sexta-feira, 24 de setembro de 2010

É Pra Você!

Em Celular, Stephen King demonstra novamente toda a crueldade que sua mente sádica pode imaginar: é genialmente sangrento

Onde você estava no último 1º de outubro, por volta das 15 horas? E mais importante ainda: o que estava fazendo? Se sua resposta for “estava falando ao celular” e você for um dos personagens deste thriller do aclamado Stephen King, então, bem, você agora é um zumbi insano e assassino que ataca sem qualquer restrição.

O livro Celular (Cell, lançado nos EUA em 2006) conta a história do desenhista Clay Riddell, que está em Boston em viagem de negócios com o intuito de vender uma história em quadrinhos que escreveu. Acontece que depois de uma reunião bem sucedida, Clay acaba presenciando um bando de pessoas que se atacam pelas ruas, usando qualquer arma, incluindo os próprios dentes, para matar uns aos outros. Tudo o que têm em comum é que todos estavam usando celulares naquela sangrenta tarde de 1º de outubro. Fica claro que algo denominado Pulso foi transmitido para todos os celulares e, dessa forma, todos que os estavam utilizando acabaram infectados.

A surpresa de ver as pessoas se atacando na rua, o sangue e os acidentes, logo é substituída pela perplexidade e pelo medo quando um engravatado ataca a ele e ao homem ao seu lado, chamado Tom McCourt, com um cutelo ensanguentado. Felizmente ambos conseguem sobreviver ao ataque e uma ligação de amizade e companheirismo nasce entre eles, nesse novo mundo apocalíptico.

Logo, tanto Clay quanto Tom partem para o estado do Maine, acompanhados da adolescente Alice que surge para lhes fazer companhia, em busca da ex-mulher e do filho de Clay. À viagem pelos cenários catastróficos de acidentes e cadáveres ainda é mais leve do que outras obras de King. As imagens ao ar livre e de caminhadas pela noite tornam menos carregado o decorrer da história.

Há uma inversão de papéis notável, pois os normies – aqueles que não foram afetados pelo chamado Pulso – passam a viajar e migrar apenas durante a noite, quando os fonáticos – os insanos assassinos criados pelos telefones portáteis – estão dormindo em bandos ao som das mais bregas músicas populares. Ao que parece, os zumbis desenvolveram uma mente coletiva, uma espécie de relação telepática entre si e, por isso, passam a viver em bandos. Mas é claro que isso não os impede de matarem uns aos outros por bolinhos recheados.

Logo se unem a mais alguns sobreviventes, como o jovem Jordan, um gênio de computador de 12 anos que cria uma teoria completa sobre o Pulso, e continuam seguindo para o norte, dessa vez por pressão doas fonáticos. A partir de então surge a figura do Homem Esfrangalhado ou Reitor de Harvard, um zumbi que representa a mente coletiva do grupo e que passa a guia-los até uma área isolada para o que parece ser uma execução pública.

É inegável que Stephen King tem um talento majestoso no que diz respeito a criar ficção de terror, tanto que é conhecido mundialmente como o Mestre do Terror. E Celular não deixa de ser uma obra sua. Com um final característico de seus romances, a história faz com que o leitor fique preso à ela, desesperado para saber a conclusão, para saber onde toda a destruição e morte irão terminar. Só sugiro que não se comece a ler este livro de madrugada, ainda mais se sua casa faz barulhos misteriosos durante a noite, como a minha. Você nunca mais irá ver um telefone da mesma forma. Garanto apenas uma coisa: você nunca mais irá atender seu celular sem pensar duas vezes.



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