sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tiroteiros e um Vaso Chinês, de Luc Besson


Li em algum lugar que Luc Besson é o mais hollywoodiano dos cineastas franceses, e como tal, não decepciona. Dupla Implacável (From Paris With Love, FRA, 2010) é dirigido por Pierre Morel e como os outros filmes do gênero é cheio de tiroteios, perseguições e uma velocidade nos cortes de cena e nas cenas que eleva a adrenalina de qualquer um. E os pontos positivos quase que acabam aí.
A história começa com James Reece - o nada mau Jonathan Rhys Meyers - o assistente pessoal do embaixador dos EUA na Franca, que sonha se tornar um agente secreto um dia. Para conseguir chegar lá, faz alguns trabalhos sem importância (como trocar a placa de um carro que será usado em missão) para agentes de verdade sob ordens de uma voz ao telefone, voz essa que lhe manda pegar um agente que ficou preso na alfândega, e é neste momento que conhecemos Charlie Wax - John Travolta que assume bem o papel - o melhor agente, e ao mesmo tempo mais imoral e alheio às regras, que o governo do Tio Sam pôde produzir.
A trilha sonora com músicas francesas é boa, mas não leva o espectador à Paris. Parece simplesmente música francesa em um filme que se passa em L.A. ou Nova Iorque. Se essa era a idéia, acertou em cheio. Travolta agrada inicialmente por sua conduta sou rebelde, mas depois de um tempo fica enjoativo. Meyers, apesar de ser, teoricamente, um dos protagonistas, não se destaca até o final (literalmente as últimas cenas).
O roteiro não é nada mal. Tiroteios à vontade, com direitos a explosões e pancadaria. A primeira parada da dupla é em um restaurante chinês que serve de fachada para tráfico de cocaína. Nesse restaurante, Wax inicia um tiroteio e acaba derrubando todos os empregados chineses que portam sub-metralhadoras sem qualquer dificuldade, como se fossem pinos de boliche. Fácil e rápido. Em compensação uma das melhores cenas do filme é quando Wax atira no forro do restaurante e a cocaína armazenada simplesmente começa a cair em várias cachoeiras de pó branco, que Reece "coleta" como evidência em um vaso chinês que servia de decoração e ficou milagrosamente intacto depois da chuva de balas que furou cada parede do restaurante.
De traficantes de cocaína chineses para terroristas árabes não há ligação, certo? Errado! Luc Besson cria essa incrível ligação, apenas se esquece de mostrar no filme. Ao que parece, os terroristas eram o alvo de Wax e Reece desde o começo, então os traficantes chineses não passaram de diversão? Eles foram usados? Não se sabe. O que é mostrado é que Wax queria a cocaína coletada no vaso chinês para jogá-la no chão de um prédio no subúrbio para espantar os traficantezinhos do local e conseguir chegar até os terroristas. Dizer o que disso? Wax é bom, muito bom.
Agora que marcamos os terroristas como os verdadeiros vilões da história, descobrimos que pretendem explodir uma comissão americana que vem ao país para uma reunião de cúpula. Aqui há mais algumas perseguições, armas de grande porte, incluindo uma bazooka que Wax achou no carro de um dos agentes da embaixada, e o mais importante: há uma grande reviravolta, que na verdade já era meio esperada.
Dupla Implacável não é o melhor filme de Luc Besson, nem de Pierre Morel e nem de John Travolta. Não é um filme que adicione algo diferenciado a quem quer que seja. É o tipo de filme que diverte e apenas isso. Serve para passar o tempo em uma tarde de tédio, principalmente para os apreciadores de vasos chineses.
"Dupla Implacável". Título original: "From Paris With Love". Ano: 2010. Nacionalidade: França. Diretor: Pierre Morel. Roteiro de: Luc Besson, Adi Hasak. Produzido por: Luc Besson, India Osborne. Estrelando: John Travolta, Jonathan Rhys-Meyers, Kasia Smutniak, Richard Durden, Amber Rose Revah, Yin Bing, Eric Gordon. Música de: David Buckley. Duração: 92 min. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 7,0/10.

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