domingo, 21 de agosto de 2011

É Grande, Feio e Vem Vindo na Nossa Direção




Super 8 marca a primeira parceria do diretor J.J. Abrams e do produtor Steven Spielberg. Com um pouco de sorte, essa parceria se extenderá por muitos outros anos.



Crescer é um processo difícil na vida de qualquer criança. Os hormônios, as mudanças físicas, as garotas, a sensação de estar perdido em um universo muito maior do que você mesmo. Isso tudo se torna muito mais complicado com o desaparecimento da figura materna. Figura inexistente em Super 8 (Super 8, EUA, 2011), nova produção cinematográfica dirigida por J.J. Abrams e produzida pelo seu mentor, Steven Spielberg.


Joe Lamb (Joel Courtney) é um garoto de uns doze anos que acabou de perder sua mãe em um acidente numa indústria química da pequena cidade de Líllian. Quatro meses depois, o verão chega anunciando as férias e Joe prepara-se para ajudar seu melhor amigo Charles (Riley Griffiths) a terminar um filme de zumbis.


Durante uma das filmagens, Charles convida a jovem e bela Alice Dainard, (Elle Fanning, a muito melhor e mais bonita irmã de Dakota Fanning) que também não possui mãe, para filmar uma cena numa estação de trem. Entretanto o que parece ser apenas uma noite divertida entre amigos se torna numa das sequências mais espetaculares da história do cinema quando uma caminhonete entra nos trilhos e dá de frente no trem que está passando. Trem que, conforme grupo de amigos composto por 6 espetaculares atores mirins descobre, está carregando alguma coisa misteriosa.


Não é muito depois disso que estranhos eventos começam a acontecer na pequena cidade de Líllian. Motores, cabos de energia elétrica e pessoas estão desaparecendo, buracos estão surgindo dentro de garagens e o delegado Jackson Lamb (Kyle Chandler), pai de Joe, tenta resolver a situação enquanto a força aérea americana - detentora da carga do trem que descarrilhou - se nega a dar explicações.


Super 8 é o tipo de filme que lembra as antigas produções cinematográficas de ficção científica dos anos 70 e 80. Bons tempos em que Os Gunnies, E.T. O Extraterrestre, e por aí vai, enchiam as telas dos cinemas com um grupo extraordinário de crianças que se viam no meio de uma situação extraordinária.


Aqui não é diferente. O grupo de garotos composto por Joe (o corajoso), Charles (o mandão), Alice (a brava), Cary (o piromaníaco interpretado por Ryan Lee), Martin (o medroso que chora e vomita o tempo todo estrelado por Gabriel Basso) e Preston (o razoavelmente inteligente, interpretado por Zack Mills), vê seu mundo mergulhar no caos, e eles - somente eles - serão capazes de salvar o mundo da coisa grande e feia que está aterrorizando sua cidade.


Abrams mantém seu estilo de ritmo alucinante apresentado em Star Trek e Missão Impossível III, os outros dois filmes de sua direção. Entretanto, ele soube dozar as cenas de ação, com implacáveis sequências de suspense em que os efeitos sonoros dão a entender que existe alguma coisa muito enfurecida vindo na nossa direção.


Os efeitos visuais são espetaculares, ainda mais para um filme com um orçamento de 50 milhões de dólares (o que para um filme desse tamanho é pouco), cortezia da ausência de grandes estrelas - o que é bom - e a falta de necessidade de construção de grandes cenários, já que grande parte das cenas são filmadas ao ar livre.


A música de Michael Giacchino é a sua melhor composição desde UP Altas Aventuras, que lhe rendeu o OSCAR. Além de proporcionar impagáveis momentos de suspense e ação, também há nela uma beleza singular que carrega o espectador durante os momentos emocionalmente carregados da obra.


É verdade contudo, que o filme às vezes tende a desrespeitar as leis da física, construíndo sequências típicas do cinema hollywoodiano, sem se importar muito se a relidade concorda ou não. A narrativa também apresenta milhões de momentos de clichê, que, apesar de serem bem construídos, podem irritar um pouco os espectadores. O próprio estilo de direção de Abrams se assemelha tanto ao de seu ídolo, Spielberg, que não se sustenta como um estilo próprio. O filme poderia ser dirigido por qualquer um dos dois, que não daria para notar a diferença.


Mas apesar disso, todos os personagens são ótimos, fazendo com que você torça por cada um deles. Os momentos mais intensos de ação são recheados com o mesmo humor que permeia toda a obra, elevando o espírito do filme. E no final, tudo gira em torno de uma história de amor, e das dificuldades do crescimento, ainda mais com a ausência da figura materna, tão especial e impressindível na vida de qualquer um de nós.


Dessa forma, é inegável que essa parceria entre duas das mentes mais 'joviais' que já adentraram os portões do cinema americano, rendeu um dos melhores, mais divertidos e emocionantes filmes do ano. O tipo de obra que faz você se sentir feliz por ter ido ao cinema, sem se importar muito com discussões filosóficas e sigificados profundos da narrativa. E apesar de sua falta de respeito com as leis da física, dos clichês, ou mesmo do final que deixou muitos americanos desapontados, J.J. conseguiu aqui, o que muitos diretores almejam e nem sempre conseguem: deu aos seus personagens...vida.

Um comentário:

  1. Bom, não tenho muito o que comentar o elogiar sobre o filme porque... Você já disse tudo! O filme é tudo o que foi descrito e mais, só assistindo para ver que delícia de filme é esse, e apesar de não ser um blockbuster que renderá milhões e milhões em suas vendas, é um filme legal de se ter e de se divertir, se emocionar e se espantar com a história muito bem construída pelo J.J. (como se eu fosse íntimo dele...)

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