá esperando uma história que vai mudar sua vida.

Entretanto, há alguns pontos positivos que merecem destaque: a trilha sonora, que encaixou como uma luva em um filme sobre o consumismo desenfreado; a câmera de mão é convincente em alguns momentos, acompanhando os membros da gangue; mas principalmente, o que mais se destacou no filme, foram duas atuações inesperadamente (tá, talvez nem seja tão inesperado assim) boas. A atuação de Israel Broussard como um dos ‘líderes’ (assim, entre aspas mesmo, porque quem lidera todo é a popular Rebecca) é convincente e gostei de como ele mostra dúvida e humanidade. A outra atuação que merece destaque, na minha opinião é a melhor do filme, e o centro das atenções sempre que está na tela: Emma Watson.

Não há outra palavra para descrever a atriz que viveu Hermione em Harry Potter: sexy. Se você, caro leitor, tinha alguma dúvida sobre a qualidade da moça como atriz ou se ela conseguiria superar Hermione Granger e deixar a adorável sabe-tudo para trás, pode se acalmar na cadeira. No momento em que ela dança loucamente em uma festa ou quando faz uma pole dance na balada particular na casa invadida de Paris Hilton, você sabe que ela conseguiu algo que Dan Radcliffe ou Robert Pattinson nunca conseguirão: ela superou sua personagem e o estigma de fazer um filme de sucesso. Emma simplesmente brilhou no papel coadjuvante de Nicki e roubou a cena, abandonando o sotaque britânico e adotando uma irritante voz de adolescente mimada.

Bling Ring pode não ser um espetáculo, mas diverte. Vale pela jornada, pela riso que provoca, pela crítica ao consumismo desenfreado à lá “é um estilo de vida”, e pelos louboutins. Ah é, e claro, pela pole dance.

"Bling Ring: a Gangue de Hollywood". Título original: "The Bling Ring". Ano: 2013. Nacionalidade: EUA. Diretor: Sofia Coppola. Roteiro de: Sofia Coppola. Produzido por: Roman Coppola, Sofia Coppola, Darren M. Demetre e Emilio Diez Barroso. Estrelando: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson. Com: Claire Julien, Taissa Farmiga, Georgia Rock, Leslie Mann, Carlos Miranda e Gavin Rossdale. Música de: Daniel Lopatin, Brian Reitzell. Duração: 90 min. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 7/10.