domingo, 30 de janeiro de 2011

O Rei, o gênio, o ladrão, o vingador, o lutador e a zebra

Toda entrega do OSCAR há aqueles filmes que são bons, os não tão bons, os que deviam estar lá, os que não deviam e os esquecidos. E é claro, a zebra.

Chegamos à reta final na entrega do prêmio mais importante do cinema mundial. O maravilhoso, enigmático e cretino, Academy Awards, mais comulmente conhecido como OSCAR.
Existente desde o período jurássico, o OSCAR é raramente conhecido pela sua escolha certeira de atores, atrizes e filmes, na importantíssima premiação.
Vejam casos como os do ano passado, quando um filme de baixíssimo orçamento e de péssimo resultado financeiro, desbarrancou o balado, o visualmente inspirador e o sucesso estarrecedor Avatar, de James Cameron.
Trata-se de Guerra ao Terror, algo semelhante a um filme semi-independente, dirigido por Katherine Bigelow, o filme menos rentável da história do OSCAR. E à parte da primeira vitória de uma mulher na categoria de melhor direção, o que é um marco, aquele foi conhecido como um dos maiores "tiros no pé" na história da Academia.
Sem desmerecer a presença do sexo feminino nessa categoria, mas o que aconteceu com Barbara Streisend e Sophia Copolla, cineastas muito mais competentes e com um cacife muito melhor do que de Bigelow, e que foram esnobadas nessa categoria?
E a lista vai longe. Outro caso ultrajante, foi a vitória de Quem Quer Ser um Milionário, um filme de uma distribuidora americana com um diretor e um roteirista ingleses e falado em inglês, mas filmado na Índia, que desbarrancou o inacreditavelmente bom, O Curioso Caso de Benjamin Button, do cineasta David Fincher, que aliás, concorre à sua segunda marmelada na categoria de melhor diretor.
Então vejamos os casos em que o prêmio foi realmente merecido. Onde os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Joel e Ethan Coen é um caso de um filme MUITO bom, que venceu o OSCAR de melhor filme. Merecido. O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, épico de Peter Jackson que venceu nada menos que 11 OSCAR. Merecido.
E é mais ou menos isso esta década. O que mais temos? Beleza Americana em 2000? O sexualmente perturbador filme de Sam Mendes tirou O Informante e O Sexto Sentido, filmes muito melhores e muito mais interessantes da jogada. Gladiador em 2001? Se era pra dar o OSCAR de melhor filme, acho que o de melhor diretor não devia ter ido para Steven Soderbergh, cujo Traffic é infinitamente melhor.
Qual mais? Uma Mente Brilhante realmente é muito bom, mas Chicago, Menina de Ouro de Clint Eastwood não são TÃO bons assim. Ainda que Eastwood seja um grande cineasta, sem dúvida. Nem entro em Os Infiltrados, uma das pataxoca mais absurdas da história da Academia. Se quisessem homenagear Martin Scorcese, que o fizessem quando ele realmente merecesse. Que tal Taxi Driver? A Época da Inocência? Touro Indomável? Os Bons Companheiros? Aviador? Bom, enfim.
Com as indicações deste ano, e as premiações do SAG Awards, a história mais ou menos se repete nesta nova década. O Discurso do Rei e Bravura Indômita dominaram as indicações com 1o e 12 respectivamente. Dou um doce pro ano em que os irmãos Coen não forem indicados a Melhor Filme do ano.
A Rede Social, 127 Horas, Cisne Negro, todos sucumbiram às indicações dos gigantes ingleses e americanos de faroeste.
Aliás, este é um ano muito interessante para a Academia. Pela primeira vez em muito tempo, as mais variadas e interessantes histórias foram escolhidas como as indicadas ao grande prêmio.
Este ano, temos uma história sobre um grande rei, um ladrão de sonhos, um vingador do oeste-americano, uma bailarina com distúrbios mentais, um lutador que se reergueu, um alpinista que ficou preso em uma montanha, um casal de lésbicas e as implicações da homossexualidade na vida dos filhos do casal, uma garota em busca da verdade, o destino de um grupo de brinquedos e a genialidade e antiética do criador de uma rede social.
Então, logicamente temos os favoritos, aqueles que estão lá pra encher linguiça, os esquecidos e os que serão esnobados.
O maior esquecido deste ano, provavelmente é A Origem. Christopher Nolan embarcou uma indicação de melhor filme e roteiro original, mas perdeu a de melhor diretor. Oi? Como é que é? Bom, a Academia odeia ficção científica, temos que nos acostumar com isso.
Ocorreu uma mudança de eixo, brutal, do Globo de Ouro para o SAG e consequentemente para o OSCAR. A Rede Social era o favorito, ganhou praticamente todos os filmes dos críticos, mas empacou no SAG e a maior parte dos votantes do OSCAR é composta por atores. Lógico que Bastardos Inglórios ganhou ano passado e perdeu para Guerra ao Terror, mas isso tudo se dirige a uma tremenda marmelada.
O consolo é que O Discurso do Rei, novo favorito e com 12 indicações, aparentemente é um ótimo filme. Pelo menos isso. Contudo, é inegável que a crítica e a inteligência de A Rede Social, deveria ser melhor congratulada.
David Fincher é um dos melhores diretores de Hollywood atualmente, mas por algum motivo, não consegue abraçar as graças da Academia, como outros grandes diretores, tais como os irmãos Coen, Steven Spielberg, Sam Mendes e Clint Eastwood. Mesmo não devendo nada à eles. Seus temas controversos como Clube da Luta e Se7en, são modernos e ousados demais para a Academia, mas seria realmente memorável a história do facebook vencendo o OSCAR de melhor filme.
Talvez por que seja o melhor filme do ano. Um drama americano mais interessante, original e inteligente que o remake western de Bravura Indômita.
Contudo, tudo pode acontecer. Um filme "inglês" ganhou ano passado. Indiano uma ova, mais tudo bem. Será que a Academia dará outro OSCAR para a Inglaterra? Bons tempos de Desejo e Reparação, que merecia vencer e perdeu tudo. É possível que A Rede Social realmente ganha, já que é difícil os irmãos Coen vencerem de novo. A Origem está fora da jogada. Toy Story 3 é uma obra prima, mas vai levar melhor animação.
Enfim, isso será respondido no dia 27 de fevereiro, na madrugada de Domingo para Segunda.
O Discurso do Rei leva? Ou A Rede Social desbanca? Minha aposta é para o rei. Minha torcida é para a biografia de Mark Zuckerberg. Se A Rede Social perder, é marmelada. Mas como já se sabe, dada a academia, não seria a primeira vez.



*As opiniões presentes neste comentário, são únicas e esclusivas de Roberto Fideli, autor do texto. Sintam-se à vontade para discordar e expor suas opiniões. Afinal, gosto é gosto.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Falsificador, Ladrão de Arte e Muito Mais...

O que fazer quando sua pena em uma penitenciária de segurança máxima está a apenas quatro meses de ser completamente cumprida? Não parece muito, não é? Talvez esperar... Mas e se você achar que há algo errado com o amor da sua vida e que você tem que ajudá-la, haja o que houver? Bom, neste caso, quatro meses pareceriam uma eternidade, certo? É exatamente o que Neal Caffrey acha e é por isso que ele foge da prisão no episódio inicial de White Collar: para tentar encontrar a sua amada, Kate, que ele acredita estar em apuros.

E é assim que se inicia uma das melhores séries de tragicomédia da atualidade. Por tragicomédio me refiro a uma série em teoria séria, mas povoada por piadas irônicas e dialogos mais do que afiados. Bom, Neal Caffrey é um golpista especializado em falsificações e roubos de vários tipos, especialmente arte, que foi perseguido durante três anos pelo agente do FBI Peter Burke até ser pego. Desde então, quase quatro anos se passaram, e agora Peter tem que voltar a caçar seu grande oponente. Não demora muito até o agente Burke e Caffrey tornarem a se encontrar e então surge a possibilidade de um acordo em que Neal ajudaria a divisão de Colarinho Branco do FBI (White Collar Division, no original em inglês) a prender criminosos como ele próprio em troca de sua liberdade.

A partir dessa trama não muito complexa, mas que já gerou frutos muito interessantes (como o ótimo Prenda-me Se For Capaz de Steven Spielberg, por exemplo), a história se desenvolve. Neal passa a trabalhar sob a supervisão de Peter e à medida que conhecemos mais a fundo os personagens, simplesmente adoramos a relação que se desenvolve entre esses dois: a desconfiança completa, mas vacilante de Peter, a ironia e o charme de Neal para com todos. É simplesmente divertido demais para não assistir. É algo que cativa, aliás Caffrey é o golpista mais cativantemente irritante que já vi, em filmes ou séries. Mas nem só deles dois gira a história. Há o ótimo Mozzie, melhor amigo de Neal e a fiel Elizabeth, esposa de Peter. E à medida que os episódios passam, vemos que Neal estava certíssimo em se preocupar com Kate. Ao que parece ela foi sequestrada por alguém que busca um dos objetos obtido por Neal de maneira ilegal, em outras palavras, quem quer que seja está atrás de algo que Neal roubou.

De certa forma, é compreensível a obsessão do golpista em achar Kate, mas quando os problemas surgem ele sempre pode contar com o ótimo Mozzie (o incrível Willie Garson), seu braço direito no mundo do crime; da mesma forma com que Peter pode sempre contar com Elizabeth (Tiffani Thiessen que também está ótima), sua mais do que compreensiva esposa. E claro que enquanto Peter vigia Neal de perto acaba nascendo entre eles uma amizade única.

Fica óbvio, não muito depois dos primeiros minutos que Matt Bomer, que interpreta Caffrey com grande talento, e Tim DeKay, que interpreta Peter Burke muito bem também, têm uma química ótima em cena, contracenando como velhos amigos e criando uma relação mais do que especial entre o criminoso e o homem que o prendeu.


Vale ressaltar também as (muitas) reviravoltas que ocorrem no decorrer dos 14 episódios, em que descobrimos que alguém do FBI é quem está por trás do sequestro de Kate e admito que cheguei mesmo a cogitar a possibilidade de Peter ser ou não essa pessoa. Apesar de no começo da temporada confiar plenamente que o cara era o bonzinho da história, os roteiristas conseguiram me surpreender de verdade nessa.

É uma série mais do que divertida, que estou recomendando a todos os meus amigos. Vale muito a pena pelos ótimos diálogos (que quase sempre envolvem um Mozzie apavorado com autoridades), descobertas referentes à Kate e reviravoltas, mas principalmente pelas relações fluídas entre os personagens que se conectam de forma incrivelmente divertida. Dá quase vontade de virar criminoso. Mas só quase.

Título original: "White Collar - First Season". Ano: 2009. Nacionalidade: EUA. Criado por: Jeff Eastin. Roteiro de: Jeff Eastin. Produzido por: Jeff Eastin, Jeff King, Margo Myers. Estrelando: Matt Bomer, Tim DeKay, Willie Garson, Tiffani Thiessen, Alexandra Daddario. Número de episódios: 14. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 9,0/10.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Algum tempo depois...




Domingo completarão 7 dias depois da entrega do Globo de Ouro. Veja quem ganhou e entenda por quê. (Somente filmes)

Melhor filme - Drama

Vencedor: A Rede Social

Indicados: Cisne Negro
O Discurso do Rei
A Origem
O Vencedor


Melhor filme - Comédia ou Musical

Vencedor: Minhas Mães e Meu Pai

Indicados: Alice no País das Maravilhas
Burlesque
Red - Aposentados e Perigosos
O Turista


Melhor ator - Filme/Drama

Vencedor: Colin Firth (O Discurso do Rei)

Indicados: Jesse Eisenberg (A Rede Social)
James Franco (127 Horas)
Ryan Gosling (Blue Valentine)
Mark Wahlberg (O Vencedor)


Melhor ator - Filme/Comédia ou Musical

Vencedor: Paul Giamatti (Minha Versão para o Amor)

Indicados: Johnny Depp (O Turista)
Johnny Depp (Alice no País das Maravilhas)
Jake Gyllenhaal (O Amor e Outras Drogas)
Kevin Spacey (Casino Jack)


Melhor atriz - Filme/Drama

Vencedora: Natalie Portman (Cisne Negro)

Indicadas: Halle Barry (Frankie & Alice)
Nicole Kidman (Reencontrando a Felicidade)
Jennifer Lawrence (Inverno da Alma)
Michelle Williams (Blue Valentine)


Melhor atriz - Filme/Comédia ou Musical

Vencedora: Annette Benning (Minhas Mães e Meu Pai)

Indicadas: Anne Hathaway (O Amor e Outras Drogas)
Angelina Jolie (O Turista)
Juliane Moore (Minhas Mães e Meu Pai)
Emma Stone (A Mentira)


Melhor ator coadjuvante - Filme

Vencedor: Christian Bale (O Vencedor)

Indicados: Michael Douglas (Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme)
Andrew Garfield (A Rede Social)
Jeremy Renner (Atração Perigosa)
Geoffrey Rush (O Discurso do Rei)


Melhor atriz coadjuvante - Filme

Vencedora: Melissa Leo (O Vencedor)

Indicadas: Amy Adams (O Vencedor)
Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei)
Mila Kunis (Cisne Negro)
Jacki Weaver (Reino Animal)


Melhor Diretor

Vencedor: David Fincher

Indicados: Darren Aronofsky (Cisne Negro)
Tom Hooper (O Discurso do Rei)
Christopher Nolan (A Origem)
David O. Russell (O Vencedor)


Melhor Roteiro

Vencedor: Aaron Sorkin (A Rede Social)

Indicados: Danny Boyle e Simon Beaufoy (127 Horas)
Christopher Nolan (A Origem)
Stuart Blumberg e Lisa Cholodenko (Minhas Mães e Meu Pai)
David Seidler (O Discurso do Rei)


Melhor Canção Original

Vencedora: "You Haven't Seen The Last Of Me" (Burlesque)

Indicadas: "Bound to You" (Burlesque)
"Coming Home" (Country Song)
"There's a Place for Us" (As Crônicas de Nárnia a Viagem do Peregrino da Alv.)
"I see the light" (Enrolados)


Melhor trilha sonora original

Vencedor: Trent Reznor e Aticuss Ross (A Rede Social)

Indicados: A.R. Rahman (127 Horas)
Denny Elffman (Alice no País das Maravilhas)
Hans Zimmer (A Origem)
Alexandre Desplat (O Discurso do Rei)


Melhor filme - Animação

Vencedor: Toy Story 3

Indicados: Meu Malvado Favorito
Como Treinar o seu Dragão
O Mágico
Enrolados


Melhor filme - Filme Estrangeiro

Vencedor: Em Um Mundo Melhor

Indicados: Biutiful
Io Sono I'amore
O Concerto
Kray

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Pensamentos e opiniões, passo a passo:

Melhor filme
- Deu o óbvio. Contudo, este ano, o óbvio era mesmo o melhor filme. É inegável que este é um dos anos mais concorridos da história recente do Globo de Ouro (e consequentemente do OSCAR) dos últimos anos, entretanto, A Rede Social, aclamada pelos críticos, foi quem levou quase tudo e é quem provavelmente vai levar o OSCAR de Melhor Filme pra casa. E merece. A crítica social de David Fincher é um clássico moderno que definiu uma década inteira.

Previsões
- Aguardem a entrada de 127 Horas, Bravura Indômita e Toy Story nos 10 indicados ao OSCAR de melhor filme. Difícil dizer quem serão os outros dois, mas minha aposta é que Minhas Mães e Meu Pai leve uma indicação. O último filme vai ficar na torcida do pessoal em casa. A minha é para Atração Perigosa, estrelada e dirigida por Ben Affleck.
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Melhor filme - Comédia ou Musical
- Deu o óbvio de novo. E ainda bem. De novo. A categoria mais fraca da premiação, contou com a participação de Tim Burton com seu custoso épico, Alice No País das Maravilhas e de O Turista, um equívoco cuja indicação beira o ridículo e desafia a lógica. Numa categoria dessas, Red seria marmelada e Amor e Outras Drogas ficou de fora, embora pudesse roubar a indicação de O Turista. Mas sabem como é. Até Deus se engana.

Previsões
- A única coisa ser prevista é que provavelmente o vencedor deste ano será indicado a Melhor Filme junto dos grandes. O resto pode jogar fora.
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Melhor ator - filme/drama
- E lá vamos nós para a terra do óbvio. Colin Firth venceu basicamente tudo que conseguiu até agora e sua vitória no Globo de Ouro foi a conclusão do inevitável. E não é a toa. Ano passado o fabuloso ator inglês perdeu para Jeff Bridges, mas tudo indica que esse será o ano dele. E veio tarde. Uma das categorias mais interessantes do ano. Seria bom ter visto um rosto jovem e diferente vencer, como Jesse Eisenberg ou o ótimo James Franco, mas outra decisão justa para as grandes bolotas douradas.

Previsões
- Bom, tudo indica que Colin Firth vencerá o OSCAR de melhor ator. A categoria deve ficar mais ou menos como está agora e não acredito que haverão grandes mudanças. A única coisa que pode acontecer seria Ryan Gosling perder um lugar para Jeff Bridges de Bravura Indômita, o que seria uma pena. Bridges já ganhou ano passado. Queremos gente nova este ano.
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Melhor ator - Comédia ou Musical
- Categoria incerta, com duas indicações para Johnny Depp, acabou com Paul Giamatti levando o prêmio pra casa. Melhor assim. Depp estrelou dois papéis ridículos em dois filmes capengas e equivocados. A bizarrise de Tim Burton e o equívoco de O Turista perderam para um grande ator que merecia reconhecimento. Sem desrespeito ao grande Depp. Mas este ano, com tantos outros bons atores, qualquer um menos ele seria melhor.

Previsões
- Não vejo qualquer um destes atores indicados roubando uma das cinco indicações ao OSCAR de melhor ator. Pena, mas as vagas são limitadas e não há mais espaço.
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Melhor atriz - filme/drama
- Natalie Portman confirmou o favoritismo (coisa comum nesta entrega de prêmios) e venceu seu segundo globo de ouro (o primeiro foi por Closer - Perto Demais). A diferença é que ela provavelmente vai ganhar o OSCAR no difícil papel do filme de Darren Aronofsky. Confesso que estava torcendo para Michelle Williams pela sua coragem no controverso Blue Valentine, mas não teve jeito. Halle Barry e Nicole Kidman foram duas surpresas.

Previsões
- É provável que, devido à alta concorrência das atrizes na categoria de comédia, Nicole Kidman e Halle Barry percam lugares nas indicações ao OSCAR, provavelmente para Annette Benning e quem sabe, Juliane Moore. Jennifer Lawrence de apenas 20 anos, é outro risco a perder um lugar entre as cinco melhores, mas com certeza não será para Angelina Jolie.
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Melhor atriz - Comédia ou Musical
- Juntamente de Melhor Filme e Melhor Ator, uma das categorias mais concorridas do ano. Annette Benning no fim saiu-se soberana sobre as demais. Juliane Moore era outra candidata forte ao prêmio. Confesso que torci por Emma Stone pelo divertido A Mentira, pela sua idade e personalidade. Também foi uma surpresa vê-la lá, mas o prêmio foi merecido. A indicação de Angelina Jolie foi (não me canso de dizer essa palavra) outro equívoco.

Previsões
- Annette Benning e Juliane Moore devem arrancar dois lugares nos cinco acentos do OSCAR de melhor atriz. Hathaway, Jolie e Emma Stone estão de fora. Não dá pra reclamar.
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Melhor ator coadjuvante
- Chrisitan Bale, mais conhecido por seus grandes filmes de ação, encarnou o melhor Batman de todos os tempos em Batman Begins e The Dark Knight. É um dos poucos atores que faz o que quiser com o corpo, com a voz e tudo o mais. E ele faz exatamente isso em O Vencedor. Roubou o filme e levou o Globo de Ouro logo em sua primeira indicação. Quem diria que o menino de Império do Sol viraria o astro que é hoje? O único que merecia tirar sua vitória era o fabuloso Andrew Garfield de A Rede Social. Geoffrey Rush, outro fabuloso ator era forte candidato. Michael Douglas foi mais homenageado do que qualquer coisa e a indicação de Jeremy Renner foi uma surpresa.

Previsões
- Difícil. Chrisitan Bale pode levar o OSCAR de melhor ator coadjuvante, mas vai saber se a Academia gosta tanto dele assim, ainda mais depois dos escândalos proporcionados pelo ator no set de filmagem de Exterminador do Futuro A Salvação. Tudo pode acontecer. Caso dê marmelada, minha torcida continua para Andrew Garfield que deve repetir a indicação. Geoffrey Rush pode surpreender. Se Michael Douglas e Jeremy Renner vão ficar, é difícil dizer. A minha aposta é que Renner não fica. Pra quem ele perde? Não sei.
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Melhor atriz coadjuvante
- Uma das duas atrizes de O Vencedor iriam ganhar. Ganhou Melissa Leo. O que faz sentido. Fortes indicações este ano, mas 2011 aparentemente será um ano de poucas surpresas e certamente no Globo de Ouro, foi. Merecida a vitória de Leo, embora Helena Bonham Carter esteja na fila há muito tempo e merecesse o prêmio também.

Previsões
- Imagino que as coisas vão ficar mais ou menos iguais no OSCAR. Melissa Leo provavelmente deve repetir a vitória. Resta saber se a atriz Mila Kunis da série That 70's Show, consegue -repetir a indicação de Melhor Atriz Coadjuvante. Ganhar ela não ganha.
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Melhor diretor
- Preciso dizer alguma coisa? Melhor acerto da história do Globo de Ouro.

Previsões
- O pior que pode acontecer é um dos indicados perder um lugar para os irmãos Coen. Nesse caso, Darren Aronofsky sempre foi moderno demais para a Academia e pode ser o caso disso acontecer. Não creio que Danny Boyle roube uma indicação por 127 Horas, mas quem sabe? Aí quem vai pro saco é David O. Russell.
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Melhor roteiro
- Aaron Sorkin é conhecido por seus diálogos complexos no estilo metralhadora, mas desta vez ele se superou. Um dos melhores e mais inteligentes roteiros da história do cinema recente, o que, em parte, culminou para críticas do público sobre a ausência de ação e etc. Mas o roteiro é magnífico, crítico e transformou (junto da genialidade de um grande cineasta e ótimas atuações) o filme num clássico moderno. Nada este ano chegou perto dele.

Previsões
- A previsão é que mais cinco juntem-se a eles no OSCAR, com as indicações de Melhor Roteiro Original e Adaptado. Neste caso, Sorkin deve ganhar seu primeiro OSCAR, e merecidamente. O de melhor roteiro original fica complicado. Christopher Nolan seria o candidato óbvio com A Origem, mas Minhas Mães e Meu Pai pode surpreender, pois ser mais a cara de Hollywood: filme pequeno, humano e sem grandes complexidades. Pena.
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Melhor canção original
- Depois de trocentas indicações ao OSCAR, Diane Warren venceu seu primeiro grande prêmio (e ela nem corre na Fórmula 1), por Burlesque. A música "You Haven't Seen the Last of Me" pode ter sido considerada a favorita deste ano, mas as indicações não ofereceram nada de destaque. No fim, ganhou a que provavelmente iria ganhar mesmo. Parabéns para Diane Warren, na fila há muito tempo.

Previsões
- Difícil alguma mudança catastrófica. Alan Menken deve ficar com sua milionésima indicação (sem contar é claro as OITO vitórias), por Enrolados. Nárnia deve ficar de fora (Não vejo Harry Gregson Williams recebendo sua primeira indicação). Contanto que seu lugar não seja tomado por A.R. Rahman, acho que vamos ficar bem. E tomara que a Academia não repita a palhaçada de 2009, quando indicou somente 3 canções.
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Melhor trilha sonora original
- Surpresa? A Rede Social contava com a participação do vocalista do Nine Inch Nails, Trent Reznor no comando. Certamente era a melhor trilha dentre as indicadas, sendo moderna, ousada e original, mas acredito que Hans Zimmer fosse o favorito por A Origem, outra trilha nos seus moldes característicos que, apesar de servir bem ao filme, não traz nada de mais. Desplat foi uma indicação óbvia e curiosamente A.R. Rahman fez um trabalho melhor em 127 Horas do que em Quem Quer Ser um Milionário, por quem ganhou 2 OSCAR. O que Danny Elffman estava fazendo lá, eu ainda não sei.

Previsões
- Se houver justiça neste mundo, Zimmer ficará com sua ducentésima indicação mas Trent Reznor e Aticuss Ross levarão o OSCAR pra casa, por A Rede Social. Isso deve se repetir, mas não é incomum a Academia cometer injustiças, especialmente nesta categoria. Qualquer um e eu repito, qualquer um, menos Danny Ellfman nas indicações, pelo amor de Deus. Já é mais do que na hora de John Powell ser indicado pela primeira vez, por Como Treinar o Seu Dragão e já que James Newton Howard será esnobado, embora O Último Mestre do Ar tenha sido a melhor trilha do ano, Alexandre Desplat pode ficar com seu lugar. No geral, trilhas muito boas, mas nada comparado a 2008, maior injustiça dio ano, quando Rahman venceu.
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Melhor filme estrangeiro
- Difícil dizer. A aposta talvez fosse Biutiful, mas quem levou foi o dinamarquês Por um Mundo Melhor. Aposta interessante. Resta saber se ele leva o OSCAR também. ]

Previsões
- As indicações devem ficar as mesmas. Quem vencerá é uma incógnita, já que a Academia sempre briza nessa categoria.
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Melhor filme de animação
- Toy Story 3 ganhou. Não me surpreende. O filme é uma obra prima e pode apostar que ele vai rondar os 10 indicados a Melhor Filme no OSCAR deste ano. É uma pena que a PIXAR novamente ganhe outro OSCAR, contudo o ótimo Como Treinar o Seu Dragão que seria o outro possível vencedor, apesar de ser uma jóia rara, não é tão bom quanto o seu rival da PIXAR.

Previsões
- Toy Story 3, Como Treinar o Seu Dragão e O Mágico serão os 3 indicados ao OSCAR deste ano. Já posso ver Woody e Buzz no alto do palco recebendo o prêmio.


Surpresa do evento:

Jim Parsons, o Sheldon de The Big Bang Theory levou seu primeiro Globo de Ouro, o que comprova este ano como um dos melhores anos do Globo de Ouro.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Do outro lado



Nova produção de Clint Eastwood fala sobre o mundo além da vida, mas esse tipo de filme enfrenta preconceitos e descrenças ao redor do mundo.




Clint Eastwood, ator e diretor estado-uniense entra em 2011 para completar seu 81º aniversário. Nascido em São Francisco na Califórnia em 31 de Maio de 1930, ele ficou conhecido por seus papéis nos filmes de faroeste dirigidos por Sérgio Leone, como "O Bom o Mal e o Feio" e "Por uns Dólares a Mais" e também por papéis fortes como os de Dirty Harry em "Magnum 44".


Sua carreira invejável, contudo, pode ser conhecida também por seu amplo papel como diretor. 4 vezes ganhador do OSCAR, duas por melhor diretor e duas por melhor filme, Eastwood é conhecido por dirigir grandes filmes como "Menina de Ouro", "Gran Torino" e "Os Imperdoáveis". Com raras exceções (Cowbóis do Espaço, por exemplo), os filmes do veterano diretor são conhecidos por sua temática pesada, repleto de elementos de violência, abuso infantil e etc. É uma das marcas registradas do diretor, finais nada felizes, como pode ser visto brutalmente em "Sobre Meninos e Lobos" e "Menina de Ouro".


Entretanto, recentemente ele abordou temas diferenciados, compondo uma trajetória interessante como cineasta. Seus filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, contaram ambos os lados da invasão que aconteceu no pacífico à uma ilha pertencente ao Império japonês.


Contudo, não foi até "Além da Vida" (Hereafter, EUA, 2010) que Eastwood mudou COMPLETAMENTE de estilo de filmagem, abordagem de tema e tudo o mais que o caracteriza como um dos principais cineastas contemporâneos.


O filme narra simultaneamente três narrativas paralelas. A de um vidente que se aposentou, interpretado por Matt Damon, a de uma jornalista francesa que sobreviveu à um tsunami, interpretada por Cécile De France e um garoto cujo irmão gêmeo morreu atropelado recentemente, ambos interpretados por Frankie e George McLaren.


Com roteiro nas mãos de Peter Morgan (conhecido pelo seu trabalho em "A Rainha" e "Frost/Nixon"), o filme acompanha a vida de pessoas que possuíam ou possúem um contato íntimo com a morte, que tiveram uma perda recente e que desde então tentam seguir com suas vidas.


Com um ótimo elenco multi-continental o filme conta também com a belíssima presença de Bryce Dallas Howard, que, querendo ou não, acaba tendo um contato com algo do passado que ela preferiria esquecer, através do personagem de Damon.


O roteiro é interessante ao fundir as três linhas narrativas sem pretenção, e construir uma série de detalhes que compõem os personagens de uma forma diferente. A fotografia utiliza ângulos próximos ao rosto dos atores e a escuridão em determinados momentos, o que curiosamente estabelece uma relação intimista entre o público e os personagens.


O ponto fraco infelizmente fica à cargo do próprio Clint Eastwood, mas desta vez atuando como compositor da trilha sonora. Como é costumeiro em seus filmes, Eastwood é quem compõe as músicas para seus filmes e nesse aspecto ele deixa à desejar. Seus temas necessitavam de músicas mais marcantes e que conduzissem melhor a trama e a emoção que fica nas mãos de sua direção brilhante e do ótimo trabalho de todos os atores envolvidos, especialmente os irmãos McLaren.


É curioso pensar que Eastwood, ao chegar numa idade avançada, deseje realizar um projeto que fale justamente sobre a mortalidade e o que há além dela. Infelizmente trabalhos assim caem na incompreensão, especialmente por parte do público norte-americano, composto majoritariamente por judeus e protestantes. Nada contra as religiões, obviamente e o filme tem o cuidado de não ser dogmático ou pretencioso à ponto de estabelecer um novo ponto de vista à respeito desse assunto, mas o tema de espiritismo raramente agrada às audiências de lá.


É o caso de produções amplamente fantásticas e que falam de espiritualidade, como O Último Mestre do Ar de M. Night Shymalan e até mesmo O Curioso Caso de Benjamin Button, do diretor David Fincher. É uma fantasia que escapa a compreensão do público e consequentemente, fracassando crítica e financeiramente.


É triste dizer que a terceira produção de Eastwood com Steven Spielberg (que foi fundamental para a composição da cena de abertura) não se pagou nos EUA. Contudo, é provável que faça mais sucesso em países latino-americanos, onde tal tema é abordado mais corriqueiramente.


E ele merece. É um filme simples e delicado, que rompe com o gênero do sobrenatural, não apresentando suspense ou horror, mas sim um drama com a sensibilidade que somente Eastwood pode trazer. E que trata de uma forma reconfortante e calorosa a pergunta que mais assusta o ser humano. O que há dentro de seu coração, e o que há do outro lado.







segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Há Males que Vêm para o Bem - Parte 1


E começa 2011... Para homenagear este ano que se inicia prometendo muita coisa boa, vou fazer uma resenha especial e de um tipo, até então, inédito aqui no blog: uma série. Como fã obsessivo por séries que sou, devo dizer que não foi fácil escolher uma série dentre as minhas (muitas) preferidas, mas depois de certa reflexão devo dizer que creio ter escolhido bem. É por isso que esta resenha diz respeito à 1ª temporada da aclamada série Dexter.
Baseado no primeiro volume da série escrita por Jeff Lindsay, a história de Dexter gira, obviamente, ao redor de Dexter Morgan, um analista especializado em espalhamento de sangue que trabalha para o Departamento de Polícia de Miami. Acontece que a história não se resume a policiais pegando bandidos, o enredo é bem mais complexo: Dexter é um serial killer que caça outros assassinos, os executa, desmembra e desova na corrente do Golfo. Se interessou? Pois é, e isso não é tudo. Órfão desde os três anos de idade, Dexter (o brilhantíssimo Michael C. Hall, em uma atuação inacreditável) foi criado na família do policial Harry Morgan - o ótimo James Remar - que o ensinou o famoso (para quem assiste ou leu os livros, pelo menos) "Código do Harry" que consiste justamente em satisfazer seus instintos homicidas com a morte de assassinos. E a trama se complica, a irmã adotiva dele - a boca-suja Debra Morgan, interpretada com maestria por Jennifer Carpenter, com direito a todos os palavrões conhecidos neste planeta e nos mais próximos - também é policial e sua única parente viva. Como se não bastasse tudo isso, Dexter ainda tenta se passar por uma pessoa normal se envolvendo em um relacionamento com a doce, mas traumatizada Rita (Julie Benz em ótima atuação), embora não sinta nenhuma emoção real, como todo bom psico/sociopata.
E aí, gostou do enredo central? E não é para menos... Com um elenco de primeira, um roteiro excepcional, trilha sonora incrível, pelo menos um grande vilão por temporada e até uma abertura muito, muito legal, essa série tem tudo pra ser ótima, certo? Mas ela é mais do que isso. É simplesmente hipnotizante. A sede de sangue dos telespectadores só é sanada com outro episódio, ainda melhor do que o anterior. Bem, depois desse discurso que provavelmente vai me valer uma consulta a um psicólogo, voltemos à história.
A real origem do chamado Passageiro Sombrio (Dark Passenger, em inglês) que nada mais é do que o desejo que Dexter desenvolveu desde criança de matar, foi no que aconteceu no dia em que ficou órfão: sua mãe biológica foi assassinada na sua frente com uma serra elétrica dentro de um container, que aliás, foi onde o garoto de três anos ficou durante três dias até ser encontrado pelo policial Harry Morgan. Devaneios à parte, presenciar tal cena não poderia fazer nenhum bem à psiquê de ninguém, muito menos de um ser humano tão impressionável. E foi assim que o Passageiro Sombrio de Dexter nasceu: banhado no sangue de sua mãe! E ele não foi o único. O grande vilão dessa 1ª temporada é nada menos que o Ice Truck Killer (ITK), A.K.A. Bryan, que mata prostitutas, retira totalmente seu sangue e as deixa embrulhadas para presente por toda Miami. Não vou estragar a surpresa final da temporada para quem quiser assistir, mas digo que vale a pena conferir. E muito!
Dexter não é uma série baseada em violência gratuita. Na realidade, tais cenas são minoria, embora marcantes e totalmente centrais para a história. Dexter é uma série sobre a sociedade atual, sobre os perigos do mundo onde vivemos, sobre a mente de criminosos, sobre como todas as pessoas ostentam máscaras no dia a dia, sobre como qualquer um pode ser qualquer coisa. Há males que vêm para o bem e Dexter, sem dúvidas, é um desses males: embora brutal, não poderia ser mais tocante.
Título original: "Dexter - First Season". Ano: 2006. Nacionalidade: EUA. Criado por: James Manos Jr. Roteiro de: James Manos Jr., Jeff Lindsay. Produzido por: John Goldwy. Estrelando: Michael C. Hall, Julie Benz, Jennifer Carpenter, Lauren Vélez, David Zayas, James Remar, C. S. Lee, Erik King, Geoff Pierson. Música tema: Main title - Dexter. Número de episódios: 12. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 10/10.
Segue o vídeo da abertura da série. Vale conferir a construção das cenas notando os tons de violência dado a coisas corriqueiras.