terça-feira, 12 de março de 2013

Complexo de dar nó


O ano era 2077 quando a história começou... não, espera. Será que a forma certa de dizer isso não é “o ano será 2077 quando a história começar”? Viram onde começa o problema quando se tenta escrever uma história sobre viagem temporal? Nem a resenha é simples de se fazer. Maldito paradoxo temporal que dá um nó na minha mente!

Voltando: o início da série Continuum se passa em 2077 (melhor, não?) com a policial Kiera Cameron (Rachel Nichols) em uma Vancouver do futuro. O contexto político da época é bastante conturbado, fazendo com que a detetive tenha bastante trabalho. Isso porque o governo deste futuro é formado por líderes empresariais, isto é, sem representação formal apontada pela população. Isso faz com que surja um conflito, uma vez que o interesse de diversas empresas se sobrepõe ao bem social. O lucro ganha uma importância maior do que a dos dias atuais (e vamos combinar que já não é pouco). É quando um líder carismático e ligeiramente psicótico cria uma célula terrorista para atacar alvos governamentais/empresariais. Os terroristas se denominam Liber8, e à frente deles está o genial Edouard Kagame (Tony Amendola), liderando um grupo de ex-soldados e mercenários com diversas especialidades, quase todas que envolvem a morte de pessoas. Com este contexto político explicado, vamos aos fatos: após um atentado que leva à morte de milhares de civis,  toda a célula acaba sendo capturada e condenada à morte. Enquanto estão na câmara de execução, no entanto, os terroristas ativam um dispositivo que os envia ao passado, juntamente com a detetive Cameron que supervisionava a execução. É assim que o grupo chega ao ano de 2012.

A complexidade do paradoxo temporal dá a qualquer um uma dor de cabeça básica (Quer ver? pensemos por um momento que os terroristas matem a detetive Cameron em 2012 - nada acontece no futuro, uma vez que ela é o corpo do futuro que viajou no tempo. Em outras palavras, ela é a única versão de si mesma que existe, seja no passado ou futuro. Por outro lado, o que aconteceria se matassem a avó dela em 2012, antes de sua mãe ter nascido? Será que a Cameron que está em 2012 - a que viajou no tempo - desapareceria? Ou será que essa mudança temporal não faz nenhum diferença no universo que acompanhamos, criando um novo universo, este no qual Cameron não existe? Já está com dor de cabeça?).

Mas deixando de lado toda essa confusão, Kiera Cameron se vê em um passado do qual quase nada sabe e sem toda a tecnologia a que está acostumada. Tudo o que lhe restou foi o seu traje de tecnologia multi-funcional, que lhe dá certa vantagem em comparação com os policiais de nossos tempos. É por meio dessa tecnologia que conhecemos o jovem gênio Alec Sadler (Erik Knudsen), que seria aquele que, em um futuro não muito distante, inventaria as tecnologias usadas pela polícia e se tornaria uma das pessoas mais poderosas do país. Com Alec como aliado-hacker-apoio, entra em cena o detetive Carlos Fonnegra (Victor Webster) que aceita Kiera como sua parceira, uma vez que ela se apresenta como uma agente que é especialista neste grupo terrorista que começa a agir na cidade (e ele não tem ideia de onde, ou melhor, quando ela é).

Nesse meio tempo, Liber8 decide mudar o futuro para que não chegue ao ponto em que sua existência se fazia necessária. Com informações sobre o mercado de ações, eventos históricos e com um pequeno (nem tanto) uso da violência, ameaças e explosões, a célula começa a criar diversos tumultos, espalhando as sementes para uma revolução. Aí voltamos ao paradoxo: se eles mudarem o futuro para que a política não exija atentados terroristas, eles não serão terroristas, não viajarão no tempo e não estarão no passado para mudar o futuro. Dor de cabeça? Nem me fale.

O final da temporada, então, é espetacular, e embora não surpreenda muito, é ótimo de assistir a algo que você meio que suspeitava por ser paranóico. Continuum é uma série de ficção científica de ótima qualidade. Com tramas políticas, explosões, cenas de ação bem feitas, tecnologia futurista e muito mais, é inevitável se prender à história. Principalmente porque Kiera é a única que pode impedi-los uma vez q ajudou a prendê-los e sabe de onde(, aliás, de quando) eles são. No aguardo da segunda temporada, a estrear em abril de 2013 e que mantêm no meu futuro a promessa de comprimidos para a dor de cabeça.