domingo, 1 de maio de 2011

Nem tudo são rosas no paraíso



Rio pode ser muito bonito, rico, colorido e divertido. Mas o filme do diretor Carlos Saldanha pega pontos muito importantes da realidade brasileira.

Já foi ressaltado na resenha da revista Veja, escrita por Isabella Boscov, que Rio (Rio, BRA/EUA, 2011) é um sopro de originalidade em um ano onde os estúdios de animação apostaram nas sequências - vide Carros e Kung Fu Panda 2. Embora isso seja absolutamente correto, não é necessariamente o que faz o filme do diretor brasileiro Carlos Saldanha, tão importante e tão diferente.

Blu (Jesse Einsenberg) é uma rara arara azul, que foi roubado de seu habitat natural, o Rio de Janeiro, e levado para uma cidadezinha fria e distante no interior de Minessota, Estados Unidos. Lá ele é encontrado por Linda, na época apenas uma menina, que o adota mais do que como bicho de estimação, mas como companheiro e parceiro. Uma substituição da sociedade que ela tanto procura evitar dentro de sua pequena livraria.

Sendo um de apenas dois exemplares da espécie que está à beira da extinção, Blu e Linda são contactados por Tulio (Rodrigo Santoro), um ambientalista meio atrapalhado que leva ambos para o Rio de Janeiro - que, aliás, é uma cidade MUITO parecida com aquela coisa em Minessota - para acasalar com a bela e furiosa Jewel (Anne Hathaway), onde, obviamente, dá tudo errado.
Ambas as araras são capturadas por um grupo de traficantes de animais que operam nas favelas da cidade e se utilizam de exploração infantil, e dos trabalhos de uma cacatua psicótica chamada Nigel, onde o filme ganha seus ares mais sombrios.

Aliás o que não faltam neste filme são pontadas dolorosas ao descaso governamental brasileiro, que vão desde o tráfico de animais, à exploração do trabalho infantil, entre outras coisas. Onde Saldanha mascara tudo isso para que a obra não fique sombria demais, é no humor, que aliás, é de chorar de rir.

Tudo, aliás, em Rio, é de chorar de rir. A começar pelo elenco de vozes norte-americano que conta com Jamie Foxx, o vocalista do Black Eye Peas, Will I Am, Anne Hathaway, Rodrigo Santoro, Jesse Eisenberg, entre outros, que tiraram de letra - e de forma impressioanante - o ritmo rápido da comédia Saldaniana. Não há um personagem sequer que não seja interessante, coisa que só se vê em obras do diretor japonês Hayao Miyasaki.

O visual espetacular e a música de John Powell são outros fatores que contribuem para a diversão do filme. E como já foi mensionado anteriormente, apesar da obra se tratar de uma declaração de amor ao Rio de Janeiro, o que não faltam são críticas que passam despercebidas aos olhos desatentos, tanto dos americanos quanto dos brasileiros.

A qualidade de uma obra crítica como essa, é rara na maioria das produções de animação, que tendem ao lado mais poético da narrativa - vide os filmes da Pixar, que de vez em quando dão pontadas ao descaso social, como Wall-E. Dessa forma, Rio torna-se uma obra muito mais completa, divertida e interessante do que seu predecessor, A Era do Gelo. E mais do que isso: torna-se um dos melhores filmes do ano.

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