quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Eu sou... um page turner!

Para aqueles que não conhecem o termo, page turner é uma expressão em inglês que significa literalmente um "virador de páginas" (não há tradução exata e literal no português), mas o que significa mesmo é que é um livro viciante. Todo mundo já leu um desses. São livros que não conseguimos largar até terminar, não importa que tenhamos que dormir menos, perder aquele filme super legal ou o almoço com a família. Entretanto, ser um page turner não é sinônimo de ser bom e nem ruim. Só significa que o autor soube convencer e prender o leitor. E cá entre nós, isso é um baita bom começo.
O livro Eu Sou o Número Quatro (I Am Number Four, em inglês) é um thriller de ficção científica que conta a história de como nove lorienos vieram parar na Terra, depois que Lorien foi invadido e destruído. O planeta Lorien era extremamente rico e pacífico, com uma diversidade natural extremamente abundante. Acreditavam que sua sabedoria e inteligência, junto com os poderes que alguns membros da população possuíam (poderes esses chamados de Legados) os manteria à salvo. Estavam errados. O resultado disso é a destruição completa do planeta pelos mogadorianos (o povo guerreiro e cruel do planeta Mogadore), que invadiram e quase exterminaram os lorienos em sua necessidade por sobrevivência, já que extraíram tudo o que podiam de sua própria terra e seu planeta natal está morrendo. Digo quase exterminaram os lorienos porque nove crianças conseguem fugir para a Terra com seus guardiães - as crianças são Gardes, que, em Lorien, eram as pessoas especiais na população capazes de desenvolver certos poderes; e seus guardiães são Cepans, pessoas comuns responsáveis por instruir e cuidar das crianças na Terra até que desenvolvam seus Legados e possam batalhar com os Mogadorianos. Em Lorien, os Cepans eram responsáveis por administrar o planeta enquanto os Gardes, por defendê-lo. Ao fugir do planeta, um Ancião lança um feitiço de proteção contra as crianças: elas ganham números e só podem ser mortas naquela ordem. Se alguém tentar fazer mal contra o número Seis enquanto o Quatro e Cinco estão vivos, o mal se volta contra o agressor. E esse é o resumo da história com que se inicia o livro.
A cena de ação inicial mostra a captura e morte do número Três. Ele tenta fugir, mas quase não tem chance. E é nesse ponto que nossa história começa com o número Quatro sentindo a marca que avisa que o Três está morto. Ele é o próximo. Quatro muda seu nome para John Smith (para quem não conhece muito a cultura norte-americana, John é o mais comum nome americano, assim como Smith é o mais comum sobrenome - em português seria como João Silva, mais comum impossível) e se muda com Henri, seu Cepan, para uma cidade chamada Paradise, no meio do nada de Ohio. Enquanto esperam os primeiros Legados de John surgirem, ele e Henri tentam chamar o minimo de atenção na cidadezinha de interior. Isso, é claro, até John se apaixonar pela adorável Sarah Hart e arranjar confusão com o ex-namorado da garota, o atleta metido chamado Mark James. Ao mesmo tempo em que seu interesse pela garota se prova mútuo, John acaba fazendo amizade com Sam Goode, um garoto obcecado por alienígenas. Tudo isso enquanto o perigo do Mogadorianos se aproxima cada vez mais.
À medida que a história se desenvolve, John e Henri percebem que é cada vez mais perigoso continuar na cidade, mas John insiste em ficar graças ao seu primeiro amigo (Sam) e sua grande paixão (Sarah). É inevitável que algo dê errado e, quando John finalmente é exposto como algo mais do que apenas um humano, a situação explode numa batalha final alucinante contra um exército de invasores alienígenas.
O livro se inicia de forma meio lenta, admito. Não achei que fosse gostar tanto, à princípio. Mas depois dos primeiros dois ou três capítulos (10 páginas, se tudo isso), eu já tinha mergulhado na história, alheio a todo o resto ao meu redor. Não vou dizer que o livro é perfeito. Não é. Há situações que me lembraram estranhamente a superficialidade que vi em muitos momentos da Saga Crepúsculo. Os autores, que escreveram sob o pseudônimo de Pittacus Lore, poderiam ter explorado de forma muito mais aprofundada a relação de pai e filho entre John e Henri. A Aparição de Seis foi boa e com bantante destaque, dando um choque de supresa. Ponto positivo. Mas as relações entre John e Sarah, John e Sam e John e Mark podiam ser bem mais profundas. mas isso é apenas um detalhe num livro mais do que muito bom. Vale a pena e muito. Se falar que, se você for como eu, vai viciar no livro para só largar ao final e isso, com gostinho de quero mais.