quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Identidade Salt



Novo filme de Angelina Jolie,
Salt, lembra um pouco demais os filmes da trilogia Bourne.


Com o advento dos filmes da trilogia Bourne no começo do século XXI, que alcançaram um novo patamar no gênero de ação no cinema norte-americano, muitos diretores recentemente têm tentado reproduzir os efeitos dos filmes de ritmo rápido e roteiro inteligente dirigidos pelo inglês Paul Greengrass (Vôo United 93, Zona Verde) e estrelados por Matt Damon.
Um deles foi o próprio Paul Greengrass, que, no começo de 2010 lançou nos cinemas brasileiros, Zona Verde, um drama de ação política que se passa durante a guerra do Iraque em 2003, onde ninguém menos que Matt Damon, tenta desvendar uma conspiração realizada pelo governo americano, ao não encontrar as armas de destruição em massa que foram a causa da guerra pelos EUA.
Embora seja o melhor filme de ação deste ano, com o roteiro do vencedor do OSCAR, Brian Helgeland (Los Angeles, Cidade Proibida), o filme que possui ritmo alucinante e roteiro extremamente inteligente, não foge às referências óbvias à franquia que o diretor Greengrass consolidou alguns anos antes.
O que isso tudo tem a ver com Salt? Estrelado por Angelina Jolie e dirigido por Phillip Noyce (O Colecionador de Ossos), Salt (Salt, EUA, 2010), não foge às mesmas características que o espectador já viu em Jason Bourne.
No filme, Evelyn Salt (Jolie) é uma agente da CIA que se encontra disfarçada como a vice-presidente de uma empresa petrolífera, até que ela e seu parceiro (o fabuloso Liev Scrheiber), são abordados por um desertor russo, Orlov, interpretado por Daniel Olbrychski, que afirma haver um espião russo infiltrado dentro da CIA e que ele irá assassinar, naquele mesmo dia, o presidente russo que está em visita aos EUA para o funeral do recém falecido vice-presidente americano. Afirma também, que o nome do espião é Evelyn Salt.
No momento seguinte, Salt escapa das instalações da CIA (passando por cima de alguns dos agentes que a perseguem) e foge em busca do marido, um aracnólogo alemão que ela acredita estar em perigo.
A sucessão de acontecimentos que ocorrem conforme o filme prossegue tornam-se cada vez mais implausíveis, como Salt pulando do topo de caminhões por uma via expressa, entre outras coisas. O filme então parte para um segmento que dá valor às reviravoltas, que depois da quarta, tornam-se tão implausíveis quanto o restante do filme.
O bom trabalho dos atores coadjuvantes não ajuda a esconder os maiores defeitos do filme. Jolie é magra demais para convencer na maior parte das acrobacias das cenas de ação, embora tenha afirmado recentemente que as realizou sem o uso de dublês. Algumas das mesmas cenas, são extremamente parecidas com as já vistas na trilogia Bourne, fazendo com que o público muitas vezes se sinta incrédulo com o que está acontecendo na tela.
A própria música do compositor americano James Newton Howard soaria bem em O Fugitivo (trabalho que lhe rendeu uma de suas 8 indicações ao OSCAR), com toques mais graves de elementos eletrônicos e de percussão, mas também não foge ao clichê de usar pesadas guitarras elétricas e tambores toda vez que Salt realiza uma de suas sequências mais "extraordinárias".
O roteiro de Kurt Wimmer (Código de Conduta, Os Reis da Rua) faz de tudo para que a verdadeira identidade de Salt seja negada ao espectador. Contudo, conforme as cenas de ação vão se desenrolando e as improbabilidades se acumulando, o espectador é levado à uma iminente continuação e permanece preso entre duas possibilidades sobre a verdadeira identidade da personagem Salt.
Uma delas é que Salt é quem diz que é (ainda lembrando Jason Bourne, só que voltada para o sexo feminino). A outra é a mais plausível de todas. Por que, apesar de todas as acrobacias, pirotecnias e reviravoltas, Salt é ninguém menos que Angelina Jolie.

"Salt". Título original: "Salt". Nacionalidade: EUA. Ano: 2010 Diretor: Phillip Noyce. Roteiro de: Kurt Wimmer. Produzido por: Lorenzo di Bonaventura e Sunil Perkash Estrelando: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor e Daniel Olbrychski. Música de: James Newton Howard Duração: 100 min. Resenha escrita por: Roberto F. F. Causo Nota: 6,5/10

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