quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Estrada para a perdição


The Red Star: a Estrela Vermelha une magia e ficção científica em um universo épico no qual é narrada a queda de um império.

The Red Star: A Estrela Vermelha é uma história em quadrinhos criada por Christian Gossett em 1999 e que foi publicada no Brasil em 2001 pela editora Image, ao preço de R$ 5,50 e dividia em duas partes, cada uma contendo dois capítulos do formato original.

Em um universo paralelo, a União Soviética é chamada de U.R.E.V. (União das Repúblicas da Estrela Vermelha) e possui a força armada mais temida do mundo. Imensas naves, cada uma com três quilômetros de comprimento e vinte mil tripulantes, são chamadas de Fornalhas Celestes. Nesse universo, fantasia e ficção científica se misturam. Ao mesmo tempo em que existem naves, tanques e outros tipos de armamentos, feiticeiras também são usadas como uma espécie de canhões, de dentro das Fornalhas Celestes.


Maya Antares era uma dessas feiticeiras. É através dela que são narrados os acontecimentos da grande batalha do portal de Kar Dathra, uma invasão que ocorreu nove anos na nação conhecida como Al'istão (também uma analogia à invasão realizada pela União Soviética ao Afeganistão em 1978). A invasão - na tentativa de derrotar um supremo sacerdote - falhou miseravelmente e resultou na morte de Marcus Antares, seu marido e de milhares de outros soldados, na maior derrota da história da nação.


É Marcus quem Maya visita, através de monotrilhos que percorrem campos e mais campos repletos de túmulos cobertos de neve. No trem, ela encontra um veterano soldado chamado Vanya, com quem ela conversa e conta a história da grande batalha que foi o estopim para a derrocada de sua nação, que ela tanto defendeu.


De imediato, A Estrela Vermelha chama a atenção pela sua qualidade técnica. O processo artístico do quadrinho é maravilhoso. Apesar de sua idade, as imagens são incrivelmente bem feitas e maravilhosas. Conforme a história progride, passando por quatro episódios, a qualidade gráfica vai se aperfeiçoando, criando imagens monumentais, memoráveis, cuja capacidade de penetrar na mente do leitor (e lá permanecer) chega a ser assustadora.


A fusão de fantasia e ficção científica é feita de uma maneira extremamente interessante, tornando esta obra a melhor história épica que conseguiu juntar os dois elementos desde Neon Genesis Evangelion (1995).


Os personagens, que vão desde Maya e Marcus Antares, até Vanya, o veterano soldado do Exército Vermelho, que lutou na 'Grande Guerra Patriótica', são igualmente interessantes e apresentam uma profundidade rara de se ver em produções desse tipo.


Entretanto, nem tudo são rosas nesta obra. A prosa narrada por Maya, muitas vezes interfere com o andar da narrativa, e conforme a história progride, mais e mais ela mergulha na fantasia e assim como Evangelion, as coisas começam a fazer cada vez menos sentido rumo ao final.

O que faz sentido. Afinal, no período de 1999 a 2010 foram publicadas outras três histórias em formato de brochura nos EUA. Os quatro volumes que totalizam a história que foi publicada até agora (A Batalha do portal de Kar Dathra - única publicada no Brasil, Nokgorka, Prision of Souls e Sword of Lies), podem ser adquiridos no site oficial do quadrinho, theredstar.com, ao preço de 100 dólares (ou vinte e cinco cada um), mas em inglês. Infelizmente em sites como Amazon e Ebay os preços tendem a aumentar até tornarem-se exorbitantes e as perspectivas dos episódios subsequentes da série serem publicadas no Brasil são praticamente nulas.


O que é uma pena. A Estrela Vermelha é uma das mais imaginativas e inovadoras obras de ficção científica que foram publicadas em quadrinhos nos últimos dez anos. Rumores de que haveria um filme começam a desaparecer, mas a série já rendeu jogos de RPG e também um jogo de videogame para Playstation 2.


Christian Gossett e uma equipe de espetaculares artistas, criou uma história diferente, magnificamente bem trabalhada, repleta de simbologias e folclores russos, além de personagens envolventes, que, apesar das óbvias analogias, possui capacidade de unir com naturalidade elementos de fantasia e ficção científica ao narrar a história de uma sociedade que, não muito diferentemente da nossa, caminha paulatinamente rumo ao precipício.

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